quinta-feira, 21 de julho de 2011

Roteiro parecido com 2004 causa desconforto

Julia Duailibi - O Estado de S.Paulo
Em 2004, o então candidato derrotado à Presidência, José Serra, era visto como o nome do PSDB para disputar a Prefeitura. O tucano, no entanto, resistia entrar na corrida. Geraldo Alckmin, no segundo mandato como governador, lançou pelos bastidores a ideia de prévias para a escolha do candidato. Quatro tucanos colocaram-se na corrida, mas apenas um era "patrocinado" pelo governador: Saulo Abreu, secretário de Segurança Pública.
Com o prazo correndo, a pressão sobre Serra aumentou, principalmente da ala tradicional do tucanato que não via com bons olhos a candidatura de Saulo: além de neófito no partido, sua gestão na secretaria era extremamente polêmica para as alas do PSDB que se consideravam mais à esquerda.
Serra não resistiu à pressão e resolveu entrar na disputa. As prévias, como se sabe, acabaram nunca saindo do papel.
Agora, um roteiro parecido começa a incomodar os tucanos. O candidato tido como natural na eleição de 2012 ainda é Serra, mas, assim como em 2004, ele resiste à indicação.
Alckmin retirou do bolso a mesma fórmula engavetada naquele ano e voltou a falar sobre prévias, instituto pouco familiar dos tucanos, testado numa única eleição municipal, no Acre, em 2008. Como no script de 2004, quatro candidatos estão dispostos a colocar o nome na disputa interna.
O roteiro parecido, no entanto, pode levar a crer que em 2012 a história se repetirá. Mas há diferenças. Agora, dois "duelistas" têm padrinhos: os secretários Andrea Matarazzo (Cultura), apoiado por Serra, e Bruno Covas (Meio Ambiente), incentivado pelo governador. Além dos dois, o deputado Ricardo Tripoli e o secretário José Aníbal (Energia) já disseram ter interesse na corrida pela vaga.
A entrada de Matarazzo na disputa indica que Serra não deve ser o candidato. Em 2004, a conjuntura era outra. Ele não havia sido prefeito nem governador. Dois anos depois, pulou da Prefeitura para o Palácio dos Bandeirantes sem desgaste eleitoral relevante. Agora, em caso de vitória, não poderia mais repetir a fórmula e ficaria preso na Prefeitura, obstruindo seu caminho para o Planalto.
Pela tradição tucana, o candidato emergirá de acordo de cavalheiros entre grupos de Serra e Alckmin. Pode até haver prévias, mas é provável que sirvam para chancelar o acordo.

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