sexta-feira, 29 de julho de 2011

Despreparo causou acidente aéreo que matou presidente da Polônia

GARETH JONES - REUTERS
A tripulação do avião que levava o presidente da Polônia que caiu no ano passado na Rússia, matando todos os 96 ocupantes, estava mal preparada e ignorou regras de segurança cruciais, apontou na sexta-feira um relatório de 328 páginas do governo polonês sobre o desastre.
A divulgação do documento levou à renúncia do ministro de Defesa da Polônia, Bogdan Klich, segundo informação do primeiro-ministro, Donald Tusk.
"Ele ofereceu sua renúncia ontem (quinta-feira) e eu aceitei hoje", disse Tusk, em entrevista coletiva. Ele nomeou Tomasz Siemoniak, vice-ministro do Interior, para ocupar o comando do Ministério da Defesa.
O presidente Lech Kaczynski, a primeira-dama, Maria, os comandantes das Forças Armadas e outras autoridades de primeiro escalão morreram no acidente, em 10 de abril de 2010, quando o avião se preparava para pousar sob forte neblina na cidade russa de Smolensk.
O relatório sobre o acidente pode complicar a tentativa de reeleição do primeiro-ministro na eleição de outubro, ao indicar uma longa lista de erros e negligências dos tripulantes e do pessoal russo em terra.
"Houve sérias deficiências na organização da unidade (da Força Aérea responsável por organizar voos com autoridades)", disse um membro do comitê de investigação, Maciej Lasek, em entrevista coletiva.
"A fim de que a unidade realizasse suas tarefas, foram deliberadamente tomadas decisões para desrespeitar ou violar procedimentos, para conduzir treinamentos que não estavam de acordo com os regulamentos (...). Pilotos recém-saídos das escolas de pilotagem foram aceitos, e nenhum treino de voo foi realizado."
Lasek, que é piloto, disse que os profissionais mais experientes haviam deixado o cargo para ganhar mais na aviação comercial. "Dos tripulantes, só um técnico tinha as credenciais adequadas para o voo. Os outros não tinham aprovação para esse voo."
O inquérito, feito por 34 especialistas durante 15 meses, disse que os tripulantes não prepararam adequadamente alguns equipamentos a bordo do avião, um Tupolev-154, o que os impediu de avaliar corretamente os riscos da situação.
O relatório apontou ainda que equipamentos com falhas no aeroporto de Smolensk e a comunicação fraca por equipes russas em terra também contribuíram para o acidente.
Em seu próprio relatório sobre o desastre, publicado em janeiro, a Rússia colocou toda a culpa do acidente na tripulação polonesa, irritando a Polônia que afirmava que as condições no aeroporto também haviam contribuído.
O irmão gêmeo do presidente Kaczynski, Jaroslaw, que comanda o principal partido de oposição da Polônia, chegou a acusar o governo centrista do premiê Tusk de ser conivente com Moscou em cobrir a verdade sobre o acidente. Tusk nega fortemente as acusações.

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