Um site informativo, levando e trazendo 'verdades' de modo generalizado
sexta-feira, 23 de novembro de 2012
Para promotor, Macarrão é 'facínora' e Fernanda sabia do sequestro de Eliza
Henry Wagner Vasconcelos pediu a
condenação do ex-braço direito de Bruno, Luiz Henrique Ferreira Romão, o
Macarrão, e da ex-namorada do goleiro Fernanda Gomes de Castro
O promotor Henry Wagner Vasconcelos e a juíza Marixa Fabiane Lopes no quinto dia do julgamento do caso Eliza Samudio
Antes de iniciar seus argumentos, Vasconcelos agradeceu
aos advogados "de bem" que fazem parte do processo e não reservou
elogios aos trabalhos da juíza Marixa Fabiane Lopes. Para o promotor, a
magistrada tem "ombros que suportam o peso do mundo", disse citando o
poema 'Os Ombros Suportam o Mundo' de Carlos Drummond de Andrade.
Mantendo contato visual com os sete jurados, o
responsável pela acusação utilizou a quebra de sigilo telefônico dos
réus para traçar e contar "o que realmente aconteceu com Eliza Samudio".
Para o promotor, o papel de Macarrão foi fundamental na morte da
ex-modelo. "Peço a condenação de Macarrão pela atuação co-articuladora
no homicídio. Eliza não teria sido morta nem sequestrada se não fossem
os poderes dos bastidores exercidos por esse facínora. Ela não tinha
qualquer chance de resistência ou chance de defesa."
Um dos pontos apresentados pelo promotor é a contradição
do interrogatório de Macarrão e Fernanda. Ela não teria recebido a
chamada para ir à casa do goleiro. Os documentos mostram que Fernanda
ligou para Jorge, talvez procurando Macarrão. "Fernanda já sabia que
Eliza seria sequestrada. Ela teve iniciativa de fazer o contato
telefônico de se implicar nos fatos”. Ainda segundo o promotor, Fernanda
fez várias ligações para o 'Fettuccine' [tipo de macarrão], disse
ironizando o apelido de Macarrão. "Ela foi envolvida por ambos (Macarrão
e Bruno), mas também se jogou aos fatos."
Luiz Henrique Romão, o Macarrão, em sessão do quinto dia de julgamento do Caso Bruno
Durante o interrogatório dos réus, ambos explicaram que
Eliza não estava encarcerada ou sequestrada, mas sim que havia pedido
para viajar com eles. Sobre isso, o promotor foi enfático, aumentou o
tom de voz e disse: "Senhores, ainda que ela tivesse as janelas e portas
escancaradas na sua frente, uma mãe não deixaria seu filho nas mãos de
uma estranha e rival amorosa”. Fernanda responde por sequestro e cárcere
de Eliza e Bruninho, bebê de quatro meses. “Ela [Fernanda] é uma mulher
que, coberta de imagens de santos, tenta mascarar sua índole. Não
consigo entender como consegue verter tantas lágrimas hipócritas.”
A ausência de um corpo não deve ser um problema para a
condenação dos acusados, disse o representante em plenário. "Apesar de
termos um homicídio sem corpo, temos provas. A ausência de corpo ajuda a
comprovar o quarto crime [de ocultação de cadáver]. Hoje essa conta tem
que começar a ser paga a sociedade." O sequestro
A história de Eliza com o goleiro Bruno começou dia 21 de
maio de 2009. Cintando o escritor colombiano Gabriel García Marquez, o
promotor disse que "ali foi iniciada uma crônica da morte anunciada".
Eliza saberia que iria morrer. No dia 4 de junho, dia do suposto
sequestro, segundo a versão da promotoria, a modelo ligava
insistentemente a Macarrão buscando por Bruno. "Ela estava sendo
enrolada pelo goleiro. E, por isso, buscava por Macarrão para conseguir
levar o jogador para um laboratório e reconhecer seu filho". O encontro
teria ocorrido às 21h10 no hotel Transamérica, de acordo com a posição
captada pela antena de telefonia móvel.
O depoimento de Jorge, primo de Bruno, foi citado
inúmeras vezes durante os argumentos do promotor. Ouvido seis vezes
pelas autoridades, o então menor de 17 anos teria "entregado que o plano
estava formado desde o começo" e "eles queriam dar um susto em Eliza". A
versão de Macarrão sobre uma suposta briga entre Jorge e Eliza, que
teria levado uma cotovelada no rosto, foi fortemente combatida pelo MP.
"Eles tinham um código. Quando Macarrão falasse: 'Esse Bruno é um
babaca', o menor renderia Eliza. Ela tentou pular do carro em movimento,
chegou a abrir a porta, disse ele. Daí deu três coronhas em sua
cabeça."
Fernanda, chamada de "aquela dissimulada" por
Vasconcelos, disse em interrogatório que Eliza não tinha lesão aparente.
"O cabelo feminino naturalmente esconderia tal ferimento". O promotor
ainda afirmou que o carro apreendido, da marca Land Rover, que tinha
marcas de sangue, teria sido encontrado graças "à mão e providência de
Deus". Ataques
Novamente, Vasconcelos direcionou fortes críticas ao
advogado Ércio Quaresma. Não chegou a mencionar seu nome em plenário,
mas relatou casos famosos, como a entrevista no programa da Ana Maria
Braga dada por Fernanda e envolvimento com o crack, que envolvem o atual
defensor de Bola, acusado de ser o executor da modelo. "O sonho dourado
dele [Quaresma] era defender o Bruno no processo, mas o crack não
deixou. Todos mentiram, orientados por esse advogado que envergonha a
advocacia”.
Ao terminar, os vinte minutos restantes da promotoria
foram franqueados aos assistentes de acusação José Arteiro, advogado de
Sônia de Moura, Maria Lúcia Gonçalves, que representa Bruno Samudio, e
Cidnei Karpinski, defensor do pai de Eliza, Luiz Carlos Samudio.
"Defensor das mulheres brasileiras", Arteiro disse que a promotoria
havia dado uma aula de direito aos presentes no salão do júri. "Não
adianta falar que Eliza era isso ou aquilo [sobre trabalhos
pornográficos]. O doutor Bruno, o chamo assim porque era famoso e
bonito, não pode aplicar a lei. A criança perdeu tudo o que não pode ser
suprimido pela dona Sônia, sua avó."
O assistente disse ainda que, mesmo recém-nascido à época
dos fatos, Bruninho sofreu traumas. "Ele vai bem, mas não pode ver moto
que fica louco [em referência à moto roxa que Macarrão e Jorge seguiram
até Vespasiano, onde Eliza teria sido morta]. Ele [Bruninho] sabe quem
bateu nele pela regressão psicológica." Já Maria Lúcia informou aos
jurados, aos gritos e com uma foto em mãos de Eliza com o bebê, que eles
são responsáveis pelo "futuro dessa criança”. E ainda pediu a
condenação máxima dos acusados. Ao final, com três minutos restantes,
Karpinski leu uma mensagem que a modelo teria enviado pelo MSN para uma
amiga: “Terra do Bruno vou só com passagem de ida. Vão me matar lá.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário