terça-feira, 27 de novembro de 2012

RJ: protestos por royalties seguem discurso alarmista de Cabral

Governador do Rio critica projeto e fala que Estado enfrentará problemas

Governador do Rio critica projeto e fala que Estado enfrentará problemas
Foto: Mauro Pimentel/Terra
Juliana Prado e Paula Bianchi
Direto de Rio de Janeiro
O ato público realizado na tarde desta segunda-feira na região central do Rio em protesto contra as novas regras de distribuição dos royalties do petróleo foi embalado pelo mesmo tom do discurso adotado pelo governador Sérgio Cabral (PMDB) nos últimos meses. A ideia dos representantes dos Estados produtores é esticar a corda e, em forma de ultimato, subir o tom alarmista. Não foi à toa que, durante as três horas de concentração para a passeata do movimento apelidado de "Veta, Dilma", foi alardeada a ameaça real de uma espécie de "bancarrota" do Estado.A todo o momento se anunciava que, perdendo recursos dos royalties, o Estado do Rio teria uma redução significativa nos investimentos e obras a partir de 2013. Projetos do Estado, como as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), e, principalmente, as obras para a Copa de 2014 e os Jogos de 2016 estariam seriamente comprometidos. Foi nesse momento que o Estado, aliado principalmente a São Paulo e Espírito Santo, que enviaram seus emissários ao Rio, mandou seu recado ao governo da presidente Dilma Rousseff. A despeito do conhecimento geral de governadores, deputados e prefeitos de que a presidente Dilma não gosta de ser pressionada ou coagida, a intenção é mesmo não ceder e elevar o tom do discurso. Até obras já concluídas, como o Parque de Madureira, feito pela prefeitura do Rio de Janeiro, foram colocadas no rol daquelas ameaçadas no caso de o Estado perder receita sobre a exploração do petróleo. "Sabem o nosso Parque de Madureira? Pois é. Ele também está ameaçado se a presidente não vetar o projeto", podia ser ouvido nos carros de som. Outra ameaça "real", segundo disseram os organizadores do ato, seria aos avanços nos projetos de segurança pública realizados nos últimos meses. "Vocês já imaginaram se o Rio de Janeiro volta a ter aqueles casos de violência como antigamente?", questionava o locutor do alto do trio elétrico. Segundo o próprio Cabral vem argumentando, com a perda de receita, vários projetos dos Estados produtores estariam ameaçados. O senador Lindbergh Farias (PT), presente ao ato público, não considera a postura tomada pelo Rio de Janeiro como intransigente. O petista defende que o Estado só está cobrando o que já foi acordado. A saída mais "equilibrada", segundo o parlamentar, é o veto parcial, não se mexendo no que já foi garantido até agora aos Estados produtores por contratos firmados. Palco estrelado
Como já aconteceu nas outras duas edições anteriores, a mobilização em defesa dos recursos integrais dos royalties do petróleo para o Rio de Janeiro reuniu artistas e simpatizantes da causa. Nesta segunda-feira, a atriz Fernanda Montenegro, 83 anos, participou não só do palanque do evento montado na Cinelândia como da tumultuada passeata que percorreu toda a avenida Rio Branco, região central da cidade. Ela se posicionou ao lado do governador Sérgio Cabral (PMDB) e do prefeito Eduardo Paes (PMDB) durante a caminhada e depois esteve no palco do ato público.
O mesmo palanque que recebeu dezenas de prefeitos, deputados, senadores e governadores, também recebeu artistas de renome nacional empenhados na mesma causa que os políticos. Além de Fernanda Montenegro, as cantoras Fernanda Abreu e Alcione, além da apresentadora Maria Paula, prestigiavam o evento para tentar contribuir com o prestígio público de que dispõem. Além das presenças ilustres ao lado dos políticos, o "Veta, Dilma", apesar de esvaziado já no início da noite, ainda previa uma série de shows musicais, com artistas como Naldo e Belo.

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