terça-feira, 20 de novembro de 2012

No 2º dia de julgamento, curiosos se dividem sobre condenação de Bruno


Público observava movimentação na porta do Fórum na manhã desta terça.
‘Ele não devia estar preso, ele não apresenta perigo para ninguém’, diz jovem.

Pedro Triginelli Do G1 MG
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Para Elton da Costa, Bruno vai ser condenado
(Foto: Pedro Triginelli / G1)
Para Elton da Costa, Bruno vai ser condenado (Foto: Pedro Triginelli / G1) No segundo dia de julgamento, curiosos observavam a movimentação ao entorno do Fórum de Contagem, na Grande Belo Horizonte, no início da manhã desta terça-feira (20), e as opiniões se dividiam em relação a condenação de Bruno. Caroline Almeida, de 20 anos, acredita que o goleiro vai ser absolvido. “Acho que não vai ser condenado, não tem como provar. Ele não devia estar preso, ele não apresenta perigo para ninguém”, comentou. A movimentação de curiosos em frente ao fórum é menor do que a desta segunda.
Já Elton da Costa, de 28 anos, apresentou uma opinião diferente com relação à sentença. “Ele vai ser condenado com certeza, mas não sei dizer se ele matou ou não, e nem se Eliza está viva. Acho que a Justiça que tem que decidir isso”, disse.
Para Caroline, Eliza está morta, mas Bruno não tem culpa. “Não tem como abandonar o filho!”. “Acho que o Bruno não a matou, é mais provável que tenha sido um dos colegas”.
A opinião da jovem é diferente de outra curiosa que acompanhava a movimentação no fórum. De acordo com Sheila Ribeiro, de 27 anos, a comoção do caso e a repercussão na mídia favorecem a condenação do atleta. “Acho que ele vai ser condenado, muito por causa da mídia, a cobertura da mídia comove o júri”, afirmou. Perguntada sobre a culpa de Bruno no crime, ela respondeu. “Acho que alguma coisa tem...”
Já Márcio Souza acredita que a condição financeira de Bruno – que na época do crime ganhava muito dinheiro defendendo o gol do Flamengo – favorece sua absolvição. “Eu acho que ele vai ser inocentado, o Brasil é muito injusto, se fosse pobre seria condenado”, afirmou o rapaz de 32 anos.
Segundo dia
O julgamento de Bruno Fernandes e de outros três réus do processo sobre morte e desaparecimento de Eliza Samudio deve ser retomado às 9h desta terça-feira (20) no Fórum de Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. No segundo dia de júri popular, será dada continuidade aos depoimentos das testemunhas de acusação, arroladas pelo Ministério Público (MP). Nesta segunda-feira (19), apenas Cleiton Gonçalves foi ouvido.
19.nov.2012 - Advogado Rui Pimenta conversa com Bruno dentro da Sala do Tribunal do Júri. Dayanne, ex-mulher do goleiro, está ao lado do atleta (Foto: Vagner Antonio/Tribunal de Justiça de Minas Gerais) Uma das testemunhas de acusação é a delegada Ana Maria Santos, que participou das investigações do sumiço da ex-amante de Bruno. Segundo o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), ela foi convocada para comparecer ao fórum às 9h, assim como a delegada Alessandra Wilke, que também trabalhou nas apurações. De acordo com a Justiça, apesar de ela não ter sido arrolada pelo MP, também deve ser ouvida nesta terça-feira.
Além de Cleiton Gonçalves e Ana Maria Santos, fazem parte do rol de testemunhas de acusação o detento Jaílson Alves de Oliveira – que diz ter ouvido uma confissão de Marcos Aparecido dos Santos, o Bola –, uma testemunha da oitiva de Cleiton à polícia e uma assistente técnico-jurídico do sistema socioeducativo de Minas Gerais, que acompanhou um depoimento de Jorge Luiz Lisboa Rosa – primo do goleiro, menor à época do desaparecimento de Eliza. Somente depois da conclusão destes depoimentos, serão ouvidas as testemunhas de defesa.
Advogado Rui Pimenta conversa com Bruno dentro da Sala do Tribunal do Júri. Dayanne, ex-mulher do goleiro, está ao lado do atleta (Foto: Vagner Antonio/Tribunal de Justiça de Minas Gerais)
Primeiro dia
O primeiro dia do júri popular do caso Eliza Samudio, realizado nesta segunda-feira (19), foi marcado pela atuação dos advogados de Marcos Aparecido dos Santos, que abandonaram o plenário, e pelo primeiro depoimento de testemunha de acusação, Cleiton Gonçalves, ex-motorista do goleiro Bruno Fernandes, principal acusado. Também foram definidos seis mulheres e um homem como jurados do caso.
Bruno e mais três réus enfrentam júri popular por cárcere privado e morte da ex-amante do jogador, Eliza Samudio, em crime ocorrido em 2010. O júri é presidido pela juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues, e a previsão é que o julgamento dure pelo menos duas semanas.
A Promotoria acusa o jogador, que era titular do Flamengo, de ter arquitetado o crime para não ter de reconhecer o filho que teve com Eliza nem pagar pensão alimentícia.
O júri, que teve início com cinco acusados, deverá continuar com apenas quatro no banco dos réus. Bola, acusado de ser o executor de Eliza, recusou ser defendido por um defensor público, e será julgado em outra data.
Ex-motorista fala sobre 'Eliza já era'
Passava das 17h quando a primeira testemunha do caso – Cleiton Gonçalves, ex-motorista de Bruno – começou a ser ouvida. Arrolado pela acusação, feita pelo promotor Henry Wagner Vasconcelos de Castro, ele confirmou à juíza que ouviu de Sérgio Rosa Sales, primo do goleiro, que "Eliza já era". A declaração, segundo a testemunha, foi dada em 10 de junho de 2010, data apontada como dia da execução da ex-amante de Bruno. "Eu nem procurei saber o que ele tava falando", disse ao júri.
Durante a investigação policial, Cleiton Gonçalves foi baleado de raspão, no dia 26 de agosto de 2012, e teve seu carro atingido por disparos no dia seguinte. Os ataques aconteceram quatro dias depois da morte de Sérgio Rosa Sales. Na época, o delegado Wagner Pinto disse que as tentativas de homicídio estavam relacionadas a morte de um homem ocorrida em uma churrascaria, dentro de um posto de gasolina, em Contagem, no dia 2 de março deste ano. Cleiton chegou a ser preso, mas foi liberado. O advogado da testemunha também disse que a motivação das tentativas de homicídio não tinha relação com o caso.
Rui Pimenta, advogado de Bruno, perguntou ao ex-motorista se ele considerava o goleiro um "bom homem". "Para mim é uma boa pessoa. Eu nunca presenciei [ele fazendo mal]", disse a testemunha, acrescentando que Bruno "nunca mostrou ser desequilibrado".
O depoimento de Cleiton Gonçalves à polícia foi lido durante a sessão. Segundo a denúncia, o ex-motorista esteve com Bruno nos dias em que Eliza era mantida em cárcere privado no sítio do atleta, em Esmeraldas (MG). No dia 8 de junho de 2010, ele estava com os primos de Bruno, Sérgio Rosa Sales e Jorge Luiz Lisboa Rosa, quando o carro do goleiro foi apreendido pela Polícia Militar em uma blitz por causa de documentação irregular. No veículo, que havia sido usado para transportar Eliza do Rio de Janeiro para Minas Gerais, foram encontrados vestígios de sangue. O ex-motorista negou ter visto manchas de sangue no carro.

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