O governador de Goiás mobilizou uma tropa de choque que impediu a leitura do relatório final e que vai apresentar um voto em separado; relator avisou que 'não terá acordo por fora'
Deputados e senadores do PSDB conseguiram impedir a leitura do relatório final da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira , prevista para hoje (21). A articulação tem o objetivo de derrubar o relatório apresentado pelo relator, deputado Odair Cunha (PT-MG), que pede o indiciamento do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB) e de mais 45 pessoas.
A leitura foi adiada pela manhã e há um acordo a concessão de vista coletiva pelo prazo de cinco dias. Com isso, a votação do relatório deverá ocorrer somente no início de dezembro.
O líder do PSDB na Câmara, deputado Bruno Araújo (PE) disse que a estratégia é desqualificar o relatório apresentado por Cunha e provar que o relator cumpriu ordens do Palácio do Planalto para direcionar as investigações para Goiás. “Em relação ao Perillo, ele ouviu 42% das pessoas indicadas. Em relação ao Carlinhos Cachoeira, que seria o alvo da CPMI, o relator ouviu 19% das pessoas indicadas. Isso configura um claro direcionamento político das investigações”, disse o líder.
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A ordem no PSDB é debruçar, na próxima semana, sobre texto de Cunha, apontar as contradições e levantar a suspeição do relator. Para isso, os tucanos devem questionar também o envolvimento do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT) e até lembrar a participação de Odair Cunha na CPI do Mensalão, que funcionou na Câmara.
“É uma prática dele ( Odair Cunha ), usar CPIs como instrumento para política partidária. Ele atuou na defesa do ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, que foi condenado pelo STF”, disse o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP).
O adiamento da leitura também contou com apoio do DEM. O deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), sem ter lido as 5 mil páginas do relatório divulgado na madrugada na internet não poupou críticas ao texto. "Isso aqui é um texto que não dá para melhorar."
Sem acordo
Já o relator quer forçar a oposição a assumir no plenário da CPI a intenção de salvar Perillo do indiciamento e disse que adotará o procedimento de deixar para o colegiado as decisões sobre eventuais pedidos de retiradas de nomes do relatório. “Não farei acordo por fora”, disse Odair Cunha.
“Se fosse para retirar eu não teria incluído. Quanto aos eventuais pedidos de retiradas de nome, só aceitarei se forem feitos nas discussões. Se eu aceitar, será retirado. Se eu disse não, o acordo é jogar a decisão para o plenário da CPMI”, disse o relator, que não abre mão do indiciamento de Perillo.
“Com quem Carlos Cachoeira se relacionava? Com quem ele tinha negócios? Quem recebia recursos? Não há como aceitar o não indiciamento do governador de Goiás”, disse o relator.
Além do governador Perillo, Cunha sugeriu o indiciamento do ex-presidente da Delta Construções, Fernando Cavendish; o deputado federal Carlos Leréia (PSDB-GO) e o prefeito de Palmas, Paulo Filho (PT). Cunha também pede o indiciamento do chefe da sucursal da revista Veja em Brasília, Policarpo Júnior, e outros quatro jornalistas.
No caso do indiciamento de Policarpo Júnior, Cunha argumentou que ele “extrapolou a relação entre jornalista e fonte” e que as matérias publicadas beneficiaram de forma sistemática a quadrilha liderada por Carlinhos Cachoeira.
O relator disse também que a postura de sugerir o indiciamento de Policarpo não significa uma acusação ao veículo ou a demais diretores da revista Veja . “Não há, de nenhuma maneira, uma acusação ao veículo ou a diretores da revista e muito menos, um ataque a liberdade de imprensa”, defendeu.
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