sábado, 16 de novembro de 2013

Rondônia – LCP atribui responsabilidade de conflito em Rio Pardo à Dilma e Confúcio Moura
Liga dos Camponeses Pobres divulga sua versão dos fatos

Porto Velho, RO -
O conflito em Rio Pardo, que culimou na morte de um agente da Força Nacional, ainda não tem previsão para acabar. Abaixo, a Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia dá sua versão dos fatos e diz que os moradores que lá estão apenas defendem seu direito de ocupar a área, já que o acordo com o governo federal não foi cumprido.

VEJA A VERSÃO NA ÍNTEGRA
O distrito de Rio Pardo fica a 350 km de Porto Velho, porém seu principal acesso é pela cidade de Buritis a cerca de 100 Km. Esta é uma região de intensos conflitos agrários com dezenas de assassinatos de camponeses registrados nos últimos anos. Em todos estes conflitos a atuação da justiça e polícia é sempre para defender os interesses dos grandes latifundiários grileiros de terras e contra as famílias camponesas da região.

Há mais de um ano o acordo firmado entre governo federal e estadual previa a retirada das famílias da área da Floresta Nacional Bom Futuro e o seu assentamento numa APA estadual (Área de Proteção Ambiental), pelo acordo as famílias só poderiam ser retiradas quando um novo local fosse providenciado pelo Incra. No final do ano passado as famílias que moram e trabalham nas terras há 10 anos foram expulsas da área por uma operação do ICMBio (Ibama), Força Nacional e Exército brasileiro e se comprometeram a aguardar 90 dias fora da área até que a situação de uma área regularizada fosse resolvida. Mais de 270 famílias retornaram para suas terras após o prazo acertado com autoridades ter acabado e nenhuma solução apresentada.

Esta semana uma nova operação que contou com quase 200 efetivos policiais da Força Nacional de Segurança (FNS), Grupamento de Operações Especiais (GOE), Polícia Federal e agentes do ICMBio tinha como objetivo uma nova retirada das famílias da área. Na quarta feira (13) a população se revoltou após a apreensão de várias motos e 2 camponeses terem sido presos ilegalmente pela polícia. A resposta dos moradores foi bloquear as estradas e destruir as pontes de acesso para tentar impedir que suas motos e companheiros fossem levados pela FNS para Buritis. Soldados da FNS ficaram encurralados dentro da Flona e cercados por centenas de camponeses. Numa ação desesperada a polícia revidou com tiros de borracha e depois com munição real ferindo várias pessoas.

Os camponeses se defenderam com rojões, pedras e paus. Uma viatura da Força Nacional e um caminhão do ICMBio que participavam das apreensões foram totalmente queimados, várias outras viaturas do GOE e PM foram atacadas com pedras, a base de operações da PM e FNS foi completamente destruída em represália aos ataques contra os camponeses.

Na quinta feira pela manhã, o comandante da PM de Ariquemes- Enedy Dias, prestou informações desencontradas alegando que a situação na área era tranquila e negando os confrontos. No mesmo dia sites de notícia da região desmentiram sua versão e informaram sobre a morte de um soldado da FNS que teria sido atingido por um suposto disparo acidental.

Há informações de que dezenas de camponeses foram feridos e continuam na área com medo de sofrerem represálias pois a PM estaria controlando as entradas de pacientes em hospitais.

Um representante dos moradores de Rio Pardo esteve num Seminário realizado ontem (14) na Universidade Federal de Porto Velho, com a presença de entidades, advogados, professores e estudantes de várias cidades do país, falou para sobre a situação dos camponeses, da ação repressiva do Estado contra os moradores da região e sua disposição em seguir lutando pela permanência nas terras.

Ontem os efetivos da FNS se retiraram da área e se deslocaram para a cidade de Ariquemes para redefinir sua ação contra os moradores. Hoje pela manhã efetivos policiais de Ji-Paraná, Porto Velho e Ariquemes se deslocaram para a região de Buritis aumentando ainda mais o clima terror e intimidação na população.

Os moradores de Rio Pardo são trabalhadores, tem o direito de viver e trabalhar nestas terras, e não aceitam serem tratados como bandidos e criminosos. É longa a lista de humilhações, violações e abusos das forças policiais contra a população da região. Assim como é antiga a atuação criminosa dos agentes do ICMBio que destroem plantações, queimam casas, roubam ferramentas e aplicam multas abusivas. As famílias de Rio Pardo se cansaram de tudo isso, se cansaram das promessas nunca cumpridas por parte dos políticos, do Incra e Ministério do Meio Ambiente - MMA.

Os governos aliados de Dilma (PT) e Confúcio/Raupp (PMDB) são os únicos responsáveis pelo que possa vir a acontecer com os moradores de Rio Pardo, porque nunca cumpriram sua parte no acordo com as famílias e agora se prepararam para enviar mais forças repressivas com o intuito de massacrar os trabalhadores que lutam por seus direitos.

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