Em apenas 18 dias, estradas goianas já registraram mais mortos do que nos julhos de 2009 e 2010
Um olhar mais detalhado sobre o último final de semana mostra que ele, sozinho, foi responsável por um terço do total de mortes registradas em julho desse ano. Foram 15 mortes entre sexta-feira e domingo. O sinal de alerta acende principalmente com relação às rodovias federais. Foram 10 mortes nas BRs nos três dias. Pior ainda, em apenas um dia (domingo passado) foram 9 mortes. Somente o último domingo representou um terço do total de mortes nas BRs no mês de julho de 2011 ( veja quadro ).
O número de mortes registradas no último fim de semana deixa os três dias num patamar de feriados prolongados, quando tradicionalmente as pessoas viajam mais, bebem mais e se arriscam mais. A proporção pode ser explicada por se tratar de um mês de férias.
A tragédia recente nas estradas é proporcionalmente equivalente ao que ocorreu no carnaval. Com relação a feriados prolongados como o da Semana Santa e o de Corpus Christi, o último fim de semana foi mais violento nas rodovias.
Torna-se mais preocupante o fato de não existir nenhuma situação atípica no julho atual com relação aos julhos anteriores. Não houve nenhum feriado prolongado em 2011 e nenhum motivo extra para levar as pessoas a viajarem mais do que nas férias de meio de ano anteriores. "Nós simplesmente não temos como justificar um aumento tão preocupante dos números. Sabemos que a situação de conservação das rodovias federais está muito melhor e que as pessoas, assim, se arriscam a correr mais. Mas nem por isso temos como justificar o crescimento", explica uma fonte na Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Para o perito especializado em trânsito Antenor Pinheiro, representante regional da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP), é preciso se debruçar sobre as estatísticas para tentar identificar quais seriam as causas para esse aumento excessivo. "Em um primeiro momento não vemos uma causa imediata. Além de observar o número de acidentes e depois o índice de mortalidade, é preciso tentar esclarecer quais seriam as causas", argumenta.
Ele defende que o Brasil precisa trabalhar melhor na identificação das causas dos acidentes para trabalhar preventivamente. "É preciso indicar todos os principais pontos recorrentes dos acidentes. Daí, após identificar isso em mapas, verificar os locais para indicar onde é preciso melhorar para diminuir os índices, se é preciso melhorar a engenharia, a fiscalização ou a educação. É assim que deve ser. O Brasil precisa melhorar isso", justifica Antenor Pinheiro.
O professor Benjamin Jorge Rodrigues, das áreas de trânsito e transporte do Instituto Federal Tecnológico de Goiás (IFG) e da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), diz que as causas dos acidentes são as já conhecidas. "Na maioria dos casos, ocorrem por imprudência e imperícia dos motoristas. Em 90%, as causas são humanas. É preciso observar isso", salienta.
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