terça-feira, 19 de julho de 2011

O perigo mora abaixo

Crea vai vistoriar bueiros de cinco bairros do Rio

Perigo em via por onde circulam 40 mil no final de semana

POR DIOGO DIAS
Rio - Em vistoria feita sexta-feira, o Crea-RJ constatou que o risco de explosão nas galerias subterrâneas da Avenida Mem de Sá chega a 100%. Isso significa que, no bairro boêmio, onde circulam 40 mil por final de semana, uma guimba de cigarro pode provocar um grave acidente.
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“O subsolo da Av. Mem de Sá está impregnado de gás. A via está com nível de concentração muito alto, em torno de 100%. Qualquer centelha pode causar explosão”, explica o coordenador da Câmara de Engenharia Elétrica e da Comissão de Análise e Prevenção de Acidentes do Crea-RJ.
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Cosenza conta que, por causa da grande concentração de gás, bueiros da via são abertos para diminuir o risco de acidentes: “A concentração continua alta até mesmo com a tampa deslocada”. Em nota, a Light confirmou que foi detectado gás em “3 caixas subterrâneas na Av. Mem de Sá sendo que em uma delas constava nível de explosividade” e que está “utilizando todos os recursos (...) para verificar anormalidades na rede”. Segundo a empresa, CEG e Agenersa acompanharam inspeção.
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Técnicos vistoriam bueiro da Light após explosão em rua de Botafogo | Foto: Fernando Souza / Agência O Dia
O Crea vai adquirir um aparelho que mede o risco de explosão. “A ideia é fazer medições no Centro, Flamengo, Botafogo, Copacabana e Tijuca. Queremos ter uma amostragem de como está a situação nas áreas mais críticas da cidade”, explica Cosenza.
Nova explosão na Zona Sul
Nesta segunda-feira, mais um bueiro explodiu no Rio. O acidente Rua Camuyrano, em Botafogo, deixou um homem ferido. O estrondo estilhaçou vitrine de sapataria, danificou carro e moto na calçada e quebrou vidraças até o quarto andar de um prédio. O problema está longe do fim: medição feita pelo Crea-RJ sexta-feira constatou que vários bueiros da Av. Mem de Sá, na Lapa, também podem ir pelos ares.
O impacto deixou em pedaços a tampa de ferro da Light, lançada a 3 m de altura. A sapataria Holli Day, no térreo do prédio, parecia ter sido alvo de uma bomba: parte do letreiro da loja caiu na calçada e diversos pares de sapato ficaram jogados no chão. O prejuízo foi de R$ 5 mil. O deslocamento do ar arrancou até retrovisor do carro estacionado e jogou a moto para o alto.
“Acho que estava em cima do bueiro ou quase. Explodiu de uma hora para outra”, contou o ajudante de pedreiro Rodrigo dos Santos, 26 anos, que fraturou a mão esquerda e está internado em clínica particular, paga pela Light.
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Moto é atingida por explosão de bueiro em Botafogo | Foto: Leitor Fabio Oliveira
“Sorte que acordei atrasado e não estava na portaria na hora. Se o bueiro explodisse 15 minutos depois, estaria morto. Sempre fico sentado ali perto”, conta o porteiro Francisco Renato Farias do Nascimento, 34. Os moradores do edifício também ficaram às escuras e sem eletrodomésticos. Eles relataram que há 2 meses a luz oscilava nos horários de pico. “Parecia que tinha explodido uma bomba na minha casa. Queimou tudo que estava na tomada, como a televisão e a geladeira. Ficou um cheiro horrível de queimado”, relata a dona de casa Aneli Costa Ferro.
Light escapa de multa pois juiz não ratificara acordo
Apesar das explosões, a Light não terá que pagar a multa de R$ 100 mil, como prevê o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) assinado pela empresa. A decisão só passa a valer após o Tribunal de Justiça publicar no Diário Oficial a homologação do termo, o que deve acontecer segunda-feira.
Já a CEG, mesmo que seja culpada pelo incidente, sairá ilesa dessa multa também, pois não assinou o TAC. A empresa foi suspensa da ação civil pública a pedido do Ministério Público, que alegou estar negociando com a concessionária.
Nesta segunda-feira, segundo a Light, foi detectado gás em níveis explosivos em instalações subterrâneas que ficam próximas ao local onde ocorreu uma das explosões. A CEG confirmou a informação, mas disse que, após análises laboratoriais, ficou constatado que o gás não é canalizado.
A Agência Reguladora de Energia e Saneamento Básico do Estado do Rio (Agenersa) afirmou que vai investigar a explosão.

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