segunda-feira, 4 de julho de 2011

Denúncias de corrupção nos Transportes repercutem no velório de Itamar

O Estado de S.Paulo
BELO HORIZONTE - As denúncias de corrupção no Ministério dos Transportes repercutiram nesta segunda-feira, 4, no velório do ex-presidente Itamar Franco, em Belo Horizonte. Logo após acompanhar a cerimônia no Palácio da Liberdade ao lado da presidente Dilma Rousseff, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) cobrou uma "investigação profunda" do caso, que levou ao afastamento de quatro dirigentes da pasta. Presente ao velório, o ex-deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE) recorreu justamente ao exemplo de Itamar enquanto presidente para sugerir a saída do ministro Alfredo Nascimento.
"São muito graves as denúncias para ficar apenas no afastamento de algumas pessoas", afirmou Aécio. "Não basta afastar as pessoas. É preciso uma investigação profunda e há instrumentos para isso", completou, citando a Procuradoria-Geral da República.
Reportagem publicada pela revista Veja apontou o funcionamento de um suposto esquema montado no Ministério dos Transportes baseado na cobrança de propinas de 4% das empreiteiras e de 5% das empresas de consultoria que elaboram os projetos de obras em rodovias e ferrovias. A denúncia levou ao afastamento do diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Luiz Antônio Pagot, do presidente da Valec Engenharia, José Francisco das Neves, do chefe de gabinete do ministério, Mauro Barbosa Silva, e do assessor Luís Tito Bonvini.
Na segunda-feira, 4, Dilma divulgou nota manifestando confiança no ministro dos Transportes e argumentando que Nascimento é o responsável pelo processo de apuração das denúncias.
Ciro - cujo irmão, o governador do Ceará, Cid Gomes (PSB), atacou recentemente o ministro, chamando-o de "inepto, incompetente e desonesto" e classificando o Ministério do Transporte como um "antro de corrupção" -, por sua vez, lembrou o "exemplo de honradez e dignidade" dado por Itamar na Presidência. "Para ser presidente e bem governar não é preciso contemporizar nem fazer acordo com a falta de honestidade", disse.
"Eu me lembro de um episódio para dar testemunho disso. O braço direito dele, ministro Hargreaves, foi lançada sobre ele uma suspeição falsa. E ainda que falsa, ele (Itamar) afastou o braço direito dele, amigo de 50 anos, pediu uma apuração e só então, proclamado inocente, ele o trouxe de volta", lembrou Ciro Gomes, referindo-se a Henrique Hargreaves, que ocupou a Casa Civil durante a gestão de Itamar no Palácio do Planalto.

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