terça-feira, 14 de outubro de 2014

Quadrilha envolvida com abortos chegava a lucrar R$ 300 mil por mês

Quadrilha envolvida com abortos chegava a lucrar R$ 300 mil por mês

Polícia cumpre 75 mandados de prisão e 118 de busca e apreensão

Prossegue a operação da Polícia Militar para desarticular uma quadrilha que realizava abortos no Rio de Janeiro. Até às 11h50, 55 dos 75 mandados de prisão já haviam sido cumpridos. Além destes, existem outros 118 mandados de busca e apreensão contra integrantes do grupo. Uma das presas foi localizada no interior do estado de São Paulo. Entre os mandados, cinco eram de suspeitos que já estavam na cadeia.
Pelo menos duas mil mulheres teriam se submetido a abortos nas clínicas clandestinas da quadrilha. A faixa etária e condições para realizar os procedimentos variavam. O aborto podia chegar a custar R$ 7.500. A investigação durou 15 meses e contou com interrogatórios de 80 mulheres que procuraram o grupo. A Polícia afirma que procedimentos abortivos foram realizados em menores de idade e em mulheres com sete meses de gestação. Em média, o lucro mensal era de R$ 300 mil.
Entre os presos, está o chefe da quadrilha: o médico Aloísio Soares Guimarães. Segundo as investigações, ele realiza abortos ilegais desde 1972. Na casa do médico foram apreendidos 180 mil dólares, documentos da abertura de uma conta na Suíça, um extrato de 5 milhões – que a polícia está apurando se na moeda real ou dólar – e aparelhos de sucção. Os mandados expedidos contemplam outros médicos, além de policiais civis e militares, um bombeiro, três advogados, um militar do Exército e um falso médico.
Polícia cumpre mandatos de prisão no Rio de Janeiro
Polícia cumpre mandatos de prisão no Rio de Janeiro
A Operação Herodes, como está sendo chamada, constatou que a quadrilha se dividia em sete núcleos, que atendiam mulheres de toda a região metropolitana do estado. As clínicas ficavam em Campo Grande, Copacabana, Botafogo, Bonsucesso, Rocha, Tijuca e Guadalupe. Contudo, o grupo também realizava abortos em outros estados. Segundo a Polícia Civil, os procedimentos eram realizados com insalubridade, sem higiene, colocando em risco a vida das pacientes.
Além dos abortos, a quadrilha é investigada por corrupção passiva, prevaricação, exercício ilegal da medicina, associação para o tráfico de drogas, corrupção ativa e associação criminosa armada. O major da Polícia Militar, Paulo Roberto Nigri, e o inspetor da Polícia Civil, Alexandre Vieira de Lima, que também foram presos na operação, estão sendo investigados por proteção à clínica de Copacabana, uma das que possuía maior faturamento.
Ao todo, 70 delegados e 430 agentes da Polícia Civil estão envolvidos na Operação Herodes. Equipes foram deslocadas para São Paulo e Espírito Santo a fim de cumprir mandados. O grupo conta com 150 viaturas e apoio da Corregedoria Geral Unificada (CGU), da Corregedoria Interna da Polícia Militar e do Exército Brasileiro.

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