MÉDICO PRESO NA OPERAÇÃO HERODES TOMAVA ATÉ CERVEJA QUANDO FAZIA ABORTO.
Grávidas revelaram em depoimento à polícia que eram tratadas de forma desumana e desrespeitosa.
O médico Bruno Gomes da Silva, conhecido como Dr. Aborto, um dos presos
na operação Herodes, que desbaratou uma quadrilha especializada em
abortos ilegais no Rio e outros dois estados, chegou a tomar cerveja
durante um procedimento realizado numa clínica em Bonsucesso. A
informação está no inquérito policial que resultou na prisão 57 pessoas
acusadas de participar do bando. Segundo o chefe da Corregedoria da
Polícia Civil, delegado Glaudiston Rocha, algumas grávidas contaram que
eram tratadas de forma fria, desumana e desrespeitosa pelos aborteiros.
Ainda de acordo com o delegado, em relatos à polícia, as mulheres
contaram que os médicos costumavam usar linguagem chula e mandá-las se
deitar rapidamente nas camas ginecológicas para o procedimento. O mesmo
tratamento era dado após o aborto: ainda sob efeito de sedativos, elas
eram obrigadas a se levantar rapidamente para dar lugar a outra
paciente.
— Era uma verdadeira fábrica. Eles faziam abortos em série — disse o delegado.
A quadrilha, para fugir das ações da polícia e de prováveis batidas,
segundo apontam as investigações da Corregedoria da Polícia Civil, não
possuía uma rotina de horário de trabalho, agindo nas primeiras horas do
dia, à noite e nos fins de semana.
Na quarta-feira, o delegado Glaudiston Rocha, pediu ajuda à Interpol
para capturar o médico Evangelista Pinto da Silva Pereira, que tem
mandado de prisão preventiva decretado pela Justiça. Ele estaria em
Miami, nos Estados Unidos, e é acusado de participar da organização
criminosa que controlava sete clínicas clandestinas de aborto no Rio.
Segundo investigadores, ele dirigia uma das unidades, que funcionava na
Rua Dona Mariana, em Botafogo.
CIRURGIAS EM CASA DE MILITAR DO EXÉRCITO
Um dos presos na operação Herodes, o sargento do Exército André Luis da
Silva utilizava o imóvel funcional onde morava como clínica de aborto.
De acordo com a Polícia, o papel do militar na quadrilha era transportar
gestantes para a casa, localizada na Estrada do Camboatá, em Guadalupe.
Ele foi detido no Rio Grande do Sul, onde participava de uma missão.
Segundo investigadores, uma das pessoas que trabalhavam na clínica
clandestina é a técnica de enfermagem Rosemere Aparecida Ferreira, presa
sob a acusação de participar da morte da auxiliar administrativa
Jandira Magdalena dos Santos, cujo corpo foi encontrado carbonizado no
mês passado em Guaratiba.
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