Defesa Civil do Estado vai contratar 20 caminhões-pipa para Itu
Os caminhões serão utilizados para levar água à população.
Também serão espalhadas sete caixas flexíveis com água pela cidade.
Moradores de Itu protestaram contra a falta de água levando baldes para a Câmara de Vereadores (Foto: Ana Carolina Levorato/G1)
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, autorizou a Defesa Civil do
Estado a contratar, de forma emergencial, 20 caminhões-pipa para
distribuição de água à população de Itu (SP). A cidade enfrenta racionamento de água há oito meses.Em visita a Glicério (SP) nesta quinta-feira (23), o governador falou sobre a estiagem no estado e a ajuda para Itu (veja vídeo ao lado). “A seca é a maior dos últimos 84 anos e atingiu muito o oeste e o norte de São Paulo, além do sul de Minas. Estamos garantindo o abastecimento em todos os municípios operados pela Sabesp, inclusive a região metropolitana, e alguns municípios que são das prefeituras e serviço autônomos. Tambaú (SP) ajudamos com recursos, caminhões-pipas, tubulações, engenharia. E Itu (SP), foi liberado 20 caminhões-pipa e estamos mandando também água da Sabesp, apesar de ser um serviço da prefeitura”, diz Alckmin.
De acordo com nota do Palácio dos Bandeirantes, no início da tarde desta quinta-feira, "embora o abastecimento de água na cidade seja responsabilidade de uma empresa privada, sob gestão do município, é atribuição da Defesa Civil atuar nesse tipo de situação para atender a população da cidade". O contrato emergencial, no valor de R$ 2 milhões, vai durar 30 dias e será prorrogado se houver necessidade.
A Defesa Civil também comprou sete caixas flexíveis que serão espalhadas pela cidade. As caixas funcionarão como postos de distribuição de água. A decisão foi tomada na manhã de quinta-feira após reunião entre secretário da Casa Militar e coordenador Estadual de Defesa Civil, coronel José Roberto de Oliveira, e o prefeito de Itu, Antônio Luiz Carvalho Gomes (Tuíze). A Sabesp também enviou um engenheiro da empresa para dar consultoria aos técnicos da empresa privada responsável pelo abastecimento na cidade.
Na quinta-feira (22), o Procurador Geral da Justiça de São Paulo, Márcio Fernando Elias Rosa, solicitou informações da Prefeitura de Itu (SP) e da concessionária responsável pelo abastecimento de água na cidade, a Águas de Itu, sobre o abastecimento de água na cidade depois que recebeu a visita de dois parlamentares eleitos pela região.
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Além da intervenção, os deputados também pedem a tarifa zero na conta de água. Há quase nove meses, os moradores de Itu sofrem com a falta de abastecimento de água, já que a estiagem prolongada fez baixar o nível dos manaciais.
A reunião durou uma hora e meia. A assessoria de imprensa do Procurador Geral de São Paulo não divulgou o conteúdo do encontro e nem as medidas que o órgão irá adotar, mas confirmou que houve a conversa com os deputados. Os parlamentares contaram que o procurador quer uma solução rápida e negociada, para levar água até as torneiras.
Encontro entre deputados e Procurador Geral da Justiça foi em São Paulo (Foto: Reprodução/TV TEM)
Câmara tenta criar CEI A Câmara de Itu pretende montar uma Comissão Especial de Inquérito para investigar a escassez de água na cidade, mas ainda falta uma assinatura. A sessão desta semana foi tumultuada e cheia de propostas polêmicas.
A vereadora Balbina Santos (PMDB) sugeriu um novo tipo de manifestação popular. “A população não devia pagar as contas. Esse é protesto que eles deveriam fazer”, afirmou a vereadora na sessão.
Na semana passada, os vereadores tentaram criar uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) para investigar a falta de abastecimento na cidade e principalmente o contrato entre a prefeitura e a empresa Águas de Itu. Para o requerimento entrar em pauta, são necessárias cinco assinaturas, mas apenas quatro vereadores foram a favor.
O vereador Olavo Volpato (PMDB) assumiu na tribuna e disse que não concorda com a CEI. “Jamais eu assinaria qualquer Comissão Especial de Inquérito. Participei uma vez e não levou a nada”, argumenta Olavo.
O vereador Giva (PROS), disse em plenário que a empresa Águas do Brasil, autorizada em agosto pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) a assumir os serviços de água e esgoto de Itu, teria desistido da concessão.
Os vereadores aprovaram por 10 a 1 o requerimento para convidar o prefeito Antonio Tuíze a prestar esclarecimento.
A empresa Águas do Brasil informou que o departamento jurídico continua o processo de negociação com a Águas de Itu. Se houver contas não pagas, a concessionária informa que o departamento jurídico vai analisar caso a caso.
Um dos vereadores não quis assinar o documento para criar a CEI (Foto: Reprodução/ TV TEM)
Entenda a criseO racionamento de água em Itu já dura nove meses e alguns moradores dizem que ficam até um mês sem receber uma gota nas torneiras. O pouco que chega nas casas é com o caminhão-pipa. No desespero de encontrar água, os moradores estão apelando até para a zona rural.
Apesar do Ministério Público já ter recomendado à prefeitura que reconheça o estado de emergência e calamidade pública, a prefeitura decidiu não acatar a medida. Em entrevista, o prefeito afirmou que o decreto não seria pedido já que não está faltando água para manter os serviços essenciais, como hospitais e escolas. O chefe do executivo afirmou também que foi protocolado um decreto para captação em 24 poços e reservatórios de uma indústria de bebidas do município.
No entanto, conforme o documento enviado em julho, o Ministério Público aponta que a precariedade no abastecimento de água para a população não decorre exclusivamente do período de estiagem, mas sim de anos de má gestão e falta de investimentos no aumento da armazenagem de recursos hídricos, além da construção de novas barragens, desassoreamento das já existentes e modernização dos sistemas de tratamento e distribuição.
Após o Ministério Público reforçar a importância de que as reclamações sobre a falta d'água na cidade sejam registradas, o órgão já registrou mais de 1 mil ocorrências em menos de uma semana. Em um dia, 400 reclamações de moradores foram protocoladas e anexadas ao inquérito encaminhado ao Poder Judiciário. Na ação, o MP apresentou uma carta de recomendação ao prefeito para que tome previdências no sentido de tentar amenizar a situação dos reservatórios.
De acordo com a liminar, caso a água não chegue até o imóvel, a população deve reclamar na concessionária que terá que resolver o problema em 48 horas e a prefeitura será multada. Para o promotor, a intenção do órgão é esclarecer à população sobre os seus diretos. “Nós intensificamos a importância dos registros já que as pessoas não sabiam o que fazer e quem procurar. Temos outros pontos de atendimento, mas vários moradores chegam aqui e dizem que estão sem água a muito mais dias do que o tempo aceito pelo MP”, diz. O morador também deve fazer a denúncia no Ministério Público, localizado na Avenida Goiás, 194, no bairro Brasil.
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