Documento do Vaticano defende mudança da Igreja em relação a homossexuais
Numa
grande mudança de tom, um documento do Vaticano declarou nesta
segunda-feira que os homossexuais têm “dons e qualidades a oferecer” e
indagou se o catolicismo pode aceitar os gays e reconhecer aspectos
positivos de casais do mesmo sexo.
O documento, preparado após uma semana de discussões
sobre temas relacionados à família no sínodo que reuniu 200 bispos,
disse que a Igreja deveria aceitar o desafio de encontrar “um espaço
fraternal” para os homossexuais sem abdicar da doutrina católica sobre
família e matrimônio.
Embora o texto não assinale nenhuma mudança na
condenação da igreja aos atos homossexuais ou em sua oposição ao
casamento gay, usa uma linguagem menos condenatória e mais compassiva
que comunicados anteriores do Vaticano, sob o comando de outros papas.
A declaração será a base das conversas da segunda e
última semana da assembleia, convocada pelo papa Francisco. Também
servirá para aprofundar a reflexão entre católicos de todo o mundo antes
de um segundo e definitivo sínodo no ano que vem.
“Os homossexuais têm dons e qualidades a oferecer à
comunidade cristã: seremos capazes de acolher essas pessoas, garantindo a
elas um espaço maior em nossas comunidades? Muitas vezes elas desejam
encontrar uma igreja que ofereça um lar acolhedor” , afirma o documento,
conhecido pelo nome latino de “relatio”.
“Serão nossas comunidades capazes de proporcionar
isso, aceitando e valorizando sua orientação sexual, sem fazer
concessões na doutrina católica sobre família e matrimônio?”, indagou.
John Thavis, vaticanista e autor do bem-sucedido
livro “Os Diários do Vaticano”, classificou o comunicado como “um
terremoto” na atitude da Igreja em relação aos gays. “O documento
reflete claramente o desejo do papa Francisco de adotar uma abordagem
pastoral mais clemente no tocante ao casamento e aos temas da família”,
disse.
Vários participantes na reunião a portas fechadas
afirmaram que a Igreja deveria amenizar sua linguagem condenatória em
referência aos casais gays e evitar frases como “intrinsecamente
desordenados” ao falar sobre os homossexuais.
Essa foi a frase usada pelo ex-papa Bento 16 em um
documento escrito antes de sua eleição, quando ainda era o cardeal
Joseph Ratzinger e chefe da Congregação para a Doutrina da Fé.
Fonte: Agência Reuters
Nenhum comentário:
Postar um comentário