EX-PM QUE EXECUTOU SEIS JOVENS EM ICOARACI É CONDENADO A 120 ANOS DE PRISÃO
Integrantes de movimentos acompanharam o júri no Fórum de Belém
Com quase quatorze horas de júri realizado no fórum de Belém sete jurados condenaram Rosevan Moraes Almeida, 44 anos, ex-cabo da Policia Militar do Estado,acusado pelas mortes de seis adolescentes com idades entre 14 e 17 anos. A pena aplicada aosentenciado de 120 anos de prisão, 20 por cada vítima, será cumprida em regime inicial fechado em presídio da Região Metropolitana de Belém. A sessão de julgamento começou por volta das 09h, no plenário do Fórum Criminal, na Cidade Velha, sob a presidência da juíza Ângela Alves Tuma, do 3º Tribunal do Júri de Belém.
Os jurados acolheram integralmente a tese acusatória sustentada pelo
promotor de justiça José Rui de Almeida Barbosa em conjunto com
advogados do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (CEDECA), Ana
Celina Hamoy, Suzany Brasil e Tiago Pereira. A acusação sustentou que o
réu foi autor de homicídio qualificado praticado por por motivo torpe e
com recurso que dificultou a defesa da vítima.
Em defesa do réu atuou o advogado Moacir Martins Júnior, que apresentou
tese absolutória de negativa de autoria. O advogado procurou convencer
os jurados que as provas juntadas pela acusação são frágeis e
insuficientes para uma condenação, requerendo ao Conselho de Sentença
considerar a existência de dúvida e aplicar o “in dubio pro reo”, e
votar absolvendo o acusado.
Presente no plenário do júri Eliana Fonseca Moreira ouvidora do Sistema
de Segurança Pública do Estado. Integrantes de movimentos pela vida e de
direitos humanos entre eles o padre Bruno Secci, acompanharam os
trabalhos do júri e permaneceram no Fórum até o final da sessão. Durante
a votação, familiares e membros de movimentos fizeram orações em
memória das vítimas.
Por toda a manhã foram ouvidas as testemunhas inicialmente de acusação e
em seguida as da defesa. Na parte da tarde, após intervalo do almoço o
júri foi retomado com interrogatório do acusado, que negou a autoria do
crime. Ele disse que estava em Icoaraci com familiares e que chegou a
ver a movimentação próxima do local do crime.
Após o interrogatório do réu começou o debate entre acusação e defesa.
Cada parte poderá se manifestou pelo tempo legal previsto de uma hora e
meia, retornado em seguida para réplica e tréplica por mais uma hora
cada parte. Só após é que os jurados votaram seis séries de cinco
quesitos, sendo cada série relacionada a cada vítima.
Na parte da manhã foram ouvidas as testemunhas que compareceram ao
fórum, das quais sete delas da acusação, de um total de 14 que estavam
arroladas. Entre elas Alberto Oliveira, testemunha ocular e que se
encontra preso e confirmou que teria sido o réu quem executou os
adolescentes. Outra testemunha de acusação ouvida é familiar de uma das
vítimas e que está há uma semana sob proteção do Programa de Apoio a
Vítimas e Testemunhas (Provita). Ele depôs encapuzado e também
confirmou a acusação.
Consta no processo que o crime ocorreu na noite de 19/11/2011, no
Distrito Industrial de Icoaraci, 40 km de Belém. Seis adolescentes com
idades entre 12 e 17 anos conversavam em frente a um prédio público,
localizado na Rua Padre Júlio Maria, quando foram abordados por dois
homens chegaram de moto e identificaram-se como policiais e mandaram os
garotos ficarem de costas para a parede de um órgão municipal onde se
encontravam. Em seguida o que estava na carona da moto efetuou os
disparos de arma de fogo, pistola ponto 40, executando os jovens.
Conforme apurado no inquérito uma das vítimas teria roubado um celular
da mulher do acusado e da filha do acusado.
As vítimas Carlos Gabriel (15 anos) e Carlos Samuel Rodrigues (16
anos), irmãos, encontraram Lenilson de Azelar Mousinho (17 anos), Iaac
Airton Barbosa ((17 anos), João Paulo Viana Figueiredo (16 anos) e Paulo
Victor Cunha (16 anos).
Na fase de inquérito foi apurado que também participou da chacina
Antonio Luz Bernardino da Costa, mas, ele foi impronunciado. É que na
fase judicial de instrução do processo o denunciado comprovou que estava
numa pizzaria, na hora do crime, e apresentou duas testemunhas que
confirmaram o álibi e inocentando o denunciado.
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