SILÊNCIO DA CÂMARA GRITA "SOMOS TODOS VARGAS".
É estridente o silêncio da Câmara diante dos expedientes adotados para
protelar a chegada ao plenário do pedido de cassação de André Vargas,
amigo $eleto do doleiro Alberto Youssef. Prevalece o esprit de porcs,
versão nacional do francês esprit de corps.
A Comissão de Ética aprovou a cassação de Cargas em 20 de agosto. O
pedido iria ao plenário. Mas o companheiro recorreu. Decorridos quase
dois meses, a encrenca encontra-se estacionada na Comissão de
Constituição e Justiça.
Há sobre a mesa um relatório que pede o indeferimento do recurso de
Vargas. Redigiu-o Sérgio Zveiter (PSD-RJ). Ele tenta levar a peça a voto
desde o princípio de setembro. Dizia-se que tudo se resolveria depois
das urnas do primeiro turno. Marcaram-se duas sessões. Mas a falange
pró-Vargas fez minguar o quórum. A última pseudo-tentativa micou nesta
quarta-feira.
O paranaense André Vargas tenta chegar ao final da legislatura com o
mandato intacto. O baiano Luiz Argôlo, outro ami$$íssimo de Youssef,
ambiciona a mesma sorte. As chances aumentaram depois que Paulo Roberto
Costa e Alberto Youssef decidiram ganhar a vida com o suor do dedo
indicador.
Numa soma modesta, são contados na casa da centena os congressistas que
serão pendurados de ponta-cabeça nas manchetes no dia em que os
depoimentos prestados sob o sigilo da delação puderem soar em público.
Daí a tática da protelação, baseada no princípio segundo o qual uma mão
suja a outra.
Quer dizer: o mutismo da Câmara não é casual. Há método no silêncio dos
deputados. É como se eles gritassem sem abrir a boca: “Somos todos
Vargas.” Convém à opinião pública escutar esse silêncio.
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