Danos em balas atrasam laudos de mortes confessadas por vigilante
Exames já apontaram a autoria de Tiago em 8 das 29 mortes assumidas.
Suposto serial killer está preso em ala de segurança máxima, em Goiás.
“A estrutura dos outros projéteis das outras vitimas que ainda não foram divulgadas estão muito danificadas. E isso exige um trabalho minucioso, que vai levar mais tempo”, afirma a perita responsável pelos exames Itatiana Pires. Ela não informou um prazo para a conclusão dos exames.
A perita explica que os danos foram causados pelo impacto das balas com os corpos das vítimas. “As vítimas foram atingidas em estruturas ósseas e esses projéteis então são danificados no impacto com essas estruturas", diz.
saiba mais
De acordo com Itatiana, em dois dos 15 casos da série de mortes
assumidos por Tiago e que eram investigados por uma força-tarefa da
Polícia Civil, os policiais não localizaram as balas no corpo, nem na
cena do crime. Por isso, dentre os casos investigados pela operação
policial, faltam a emissão de cinco laudos. Já em relação aos demais
casos confessados pelo vigilante, a perita aguarda o requerimento dos
delegados responsáveis por cada inquérito para a realização do confronto
balístico.- Suposto serial killer volta a ameaçar de morte presos na CPP, diz delegado
- Vigilante volta atrás e reduz para 29 o número de execuções, diz polícia
- Suposto serial killer chuta fotógrafo ao ser levado para CPP
- Arma do suposto serial killer matou Ana Maria e fotógrafo, revela laudo
- Vigilante pede 'perdão' por 39 mortes e diz querer tratamento médico
- Provas apontam que vigilante preso em Goiânia é o serial killer, diz polícia
A análise é feita a partir das ranhuras ou estriamentos impressos na bala no momento do tiro, quando ela passa pelo interior do cano da arma. “Esses estriamentos, quando ocorre a passagem do projétil, eles ficam no projétil da arma, conferindo uma característica particular daquela arma naquele projétil”, explica Itatiana.
A partir dessa comparação, o Instituto de Criminalística já confirmou que a arma apreendida com Tiago da Rocha disparou os tiros que mataram oito vítimas na capital: Ana Lídia de Souza e Isadora Aparecida Cândida dos Reis, ambas de 15 anos, Juliana Neubia 22, Rosirene Gualberto, 29, Taynara Rodriguez da Cruz, 13, Thamara da Conceição Silva, 17, Ana Maria Victor Duarte, 27 e Mauro Ferreira Nunes, 51.
Prisão
Tiago foi preso na capital no último dia 14. Na ocasião, ele confessou à Polícia Civil ter matado 39 pessoas desde 2011. Entretanto, segundo informou o delegado titular da Delegacia Estadual de Investigação de Homicídios (DIH), Murilo Polati, o vigilante prestou novos depoimentos na companhia de advogados e reduziu o número de confissões para 29. A polícia afirma que continuará investigando todos os crimes confessados a princípio.
Entre as vítimas estão 15 dos 17 crimes investigados, inicialmente, por uma força-tarefa da Polícia Civil, formada por 16 delegados, 30 agentes e 10 escrivães, que começaram a atuar no dia 4 de agosto. Os outros assassinatos seriam contra homossexuais e moradores de rua.
Na segunda-feira (20), Tiago foi transferido da Delegacia Estadual de Repressão a Narcóticos (Denarc), na capital, ao Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia. Ele está preso em uma cela, sozinho, no Núcleo de Custódia, que é a unidade de segurança máxima do estado e tem capacidade para 80 presos. O vigilante terá a mesma rotina que os demais detentos, com direito a banho de sol diário e de receber visita aos finais de semana.
Durante a transferência ele chegou a dar um chute em um fotógrafo que acompanhava o procedimento na porta da delegacia. Depois, ao chegar ao Núcleo de Custódia, ameaçou matar os demais presos no local, segundo informou Murilo Polati.
Série de mortes
O primeiro crime da série de assassinatos contra mulheres, que levou à criação da força-tarefa, ocorreu em 18 de janeiro deste ano, quando Bárbara Luiza Ribeiro Costa, de 14 anos, foi executada por um motociclista no Setor Lorena Park, na capital. A morte mais recente foi a de Ana Lídia Gomes, em um ponto de ônibus do Setor Morada Nova, em 4 de agosto.
Bruna, Ana Lídia, Taynara, Rosirene e Juliana: vítimas do suposto serial killer (Foto: Arquivo Pessoal)
Dois dos crimes apurados pela força-tarefa não foram assumidos pelo
vigilante: a morte de Danielly Garmus da Silva, 23 anos, e a tentativa
de homicídio de Daiane Ferreira de Morais, 18. Entretanto, ele confessou
outras duas mortes de mulheres que eram apurados de forma independente
e, após a confissão, a polícia os incluiu nas investigações. São os
homicídios de Arlete dos Anjos Carvalho, 16, e de Edimila Ferreira
Borges, 18.Ao ser preso, Tiago revelou à polícia que interrompeu a sequência de mortes após o homicídio de Ana Lídia por medo de ser preso, informou o delegado Alexandre Bruno Barros. Entretanto, ele voltou a cometer uma agressão a uma mulher próximo a uma lanchonete no último dia 12.
Segundo a Polícia Civil, por causa desse crime, o jovem foi identificado em imagens registradas por câmeras de segurança. O caso foi incluído na força-tarefa. Segundo testemunhas, o motociclista de capacete vermelho, que seria Tiago, atirou na garota, mas a arma falhou. Então, ele deu um chute na boca dela. O vigilante acabou preso dois dias depois dessa agressão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário