Morreu Nelson Mandela, um exemplo de paz, coragem e união
por Patrícia ViegasHoje
Nelson Mandela quando celebrou o seu 94.º aniversário a 18 de julho de 2012 na sua casa em Qunu na África do Sul
Fotografia © Reuters
Nelson Mandela, primeiro presidente negro da África do Sul, morreu hoje
aos 95 anos de idade. O anúncio foi feito pelo Presidente Jacob Zuma,
que indicou que 'Madiba' terá um funeral de Estado.
"Ele está agora a descansar. Ele
está agora em paz. A nossa nação perdeu o seu maior filho. O nosso povo
perdeu um pai", disse o Presidente sul-africano, Jacob Zuma, numa
declaração televisiva.
'Madiba', nome carinhoso pelo qual era conhecido entre os sul-africanos, tinha sido hospitalizado por várias vezes ao longo dos últimos anos. Desde setembro que estava a receber tratamento em casa. Herói da luta contra o Apartheid, ex-líder do Congresso Nacional Africano (ANC) e Prémio Nobel da Paz, Mandela deixa um legado de paz, coragem e união à África do Sul e ao mundo.
Na página oficial de Nelson Mandela no Facebook foi colocada uma citação do ex-presidente, de 1996, em várias línguas, incluindo o português: "A morte é inevitável. Quando um homem fez o que considera seu dever para com seu povo e seu país, pode descansar em paz. Acredito ter feito esse esforço, e é por isso, então, que dormirei pela eternidade."
Em 2006, num documentário da MSNBC, Mandela falou sobre a morte: "Gostaria que se dissesse, 'Aqui jaz um homem que fez o seu dever na Terra', é tudo". Não se sabe para já se esse seu desejo será cumprido com tal simplicidade, mas o ex-chefe do Estado sul-africano bem pode estar certo de que cumpriu o seu dever.
Após 27 anos passados na prisão, 18 dos quais passados na Robben Island, enfrentou um regime racista branco, tendo-se preparado em várias outras ocasiões para morrer (quando estava a ser julgado e se preparava para ouvir a sentença pensava que ela seria a pena de morte).
Sem desejo de vingança, sem rancor acumulado, conseguiu uma transição para a democracia sem lugar para vinganças, tendo lançado as bases daquilo a que arcebispo anglicano Desmond Tutu chamou uma Nação Arco-Íris. E sempre através do exemplo, dando aos outros o exemplo, ensinando a perdoar.
Venceu as primeiras eleições livres na África do Sul, em 1994, tendo-se tornado o primeiro presidente negro daquela que é hoje a maior economia africana. Cumpriu apenas um mandato, deixando o poder de livre vontade, na esperança de dar o exemplo a outros líderes africanos e mundiais. Teve pouca sorte, pois poucos lhe seguiram os passos, sendo Joaquim Chissano e Pedro Pires, ex-presidentes de Moçambique e de Cabo Verde, dos poucos líderes africanos que não se agarraram de forma egoísta ao poder.
Hoje, a África do Sul, liderada pelo Presidente Jacob Zuma (que sucedeu a Thabo Mbeki no meio de uma luta fratricida pelo poder e pela liderança do ANC), enfrenta inúmeros desafios: desemprego, criminalidade elevada, conflitos laborais no setor mineiro (massacre de Marikana é uma página negra na história atual do país), com índices de pobreza ainda significativos e com números alarmantes de infectados com o VIH/Sida.
Mandela lutou sempre contra esta doença, que lhe levou um dos seus filhos, Makgatho. Em 2003, o ex-líder do ANC ofereceu o seu antigo número de prisioneiro na cadeia da ilha de Robben Island, o 46664, para servir de mote a um concerto e a uma campanha de luta contra o VIH/Sida.
"Nelson Mandela talvez seja o último dos heróis puros do nosso planeta. É o símbolo sorridente do sacrifício e da rectidão, venerado por milhões de pessoas, como um santo vivo", escreveu Richard Stengel, no seu livro 'O Legado de Mandela'. Stengel, hoje em dia editor da 'Time', foi o jornalista escolhido para ajudar o ex-líder sul-africano a escrever a sua autobiografia, 'Um Longo Caminho para a Paz'.
Nascido a 18 de julho de 1918, no Mvezo, Mandela é de etnia xhosa e membro da tribo dos tembu, tendo estudado em Fort Hare, formando-se advogado. Ao longo da sua vida casou três vezes e teve seis filhos, dos quais apenas três estão hoje em dia ainda vivos.
Com Evelyn Ntoko Mase esteve casado entre 1944 e 1958 e teve Maki 1 (nasceu em 1947 e morreu nove meses depois), Maki 2 (nasceu em 1954), Thembi (1946-1969) e Makgatho (1951-2005). Com Winnie Madkizela-Mandela esteve casado entre 1957 e 1996 e teve Zenani (nascida em 1959) e Zindzi (nascida em 1960). Com Graça Machel, viúva do ex-líder moçambicano Samora Machel, casou em 1998, quando fez 80 anos.
Foi ela a sua companheira de velhice. Em 2009, numa entrevista à CNN, Graça Machel confessava ser "de partir o coração observar o espírito e a chama de Mandela a extinguirem-se" à medida que ele envelhece. "Tem sido doloroso vê-lo envelhecer", disse ainda Machel na referida entrevista. Um ano antes, também à CNN, a ex-primeira-dama de Moçambique admitia que a única coisa que Mandela lamenta na vida é não ter passado mais tempo com os seus filhos.
'Madiba', nome carinhoso pelo qual era conhecido entre os sul-africanos, tinha sido hospitalizado por várias vezes ao longo dos últimos anos. Desde setembro que estava a receber tratamento em casa. Herói da luta contra o Apartheid, ex-líder do Congresso Nacional Africano (ANC) e Prémio Nobel da Paz, Mandela deixa um legado de paz, coragem e união à África do Sul e ao mundo.
Na página oficial de Nelson Mandela no Facebook foi colocada uma citação do ex-presidente, de 1996, em várias línguas, incluindo o português: "A morte é inevitável. Quando um homem fez o que considera seu dever para com seu povo e seu país, pode descansar em paz. Acredito ter feito esse esforço, e é por isso, então, que dormirei pela eternidade."
Em 2006, num documentário da MSNBC, Mandela falou sobre a morte: "Gostaria que se dissesse, 'Aqui jaz um homem que fez o seu dever na Terra', é tudo". Não se sabe para já se esse seu desejo será cumprido com tal simplicidade, mas o ex-chefe do Estado sul-africano bem pode estar certo de que cumpriu o seu dever.
Após 27 anos passados na prisão, 18 dos quais passados na Robben Island, enfrentou um regime racista branco, tendo-se preparado em várias outras ocasiões para morrer (quando estava a ser julgado e se preparava para ouvir a sentença pensava que ela seria a pena de morte).
Sem desejo de vingança, sem rancor acumulado, conseguiu uma transição para a democracia sem lugar para vinganças, tendo lançado as bases daquilo a que arcebispo anglicano Desmond Tutu chamou uma Nação Arco-Íris. E sempre através do exemplo, dando aos outros o exemplo, ensinando a perdoar.
Venceu as primeiras eleições livres na África do Sul, em 1994, tendo-se tornado o primeiro presidente negro daquela que é hoje a maior economia africana. Cumpriu apenas um mandato, deixando o poder de livre vontade, na esperança de dar o exemplo a outros líderes africanos e mundiais. Teve pouca sorte, pois poucos lhe seguiram os passos, sendo Joaquim Chissano e Pedro Pires, ex-presidentes de Moçambique e de Cabo Verde, dos poucos líderes africanos que não se agarraram de forma egoísta ao poder.
Hoje, a África do Sul, liderada pelo Presidente Jacob Zuma (que sucedeu a Thabo Mbeki no meio de uma luta fratricida pelo poder e pela liderança do ANC), enfrenta inúmeros desafios: desemprego, criminalidade elevada, conflitos laborais no setor mineiro (massacre de Marikana é uma página negra na história atual do país), com índices de pobreza ainda significativos e com números alarmantes de infectados com o VIH/Sida.
Mandela lutou sempre contra esta doença, que lhe levou um dos seus filhos, Makgatho. Em 2003, o ex-líder do ANC ofereceu o seu antigo número de prisioneiro na cadeia da ilha de Robben Island, o 46664, para servir de mote a um concerto e a uma campanha de luta contra o VIH/Sida.
"Nelson Mandela talvez seja o último dos heróis puros do nosso planeta. É o símbolo sorridente do sacrifício e da rectidão, venerado por milhões de pessoas, como um santo vivo", escreveu Richard Stengel, no seu livro 'O Legado de Mandela'. Stengel, hoje em dia editor da 'Time', foi o jornalista escolhido para ajudar o ex-líder sul-africano a escrever a sua autobiografia, 'Um Longo Caminho para a Paz'.
Nascido a 18 de julho de 1918, no Mvezo, Mandela é de etnia xhosa e membro da tribo dos tembu, tendo estudado em Fort Hare, formando-se advogado. Ao longo da sua vida casou três vezes e teve seis filhos, dos quais apenas três estão hoje em dia ainda vivos.
Com Evelyn Ntoko Mase esteve casado entre 1944 e 1958 e teve Maki 1 (nasceu em 1947 e morreu nove meses depois), Maki 2 (nasceu em 1954), Thembi (1946-1969) e Makgatho (1951-2005). Com Winnie Madkizela-Mandela esteve casado entre 1957 e 1996 e teve Zenani (nascida em 1959) e Zindzi (nascida em 1960). Com Graça Machel, viúva do ex-líder moçambicano Samora Machel, casou em 1998, quando fez 80 anos.
Foi ela a sua companheira de velhice. Em 2009, numa entrevista à CNN, Graça Machel confessava ser "de partir o coração observar o espírito e a chama de Mandela a extinguirem-se" à medida que ele envelhece. "Tem sido doloroso vê-lo envelhecer", disse ainda Machel na referida entrevista. Um ano antes, também à CNN, a ex-primeira-dama de Moçambique admitia que a única coisa que Mandela lamenta na vida é não ter passado mais tempo com os seus filhos.
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