sábado, 28 de dezembro de 2013

Um morto por disparos contra acampamento de manifestantes em Bangcoc

Um morto por disparos contra acampamento de manifestantes em Bangcoc
Por Anusak KONGLANG (AFP)
Bangcoc — Um manifestante tailandês faleceu neste sábado depois que um homem abriu fogo contra um acampamento de protesto erguido perto da Casa de Governo, no último episódio de uma crise política sem fim.
Oito pessoas morreram à margem das manifestações, a maioria em circunstâncias obscuras como essas. Cerca de 400 pessoas sofreram ferimentos em dezembro, algumas baleadas, entre elas jornalistas.
Três pessoas ficaram feridas neste último ataque e foram hospitalizadas, declarou o centro de atendimento Erawan. O agressor conseguiu escapar.
Na Tailândia, a intervenção deste atirador não identificado, que lança mais lenha na fogueira desta crise, não tem nada de novo e, em geral, os dois campos se acusam mutuamente da provocação.
Este ataque registrado em plena noite ocorreu dois dias depois de episódios de violência que deixaram dois mortos (um policial e um manifestante) e mais de 150 feridos, quando os manifestantes tentaram tomar o estádio de Bangcoc, onde iriam ocorrer as inscrições dos candidatos para as próximas legislativas.
A primeira-ministra, Yingluck Shinawatra, enfrenta uma mobilização que não cessa - apesar de uma pausa esperada por ocasião das festas de Ano Novo - e que recentemente levou às ruas mais de 150.000 manifestantes diários.
Eles exigem há semanas sua renúncia, acusando-a de ser um fantoche de seu irmão, Thaksin Shinawatra, ex-primeiro-ministro exilado após um golpe de Estado conta ele em 2006.
Os manifestantes, coalizão de membros das elites de Bangcoc e de agricultores pobres do sul do país, compartilham seu ódio com Thaksin e seu regime, símbolo de corrupção generalizada, em uma sociedade profundamente dividida pró e anti-Thaksim.
Chegaram a ocupar ministérios e inclusive o complexo da sede do Governo, que até agora demonstra uma tolerância extrema.
Criar caos político
A oposição, que renunciou em bloco ao Parlamento e obrigou, assim, a primeira-ministra a uma dissolução, é acusada de querer recriar uma situação similar à de 2006, quando o Exército interveio após vários meses de caos político.
Negando-se a participar das legislativas antecipadas fixadas em 2 de fevereiro de 2014, o Partido Democrata, principal formação opositora, apela para o radicalismo e rejeita todas as mediações propostas.
Nas ruas permanecem agora os mais radicais, como os que na quinta-feira atacaram o estádio onde estavam as autoridades da comissão eleitoral e as obrigaram a fugir de helicóptero.
Neste sábado, em várias províncias do sul da Tailândia, bastião da oposição, os manifestantes impediram a inscrição dos candidatos.
Os manifestantes exigem a substituição do Governo por um "Conselho do Povo" não eleito, durante 18 meses, antes de realizar novas eleições. Um programa que gera muitas inquietações quanto aos seus princípios democráticos.
A crise atual é a pior desde 2010, quando 100.000 "camisas vermelhas" fiéis a Thaksin ocuparam durante dois meses o centro de Bangcoc, antes de um ataque do Exército (mais de 90 mortos e 1.900 feridos).
A grande incógnita continua sendo a reação do exército em um país que viveu 18 golpes de Estado ou tentativas desde o estabelecimento da monarquia constitucional, em 1932.
Muito enfraquecido aos 86 anos, o rei Bhumibol Adulyadej defendeu no início de dezembro a estabilidade do país, mas não interveio desde então no que se refere à crise.
Os generais parecem, no momento, reticentes em intervir, embora o general Prayut Chan-O-Cha, poderoso chefe do Exército de Terra, tenha tido palavras ambíguas na sexta-feira.
"A porta não está aberta nem fechada. Tudo pode acontecer", disse, ao ser perguntado sobre a possibilidade de um golpe de Estado.

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