sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Quadrilha que vendia vagas em medicina fraudou Enem, diz polícia


Quadrilha que vendia vagas em medicina fraudou Enem, diz polícia
Investigação aponta que grupo pagou R$ 10 mil para fiscal vazar prova. Esquema cobrava até R$ 100 mil de candidatos em Barbacena.


Foto: g1.globo.com
 
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A quadrilha presa no início de dezembro por suspeita de venda de vagas em cursos de medicina em Minas Gerais e no Rio de Janeiro também é investigada por fraude no Exame Nacional de Ensino Médio (Enem), de acordo com o delegado Fernando José Lima, que presidiu o inquérito. Ainda segundo a polícia, a fraude ocorreu no exame deste ano, em Barbacena, na Zona da Mata mineira. O funcionamento do esquema foi revelado pela Polícia Civil nesta quinta-feira (19), em Belo Horizonte.

"A quadrilha descobriu que o método de fiscalização do Enem era mais brando pela falta de detectores de metais", disse. Ainda segundo o delegado, os fiscais do exame na cidade também não pediam que candidatos de cabelos longos prendessem os cabelos. Dessa forma, favoreceu o uso de escutas por pessoas que contrataram a quadrilha.

De acordo com as investigações, o suspeito de ser o chefe da organização criminosa teria pagado R$ 10 mil a um fiscal da prova em Barbacena, que, nos dois dias do exame, vazou os cadernos de cor amarela para um integrante da quadrilha. O delegado diz que isso ocorreu com agilidade, logo no início da prova, para que as questões fossem respondidas e passadas por ponto eletrônico e mensagem de celular a candidatos participantes da fraude. Segundo a Polícia Civil, o fiscal ainda não foi identificado.

A apuração do caso mostra que, mesmo sem receber o caderno amarelo, o candidato marcava esta opção de cor no gabarito e reproduzia a frase de confirmação que consta em todas as provas da mesma cor. A frase era enviada aos candidatos pelo chefe da quadrilha. Ainda segundo a polícia, houve falha na conferência da marcação do gabarito pelos aplicadores da prova. Em alguns casos, candidatos usaram uma caneta que permitia ter a tinta apagada.

O delegado afirmou que o preço cobrado aos candidatos era entre R$ 70 mil e R$ 100 mil pelas respostas, mas ainda não há um levantamento do número de pessoas que podem ter sido beneficiadas no exame. Ainda segundo Lima, o candidato era orientado a estudar para a redação, que não poderia ser fraudada.

De acordo com a polícia, o pagamento seria feito depois que os candidatos conseguissem as vagas em universidades federais. A confirmação das vagas só será feita com a divulgação do resultado do Sisu.

No dia 3 de dezembro, 21 pessoas foram presas na Operação "Hemostase", suspeitas de fraudar vestibulares de 11 instituições de ensino superior em Minas e no Rio de Janeiro.

Cinco seguem detidas em Caratinga, no Vale do Rio Doce, em Minas Gerais, incluindo dois suspeitos de atuar na fraude do Enem em Barbacena. Os demais, segundo a polícia, colaboraram com as investigações e, por isso, vão responder em liberdade.

A partir de agora, a investigação vai ser assumida pela Polícia Federal. Segundo o delegado Paulo Henrique Barbosa, há indícios de fraudes do Enem e os possíveis beneficiados vão ser investigados.

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) informou, por meio de nota no início da tarde desta quinta-feira que a segurança durante a aplicação do Enem é feita antes, durante e após as provas, com o acompanhamento da Polícia Federal.

O Inep ainda disse que acompanha os desdobramentos das investigações da Operação Hemostase, e que, até o momento, segundo a Polícia Federal, não existe qualquer elemento que indique, mesmo que de forma pontual, o beneficiamento de qualquer candidato.

O instituto ainda disse que, conforme previsto no edital do Enem, os candidatos que forem identificados como beneficiados pelo esquema serão eliminados.

    Fonte: g1.globo.com

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