segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Vinte e quatro mortos em novos confrontos na Praça Tahrir


CAIRO, Egito — Novos choques entre a polícia e os manifestantes que pedem o fim do governo do Exército foram registrados nesta segunda-feira na Praça Tahir, no Cairo, com a junta militar no governo enfrentando sua pior crise desde que Hosni Mubarak foi derrubado.
Os confrontos, que deixaram 24 mortos em três dias, de acordo com o Ministro do Interior, ameaçam prejudicar as primeiras eleições do país desde a saída de Mubarak em fevereiro.
Houve confrontos também na cidade mediterrânea de Alexandria, segundo a televisão estatal.
Centenas de pessoas ficaram feridas durante os protestos em Cairo, Alexandria e na cidade do canal de Suez.
A polícia e forças militares usaram cassetetes, gás lacrimogêneo e balas de borracha contra os milhares de manifestantes na Praça Tahir, que pediam pelo terceiro dia consecutivo, que o governo militar ceda o poder para uma autoridade civil.
O Ministro da Cultura, Emad Abu Ghazi, renunciou em uma resposta do governo aos protestos, disse ele à agência de notícias oficial MENA.
À tarde, milhares de pessoas se reuniram na Praça Tahrir - o coração simbólico dos protestos que derrubaram Mubarak.
Os choques deram início a uma violenta contagem regressiva para as eleições parlamentares do país, no dia 28 de novembro.
"Guerra na Praça", dizia a manchete do jornal estatal Al-Akhbar, enquanto o jornal liberal Wafd dizia que o "Egito está em um vulcão prestes a entrar em erupção".
A Bolsa de Valores do Egito caiu 4,04% no fechamento desta segunda-feira, com o principal índice EGX-30 caindo 3.860.000 pontos.
O chefe da Liga Árabe, Nabil al-Arabi, pediu que todas as forças políticas pressionem pelo processo democrático.
Ele as encorajou a "trabalhar pela calma e pelo processo político e avançar em direção ao processo de mudanças democráticas baseado nos princípios de liberdade, dignidade e justiça social sobre os quais a revolução de 25 de janeiro foi fundada".
Os primeiros confrontos eclodiram no sábado, um dia depois de uma multidão se reunir pacificamente contra os militares na praça, recomeçando no domingo e continuando durante a noite na segunda, de acordo testemunhas e com o que cenas de televisão mostraram.
A polícia e as tropas, no domingo, dominaram a praça, mas tiveram que recuar sob ataque dos manifestantes, como também aconteceu no sábado.
Houve confrontos pesados nas ruas laterais que levam ao Ministério do Interior, enquanto manifestantes entoavam "O povo quer derrubar o marechal em campo" - Hussein Tantaui, ministro da Defesa de longa data que lidera o atual governo militar.
O gabinete do Egito, que se reuniu durante várias horas no domingo em discussões sobre a crise, garantiu em um comunicado que as eleições parlamentares da próxima semana estão mantidas.
O Conselho Supremo das Forças Armadas (SCAF) indicou em um comunicado transmitido pela televisão estatal que "se arrependia" do que estava acontecendo e que está comprometido com o calendário das eleições.
Anteriormente, Mohsen al-Fangari, um membro do Conselho, tinha insistido que a eleição será realizada como planejado e que as autoridades estarão aptas para garantir a segurança.
"Nós não vamos concordar com os pedidos para adiar as eleições. As Forças Armadas e o Ministério do Interior são capazes de garantir a segurança dos centros de votação", disse Fangaria em um talk-show do canal via satélite egípcio Al-Hayat.
Muitas figuras políticas proeminentes e intelectuais, incluindo o ex-chefe da Agência Internacional de Energia Nuclear Mohamed ElBaradei tinham pedido o adiamento das votações legislativas.
Eles apresentaram um novo mapa da transição em que uma Assembleia Constituinte eleita elaboraria uma Constituição e uma eleição presidencial seria realizada, seguida de eleições parlamentares.
A manifestação de sexta-feira, que reuniu ativistas islâmicos e seculares, pediu que os militares transfiram poder para um governo civil e um controle maior sobre a Constituição a ser elaborada.
Os manifestantes pediram a retirada de um documento do governo que propõe princípios supra-constitucionais, que permitiriam que os militares mantivessem algum controle sobre as questões do país e manter o orçamento longe do escrutínio público.
Os militares dizem que irão transferir poder depois das eleições presidenciais, que ainda serão marcadas.

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