sexta-feira, 25 de novembro de 2011

A estudante Verônica Verone, acusada de matar o empresário Fábio Gabriel Rodrigues em um motel de Itaipu, disse que matou o rapaz porque o confundiu com o próprio pai

“É possível dois amigos irem ao motel só para beber e conversar. Pode sim existir amizade entre um homem e uma mulher"(advogado de defesa, Rodolfo Thompson)
 

Em depoimento de mais de uma hora durante audiência realizada ontem na 3ª Vara Criminal de Niterói, a estudante Verônica Verone, de 18 anos, acusada de matar por enforcamento o empresário Fábio Gabriel Rodrigues, de 33, em um motel de Itaipu no dia 14 de maio, disse que matou o rapaz porque, em um momento de loucura o confundiu com o pai dela (já falecido). Ela afirmou que o empresário teria tentado estuprá-la da mesma forma que o pai dela teria feito, muitos anos antes.

“Ele estava muito bêbado, me puxou dizendo ‘vem cá’”, e começou a tirar meu short. Fiquei cega, vi o rosto do meu pai e quis agredi-lo com um cinto. Senti até o cheiro do meu pai. Agora caiu a ficha. Não matei o Fábio, mas o meu pai, que vi no meu amigo. Mas, não tive intenção de matá-lo. Apenas quis agredi-lo", declarou Verônica, alegando nunca antes ter ido a um motel.

A “loira do motel”, como ficou conhecida, negou que tivesse qualquer relacionamento amoroso com a vítima e que os dois eram apenas amigos.

“Nunca tivemos nada nem uma relação sexual. Havia somente amizade. Ele era como um pai para mim. Eu me sentia segura com Fábio, mas, às vezes, ele confundia as coisas, tendo ciúmes de mim com os meus namorados”, relatou a ré ao juiz Peterson Barroso Simões, que presidiu a audiência.

Verônica explicou que tinha se encontrado com a vítima no dia do crime em um bar de Itaipu, onde ele já teria, segundo ela, chegado bêbado. Ela disse que levou-o até a casa dela, onde o rapaz tomou um banho e pediu para beber mais. Ela, então, disse à mãe que iria levar Fábio para casa, onde ele morava com a mãe dele, mas, no meio do caminho, o empresário pediu para parar numa favela para comprar drogas. A estudante acrescentou que estas seriam usadas no motel, onde eles, além disso, iriam apenas beber, acrescentando que nunca usou entorpecentes.

Verônica chorou em seu depoimento, o que levou a audiência a ser interrompida por três minutos. No final, ela foi levada de volta ao Hospital Psiquiátrico Heitor Carrilho, no Estácio, Zona Norte do Rio, onde está internada. A promotoria e a defesa aguardam laudo médico da instituição, que informará se a estudante estava ou não em um momento de incapacidade mental na hora do crime. Se ficar provado que não, a ré poderá ir a júri popular. O laudo ficará pronto em dez dias.

“Ninguém vai com amigo ao motel, menos ainda só para beber. O depoimento dela é muito contraditório”, observou o promotor de justiça Leandro Navega.

“É possível dois amigos irem ao motel só para beber e conversar. Pode sim existir amizade entre um homem e uma mulher. Verônica teve uma vida traumática desde que nasceu”, afirmou o advogado de defesa, Rodolfo Thompson.

Depuseram também outras testemunhas de defesa, como a mãe da ré, Elizabeth Verone Paiva; um psiquiatra, uma psicóloga que cuidou dos pais dela, um tio materno e uma amiga da família. A audiência durou cinco horas.

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