Ministro diz que protestos pró-impeachment cheiram a "golpe"
Pepe Vargas, que cuida da articulação política do governo, acredita que parte dos manifestantes não apoiam retirada de Dilma
O ministro das Relações
Institucionais, Pepe Vargas, disse nesta quinta-feira (12) que protestos
para defender o impeachment da presidente Dilma Rousseff cheiram a
"golpe" e isso é "inadmissível".
A avaliação do ministro, que é responsável pela
articulação política do governo, ocorre três dias antes das
manifestações contra a petista que estão sendo convocadas no Brasil
inteiro, e um dia depois do PSDB, maior partido de oposição, ter chamado
sua militância para integrar os protestos.
"Há uma presidente no exercício do seu cargo e
ungida pelas urnas. E falar em impeachment, com todo respeito, é
desrespeitar a vontade majoritária da população brasileira que foi às
urnas, é algo que cheira a golpe e isso é inadmissível", disse o
ministro a jornalistas nesta quinta-feira, após participar de um café da
manhã com líderes aliados da Câmara.
Questionado se todos que forem às ruas no
domingo pedindo o impeachment seriam golpistas, o ministro afirmou que
não acredita que só haverá manifestantes pedindo isso nas ruas. "Acho
que não vai todo mundo para a rua no domingo a favor do impeachment.
Essa é a tese de alguns da oposição sim", argumentou.
Pepe é o primeiro ministro a classificar as
manifestações pró-impeachment como "golpe". Esta semana, a presidente e o
ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, disseram que a contestação
do resultado das urnas seria um "terceiro turno" das eleições.
A manifestação do ministro ocorre um dia depois
de o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), convocar a
militância tucana para ir às ruas protestar contra o governo. Aécio, que
perdeu as eleições presidenciais no segundo turno para Dilma, disse que
não irá aos protestos para não reforçar o discurso de terceiro turno.
O governo acompanha com apreensão as
manifestações convocadas para domingo, ainda mais depois de a presidente
ter sido vítima de protestos e panelaços em várias cidades do País
enquanto fazia um pronunciamento na TV no último domingo.
Uma fonte do governo disse à Reuters, sob
condição de anonimato, que Dilma pediu aos principais ministros que
permaneçam em Brasília no domingo para analisar a repercussão e o
impacto das manifestações.
Uma outra fonte do Palácio do Planalto afirmou,
também pedindo para não ter seu nome revelado, que o governo está
monitorando nas redes sociais as convocações para os protestos. "O que
estamos vendo é que há muitos robôs operando nas convocações e tentando
inflar os protestos", disse a fonte.
Dilma
enfrentará a onda de protestos no momento em que o governo passa por
uma crise política com o Congresso, tenta levar adiante uma série de
medidas para fazer um forte ajuste fiscal e vê sua popularidade no menor
nível.
Uma pesquisa do instituto Datafolha mostrou, no
começo de janeiro, que apenas 23% da população considera a gestão da
petista como ótima ou boa.
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