APOIADORES DE COTA A CÔNJUGE GASTAM R$ 2 MI EM VOO.
Este foi o valor gasto pelos cinco integrantes da Mesa Diretora que
aprovaram a liberação da cota da Câmara para transportar esposa e marido
de parlamentar. Eduardo Cunha e Waldir Maranhão aparecem entre os mais
gastadores.
Os cinco membros da Mesa Diretora da Câmara que votaram a favor da
concessão de passagens aéreas a cônjuges de deputados gastaram, na
legislatura passada, aproximadamente R$ 2 milhões em voos. Dois deles, o
presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e o vice-presidente,
Waldir Maranhão (PP-MA), estão entre os 15 parlamentares que mais
gastaram com esta cifra entre fevereiro de 2011 e janeiro de 2015.
Além de Cunha e Maranhão, também votaram a favor do benefício o 2º
vice-presidente da Mesa, Fernando Giacobo (PR-PR); o 1º secretário, Beto
Mansur (PRB-SP), e o 2º secretário, Felipe Bornier (PSD-RJ). Mara
Gabrilli (PSDB-SP) e Alex Canziani (PTB-PR) 3ª e 4º secretários foram os
únicos titulares a votarem contra a medida. Somente os sete titulares
da Mesa Diretora têm direito a voto. Os quatro suplentes apenas opinam
sobre eventuais decisões da Mesa. Os dados são de levantamento do
Congresso em Foco com base em informações da Câmara reunidos no site da
Operação Política Supervisionada (OPS).
Somente o deputado Waldir Maranhão gastou, na legislatura passada, R$
592 mil em voos em todo o Brasil. Maranhão é o deputado que registrou a
sétima maior despesa com transporte aéreo entre todos os parlamentares.
Em média, Maranhão gastou R$ 12,3 mil em passagens aéreas todos os
meses. O equivalente a duas passagens de ida e volta para China,
mensalmente. Esse também é o custo de 24 bilhetes ao mês de ida e volta
para São Luís, onde o deputado mora, com compra antecipada.
Em março do ano passado, Waldir Maranhão gastou R$ 28,9 mil em passagens
aéreas em um único mês. Foram 35 passagens (32 para ele e três para um
assessor parlamentar) – 90% delas para o trecho São Luís e Brasília. Mas
também houve passagens para São Paulo e Belo Horizonte. Em novembro do
ano passado, o vice-presidente da Câmara gastou R$ 28,1 mil. Na lista de
viagens de Maranhão, além das idas para a capital maranhense, estão
deslocamentos para Curitiba, Teresina e Vitória.
Já Eduardo Cunha gastou, sozinho durante a legislatura passada, R$ 527
mil. Entre todos os parlamentares, ele foi o que registrou o 12º maior
gasto. Bornier teve a 44ª maior despesa entre os deputados, com R$ 438
mil. Giacobo gastou R$ 275 mil e Mansur, R$ 151 mil em voos. Giacobo
teve o 181º maior gasto e Mansur, o 388º. Dos cinco titulares da Mesa
que aprovaram a proposta, três são casados: Maranhão, Cunha e Mansur. O
peemedebista foi o único a declarar que não utilizará a verba pública
para transportar a esposa, a jornalista Cláudia Cruz.
Nesta segunda-feira (2), o presidente da Câmara afirmou que vai rever a
regra que autoriza o pagamento de passagens aéreas a cônjuges de
parlamentares. Até a tarde desta segunda, seis partidos já se
manifestaram contra o benefício. Essas seis bancadas somam 181 deputados
– ou 35% da Casa.
Cunha afirmou que levará o assunto para a próxima reunião da Mesa
Diretora da Câmara, nesta terça-feira. “Vamos debater com a Mesa. O que
eu posso afirmar é que haverá um recuo. Agora, qual tipo de recuo que
nós vamos fazer, deixa que a Mesa decida em conjunto pra não ser uma
ação voluntarista”, afirmou o presidente da Casa. Em princípio, a Câmara
não acabará com o benefício, ele ficará sujeito à autorização da Mesa
Diretora. Nesse caso, segundo o peemedebistas, voos de esposas e maridos
de parlamentares ocorreriam apenas em situações excepcionais. “Todos
nós podemos ter uma convicção e depois constatar que essa convicção não
teve a receptividade da opinião pública que nos permita mantê-la”,
pontuou.
Os gastos da Mesa Diretora com passagens na legislatura passada:
Waldir Maranhão (PP-MA) R$ 592.409,41
Eduardo Cunha (PMDB-RJ) R$ 527.786,10
Felipe Bornier (PSD-RJ) R$ 438.749,92
Fernando Giacobo (PR-PR) R$ 275.409,58
Beto Mansur (PRB-SP) R$ 151.710,55
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