quarta-feira, 4 de março de 2015

Crítica 2 | Simplesmente Acontece

Crítica 2 | Simplesmente Acontece

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Nota3.0

Clichês não Simplesmente Acontecem

Já discuti aqui a falta de originalidade (não de premissa, mas de estrutura de roteiro e narrativa) nos filmes de terror recentes, com o meu texto sobre Renascida do Inferno. Infelizmente, terei que voltar ao tema com este novo texto, dessa vez envolvendo as comédias (ou dramas) românticos juvenis. Baseado no livro de Cecelia Ahern, Simplesmente Acontece traz uma história de amor muito usada no cinema, a de melhores amigos que se descobrem apaixonados, mas são incapazes de consumar o ato até o desfecho.
Tal texto é mais do que reciclado, e o roteiro de Juliette Towhidi (Garotas do Calendário) e a direção do alemão Christian Ditter (em seu filme americano de estreia) não fazem nada para tirá-lo da mesmice. Se fosse uma obra planejada estrategicamente para conter o maior número de clichês e situações piegas por frame, talvez Simplesmente Acontece merecesse algum tipo de prêmio, porque o realiza com êxito.
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Um dos fatores, por exemplo, é a trilha sonora, recheada de canções pop de variadas épocas. Uma boa trilha, mas que começa a irritar quando percebemos que está pontuando, através de suas letras, a história. Quando a protagonista Rosie se vê sozinha de novo, cabisbaixa no quarto, temos tocando “Alone Again (Naturally)”, de Gilbert O´Sullivan. Quando percebe que deve se declarar para seu verdadeiro amor, “Suddenly I See”, de KT Tunstall é a pedida. Quando pega no flagra a traição do marido, o hit é “Fuck You”, de Lily Allen. E por aí vai. Mais óbvio impossível.
Fora isso, temos as infames montagens, recurso obrigatório e preguiçoso para a maioria dos enlatados em massa. Essas são as cenas para mostrar como a vida dos personagens está correndo, com o passar do tempo, sem verdadeiramente precisar mostrar nada importante. Dessa forma, temos uma colagem de situações sem diálogos, como as cenas da protagonista preparando a filha para o colégio, ou na praia dando chance para o novo companheiro. Outro exemplo de clichê bem ruim, que parece apenas existir no universo de filmes – sem qualquer apego com a realidade – é no citado flagra da traição. E como a personagem resolve tal momento de grande trauma para qualquer humano? Bem, ela dá um soco na cara do sujeito canalha, solta um sorrisinho logo em seguida, concluindo assim o problema de tal situação.
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Quer mais? Então, toma. Simplesmente Acontece também sofre do mal preconceituoso, que estipula que qualquer mulher que tenha passado pela vida de seu objeto de afeto, mesmo que a protagonista sequer a conheça, é naturalmente sua rival para a vida. E por que não? Tudo isso para reforçar que o filme é simplesmente bobinho e inocente demais. Parece ter sido criado por adolescentes e não apenas mirado a eles. Ou melhor, elas. Por falar em adolescentes, quem mais sofre é a gracinha azarada Lily Collins, filha do icônico Phil Collins, cujo carisma não é nem de longe o suficiente para impulsionar essa produção leve como uma pluma.
Collins se destacou como a filha de Sandra Bullock em Um Sonho Possível (2009), filme que deu o Oscar para a veterana. De lá para cá, Collins esteve metida em uma furada atrás da outra, com filmes como Padre (2011), Sem Saída (2011), Espelho, Espelho Meu (2012) e Os Instrumentos Mortais (2013). A sorte da menina de 26 anos (e aparência de 15) poderá mudar este ano, com o lançamento do novo filme escrito, dirigido e estrelado pelo veterano Warren Beatty (saindo da aposentadoria) – do qual faz parte do elenco.

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