"Defender impeachment neste momento é golpe", diz Pepe Vargas
Por
- iG Brasília
Em conversa com o iG, ministro também defendeu o novo modelo de articulação adotado pelo governo, que incorpora ministro de outras pastas na função própria de sua secretaria. Para Pepe, isto não esvazia suas funções no Planalto
Às voltas com as últimas revoltas na base
do governo e com sua própria sobrevivência na coordenação política, o
ministro Pepe Vargas, da Secretaria de Relação Institucionais (SRI),
saiu em defesa do governo e criticou as manifestações que pedem o
impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Para ele, não
há outra palavra a não ser “golpe” para definir a principal
reivindicação dos protestos que deverão tomar as ruas das principais
cidades do País no domingo (15). “Defender impeachment neste momento é golpe”, disse o ministro em entrevista ao iG.
“Nós
temos uma normalidade constitucional e democrática no Brasil. Defender
impeachment neste momento, com uma presidente que foi eleita
legitimamente pelo voto popular
e que não tem nenhum crime de responsabilidade aferido a ela, é golpe.
Não tem outra palavra para dizer”, considerou o ministro.
Pepe
ressaltou que o governo não questiona a legitimidade das manifestações.
“ O direito manifestação é constitucional. As pessoas têm o direito de se organizar,
todos nos sabemos que boa parte deste movimento chamado para o domingo é
articulado pela oposição, o que é legítimo, extremamente legítimo. Isto
não tem problema. O que não é legítimo é querer romper a ordem
constitucional brasileira. Isto é inaceitável”, disse.
“Em uma eleição há vitoriosos e derrotados. Nós fomos vitoriosos e há que se respeitar este resultado das urnas”, enfatizou.LEIA: Do impeachment ao golpe militar: atos contra Dilma têm discurso fragmentado
Somando esforços na articulação
Após a decisão da presidente de incorporar ministros de outros partidos na articulação política do governo, Pepe tem lidado com o constante questionamento de seu papel à frente da pasta. O ministro, no entanto, sai na defesa do novo modelo adotado pela presidente Dilma em meio a crise dentro da base e diante da perspectiva dos protestos contra o governo.
“O nosso objetivo é que todos os ministros façam muita articulação política com o Congresso Nacional. Se em um ministério a articulação com o Congresso não está boa, se deixa de atender, mesmo que seja para dizer não, isso reflete na articulação política. Então nós queremos todos os ministros, os que fazem parte da coordenação e os que não fazem parte, atuando fortemente na articulação política”, disse o ministro.
“Isto não esvazia a secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República. Pelo contrário. Isto a fortalece”, disse o ministro que evitou falar sobre sua possível saída da pasta. “Esta é uma decisão da presidente, é obvio que o PMDB buscas seus espaços, o que é legítimo”, ponderou.
“O que tem até agora são as famosas questões em off e em off a gente não responde com todo respeito. Alguém vem e defende seriamente uma proposta, ou esta proposta não tem seriedade", disse Pepe Vargas.
Muito da dificuldade de articulação do governo é atribuída à presidente Dilma Rousseff
por integrantes de partidos aliados que reclamam de uma postura
centralizadora. Pepe, no entanto, apontou o esforço que a presidente
Dilma tem feito para ajudar na articulação, neste início de segundo
mandato, quando o Planalto sentiu o humor do Congresso, abalado pela
disputa na eleição da Câmara e pelos recentes pedidos de investigação
contra políticos apresentados pelo procurador-geral da República,
Rodrigo Janot.
“Nos últimos dias há um processo de
recomposição da base do governo e de capacidade de resposta do governo
que é muito efetiva. Parte se deve ao trabalho da SRI [Secretaria de
Relações Institucionais] e parte se deve ao conjunto do trabalho do governo
de vários ministérios atuando na relação com o Congresso Nacional”,
disse o ministro. “A presidente participou ativamente deste processo”,
ressaltou.
O ministro ainda ressaltou que o processo de ajuste fiscal do governo
é momentâneo e reconheceu a incapacidade do governo de demonstrar as
razões das medidas e o quanto o País melhorou nos últimos anos. “O
Brasil não está pior do que estava há 10 anos” ressaltou.
“As pessoas saíram da miséria, as pessoas foram para a classe média. Outro dia eu li um artigo que dizia: A nova classe
média está com algumas dificuldades. Eu quero dizer que, pode ser que
estas pessoas estejam com dificuldades, agora, dificuldades elas tinham
quando ainda nem eram uma nova classe média”, ponderou. “Eu acho que a
gente está tendo pouca capacidade de dizer isso para a população”,
reconheceu.
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