Parentes de policiais mortos protestam no Rio.
Parentes de policiais mortos protestam em Copacabana.
Parentes de policiais mortos e feridos durante a atividade profissional
se reuniram hoje (25) na orla de Copacabana, na zona sul do Rio. Eles
protestaram contra a violência que atinge os militares e denunciaram que
31 policiais morreram neste ano e 117 ficaram gravemente feridos. No
ano passado, as famílias contabilizaram 81 mortos.
De acordo com uma das organizadoras do protesto, a cabo da Polícia
Militar (PM) Flávia Louzada, a morte de policiais está banalizada.
“Temos muitos mortos em apenas cinco meses: 31. No ano passado, foram
81. As pessoas esquecem que nosso trabalho é combater a violência e,
neste momento, estamos sendo vítimas da violência que combatemos”,
disse. Segundo ela, a maioria dos policiais militares mortos é jovem,
com menos de 30 anos, em início de carreira.
Flávia também denunciou que os jovens têm se tornado alvo preferencial
nas unidades de Polícia Pacificadora (UPP). “Os policiais que estão indo
para as UPP são recém-formados e, muitas vezes, têm tanto medo de
errar, de dar um tiro mal dado e de ter sua carreira interrompida, sendo
preso ou excluído, que ele se preocupa mais em não errar do que perder a
vida”, disse. Para ela, as UPP “estão dando certo”, mas ainda há
resistência em algumas comunidades.
Atingido durante um atentado contra a UPP da Cora, Fallet e Fogueteiro,
no centro, em 2011, o PM Alessander de Oliveira Silva perdeu as duas
pernas. À frente da caminhada em defesa da vida dos policiais, ele
prestou apoio ao colegas de profissão. “Sofri um atentado, com granada, lançada
pelos traficantes da localidade, fiquei 23 dias internado, sendo 11 em
coma, sem a minha família saber que ia sobreviver, e agora estou aqui
para expor nossa dor”, declarou.
Na manifestação, os parentes também cobraram apoio para conseguir benefícios,
como pensão e seguro de vida, além de melhores condições de trabalho
para os militares. “Eles ficam expostos. A cabeça vira alvo [dos
criminosos], sem nada para proteger, e os coletes são ruins”, denunciou
Patrícia Poydó, irmã do soldado Marcelo Poydó, morto em abril deste ano.
Presente ao ato, o deputado federal Jair Bolsonoro (PP-RJ), que é
militar reformado, disse que os policiais sofrem com insegurança
jurídica e acabam não reagindo para se proteger. “Uma coisa é eu te
atingir com um tiro e outra é você ser atingido em uma troca de tiro por
mim”, declarou. Segundo ele, ao atirar em legítima defesa, os policiais
têm que responder a processo e podem acabar expulsos da corporação. “A segurança pública tem que ter regras, mas não essas”, comentou.
O presidente da Comissão Nacional de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil,
Wadih Damous, prestou apoio à manifestação e destacou que a “polícia do
Rio de Janeiro é a que mais morre e a que mais mata”. Ele considera
que, ao avaliar o contexto de violência no estado, a análise deve ser de
“mão dupla”.
“A critica deve ser ampla, devemos ter atenção com as péssimas condições de trabalho, de treinamento, de remuneração
e de vida dos nossos policiais. Mas, contudo, ter em mente que eles são
violentos. É preciso enfrentar esse contexto de violência em seu todo”,
declarou.
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