Higiene pode ser a receita simples, mas eficaz, para evitar que os
homens sofram com uma doença que, além de incapacitá-los fisicamente,
pode terminar aniquilando a sua vida em termos psicológicos. Para
prevenir a doença, a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) promove de
27 a 29 deste mês a Campanha de Câncer de Pênis Zero, em parceria com o Instituto Lado a Lado pela Vida.
O padrinho da campanha é o ex-jogador de futebol Zico, atual técnico do
Al Gharafa, do Catar, que se ofereceu como voluntário. As ações
ocorrerão nas cidades de João Pessoa, na Paraíba, do Recife e de
Garanhuns, em Pernambuco; Fortaleza e Reriutaba, no Ceará, além de
Teresina, no Piauí. Na próxima semana, cidades da Bahia serão
incorporadas à campanha.
Segundo disse hoje (23) à Agência Brasil o presidente da SBU, Aguinaldo
Nardi, a maior incidência do tumor ocorre nas regiões Norte e Nordeste e
está associada não só à baixa condição socioeconômica das populações
locais, mas também à falta de higiene e de conhecimento.
Ele informou que as populações menos favorecidas são as que mais têm câncer de pênis.
“São as mais excluídas da informação e aquelas que são mais difíceis de
chegar ao médico também”. Em geral, os homens moram longe dos centros
médicos adequados. “É preciso melhorar o acesso da população ao
urologista”.
O tumor de pênis é raro, ao contrário do câncer de próstata, que
apresenta 60 mil novos casos por ano. Entretanto, a média de 1,6 mil
amputações anuais, por câncer de pênis, é considerada elevada pela SBU.
“Porque é uma doença que incapacita muito. É uma doença que aniquila o
homem na sua concepção exata, não só na sua anatomia, mas na sua vida”.
Nardi esclareceu que o câncer de pênis é evitável. Para isso, basta que o
homem tenha uma higiene adequada da área genital. “Ou seja, água e
sabão. Lavando o pênis todo dia, não há problema de ter câncer de
pênis”.
Outra providência é evitar doenças sexualmente transmissíveis com o uso de preservativo, a conhecida camisinha. “É sabido que o HPV, que é o vírus do papiloma humano, está ligado ao câncer de pênis”.
Lembrou, ainda, que a presença de fimose, quando a pessoa não consegue
expor a glande, isto é, a cabeça do pênis, é um fator de risco para
câncer de pênis.
A prevenção deve começar na infância, recomendou o presidente da SBU.
Cabe à família e aos pais, inicialmente e, depois, à escola, orientar os
meninos quanto aos procedimentos que devem ser adotados para uma
adequada higiene. Nardi destacou que a doença é um problema social e de
educação. “A gente precisa concentrar esforços de toda a sociedade
organizada ou não, Estado e entidades, para que se possa levar a
informação às pessoas mais carentes. Aos excluídos da informação”.
Índia, Egito e alguns lugares da África apresentam maior incidência da
doença. Na Índia, por exemplo, a taxa é 3,32 casos a cada 100 mil
habitantes. A menor incidência, próxima a zero, é encontrada nos judeus
nascidos em Israel. Aguinaldo Nardi destacou que no Brasil, algumas
cidades do Norte e Nordeste têm incidência semelhante à da Índia, do
Egito e da África.
“Não são poucos os casos da doença. A gente tem muito o que fazer. É que
[o problema] é mais concentrado no Norte e no Nordeste do que na Região
Sudeste ou na Sul. É importante que a gente atue nesses locais, onde a
incidência é tão grande como nos países de maior incidência do mundo”.
Participam da campanha 100 urologistas voluntários, que moram nas
capitais ou cidades do interior, além de outros especialistas que estão
aderindo graças a convênio que a SBU e as Forças Armadas. “Estão indo
para colaborar no atendimento aos pacientes, na informação à população e
na realização de cirurgias de fimose”.
A campanha deve se estender até o final do ano nos locais de incidência
elevada de câncer de pênis. A SBU se prepara para promover nova campanha
com o mesmo objetivo, em 2014. “A gente vai insistir nisso, porque
sabemos da importância de uma amputação para o brasileiro”.
No portal da SBU, os interessados poderão tirar dúvidas sobre a doença. O
principal sintoma de alerta é o aparecimento de uma ferida que não
cicatriza, disse Nardi. “Toda ferida no pênis que não cicatriza revela
importância de procurar um médico para saber o que é. Pode ser um câncer
de pênis”.
O presidente da SBU informou que na fase inicial a doença exige uma
cirurgia pequena. Significa que existe uma possibilidade elevada de
cura. “Quanto mais cedo fizer o diagnóstico de câncer de pênis, menor é o
tratamento, menor é a invasão do tratamento cirúrgico”.
Quem estiver interessado em fazer o exame urológico, tirar dúvidas e
obter encaminhamento para seu caso, sendo cirúrgico ou não, deverá
procurar os hospitais participantes da campanha. No dia 27, estão
programados para atendimento o Instituto Médico Integrado Professor
Antônio Figueira, no Recife, e o Hospital São Marcos, em Teresina. No
dia 28, os urologistas que fazem parte da campanha atenderão no Hospital
Municipal Santa Isabel e no Centro Médico em Praça Caldas Brandão, em
João Pessoa; no Hospital Dom Moura, em Garanhuns (PE); na Santa Casa de
Misericórdia, em Fortaleza; e no Hospital Rita do Vale Rego, em
Reriutaba (CE).
Fonte: Agência Brasil.
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