Caso Amarildo: 4 PMs e o ex-comandante da UPP da Rocinha serão indiciados
"A gente quer o corpo do meu pai", disse o filho de Amarildo, ao saber da conclusão do inquérito
"Dá um alívio saber que os culpados serão punidos, mas a minha família só terá paz depois que a gente puder enterrar o meu pai. O que a gente quer é o corpo dele". A declaração é de Anderson Gomes, filho do pedreiro Amarildo de Souza, dada no momento em que ele tomou conhecimento que a Divisão de Homicídios da Polícia Civil do Rio concluiu o inquérito que investiga a morte de Amarildo, desaparecido da Rocinha, zona sul da cidade, desde o dia 14 de julho, durante a operação Paz Armada.O documento conclui que, pelo menos, cinco policiais militares da Unidade de Polícia Pacificadora da comunidade foram responsáveis pelo sequestro seguido de morte de Amarildo. Entre os PMs acusados, está o ex-comandante da UPP, major Edson Santos. O inquérito será encaminhado ao Ministério Público nesta segunda-feira (30/9) e será decretada a prisão preventiva dos policiais, segundo informações publicadas neste sábado (28/9), no Jornal O Globo.
Os policiais acusados no inquérito são Douglas Roberto Vital Machado, chamado na comunidade de "Cara de Macaco", Jorge Luiz Gonçalves Coelho, Marlos Campos Reis e Victor Vinícius Pereira da Silva, além do major Edson Santos. Eles também foram investigados por ter ameaçado e oferecido dinheiro a duas testemunhas do caso, um jovem da Rocinha e a sua mãe.
Desde o início da semana, a família do pedreiro aguardava pela finalização do inquérito. Em entrevista ao Jornal do Brasil, o filho de Amarildo, Anderson Gomes, afirmou que ele e seus familiares já sabem qual foi o destino do pedreiro, mas estão "esperando por Justiça". "Na verdade, nós já temos certeza de quem matou o meu pai, mas queremos saber o que a polícia vai concluir. Nós queremos e vamos exigir Justiça", desabafou ele durante a entrevista.
Anderson também destacou que a família não sabe quem são as testemunhas, um jovem e a sua mãe, que os acusaram de participação no tráfico e levantaram a hipótese de Amarildo ter sido morto por traficantes, mas depois mudaram os seus depoimentos na polícia, alegando que receberam dinheiro e foram ameaçadas por PMs da UPP. Segundo a matéria do Jornal O Globo publicada neste sábado (28/9), a prisão preventiva dos policiais acusados no inquérito se dará "porque testemunhas do crime denunciaram ter havido coação, tentativa de suborno e intimidação durante as investigações". "Ninguém na comunidade sabe quem são essas testemunhas, é um mistério", disse Anderson Gomes. No dia 20 de setembro, agentes federais levaram o jovem e a sua mãe para outro Estado, até eles serem incluídos no Programa de Proteção à Testemunha do Estado.
>>Amarildo: testemunhas misteriosas depõem na Polícia
Nesta sexta-feira (27/9) foi realizada no Instituto Médico Legal de Resende a necrópsia da ossada encontrada no município e que pode ser de Amarildo de Souza. A análise foi considerada "inconclusiva" e o material genético retirado dos restos mortais será comparado com outro cedido por uma pessoa da família de Amarildo. O novo exame será feito pelo Instituto de Perícias e Pesquisas em Genética Forense [IPPGF] e o resultado deve sair entre 10 e 15 dias.
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