quinta-feira, 27 de março de 2014

Cenário para lá de pessimista Cientistas e comissões dos países-membros da ONU se reúnem no Japão e divulgam prévia de relatório com algumas das consequências previstas, causadas pelas mudanças climáticas

Cenário para lá de pessimista Cientistas e comissões dos países-membros da ONU se reúnem no Japão e divulgam prévia de relatório com algumas das consequências previstas, causadas pelas mudanças climáticas
Sul da Ásia é uma das regiões mais vulneráveis em relação às mudanças do
clima, com várias populações expostas à fome, tempestades e seca extrema (ASIF HASSAN/AFP %u2013 9/9/10)Estado de Minas
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Sul da Ásia é uma das regiões mais vulneráveis em relação às mudanças do clima, com várias populações expostas à fome, tempestades e seca extrema
Yokohama/Paris – Agravamento de fenômenos meteorológicos extremos, queda da sobrevivência de espécies animais e vegetais, modificação dos rendimentos agrícolas, evolução das doenças, deslocamento de populações: essas são algumas das consequências previstas, causadas pelas mudanças climáticas, que desestabilizarão os equilíbrios atuais. A advertência foi dada por especialistas reunidos em Yokohama, no Japão, para a reunião do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), organizado pela ONU. A abertura da reunião do IPCC, ontem, coincidiu com a publicação de um relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS) que alerta para o risco de poluição do ar, que em 2012 provocou a morte de 7 milhões de pessoas no mundo.

O cenário nada animador é o desenhado por cientistas de todo o mundo que compõem o IPCC, caso não sejam reduzidas as emissões de dióxido de carbono (CO2). Eles vão passar a semana debatendo vários dos estudos desenvolvidos em diversos centros de pesquisas e vão elaborar um relatório do próximo informe global para determinar políticas e orientar negociações nos próximos anos. Em 13 de abril, o IPCC divulgará, em Berlim, seu terceiro volume sobre estratégias para fazer frente às emissões de gases de efeito estufa. “Temos uma imagem mais clara do impacto e das consequências, inclusive as consequências para a segurança”, disse Chris Field, da americana Carnegie Institution, que chefia a pesquisa. Algumas repercussões transfronteiriças das mudanças climáticas – redução das zonas geladas do planeta, as fontes de água compartilhadas ou a migração dos bancos de peixes – “têm o potencial de aumentar a rivalidade entre os países”, diz o informe.

O rascunho desses debates veio a público ontem, seis meses depois do primeiro volume do V Relatório de Avaliação do IPCC, no qual os cientistas deixaram claro sua certeza irrefutável de que o aquecimento global tem a mão do homem. No informe era previsto um aumento das temperaturas entre 0,3 e 4,8 graus centígrados neste século, 0,7 grau Celsius acima da média desde a Revolução Industrial. O nível dos oceanos aumentará entre 26 centímetros e 82cm até 2100, segundo suas estimativas. De acordo com o novo documento, os danos serão disparados a cada grau adicional, embora seja difícil quantificá-los. Um aumento nas temperaturas de 2,5 graus com relação à era pré-industrial – meio grau Celsius a mais que a meta fixada pela ONU – reduzirá os ganhos mundiais anuais entre 0,2% e 2%, o que corresponde a centenas de bilhões de dólares. “É certo que as avaliações que podemos fazer atualmente ainda subestimam o impacto real da mudança climática futura”, disse Jacob Schewe, do Instituto Postdam para a pesquisa das Mudanças Climáticas na Alemanha, que não participou da elaboração do rascunho do IPCC.


Lago Badovc, que abastece Pristina, capital do Kosovo, totalmente seco
Ar sujo mata 7 milhõesLago Badovc, que abastece Pristina, capital do Kosovo, totalmente seco (ARMEND NIMANI %u2013 22/1/14)Enquanto os cientistas divulgam dados do IPCC, a OMS publicou ontem um estudo mostrando que a poluição do ar mata cerca de 7 milhões de pessoas em todo o mundo a cada ano. A organização destacou que a poluição do ar é a causa de uma em cada oito mortes e se tornou agora o maior risco ambiental à saúde dos seres humanos. Um dos principais riscos desse tipo de poluição é de que pequenas partículas se infiltrem nos pulmões, causando irritação, e também prejudiquem o coração, causando problemas crônicos ou ataques cardíacos. A OMS estimou que ocorreram cerca de 4 milhões de mortes em 2012 causadas por poluição do ar em ambientes fechados, a maioria de pessoas que cozinham dentro de casa usando fogões a lenha e carvão na Ásia. O relatório apontou ainda níveis maiores de exposição em mulheres do que homens em países em desenvolvimento. “Mulheres e crianças pobres pagam um preço alto por poluição dentro de ambientes fechados, já que passam mais tempo em casa respirando fumaça e fuligem de fogões a lenha e carvão com vazamentos”, disse Flávia Bustreo, diretora-geral adjunta da OMS para saúde de famílias, mulheres e crianças, em comunicado.

PERIGOS

Dados do rascunho divulgado ontem do IPCC


» INUNDAÇÕES
As emissões crescentes de gases de efeito estufa aumentarão "significativamente" o risco de inundações, às quais Europa e Ásia estarão particularmente expostas. Se confirmado o aumento extremo de temperaturas, três vezes mais pessoas ficarão expostas a inundações devastadoras.

»SECA
A cada 1º adicional na temperatura, outros 7% da população mundial terão reduzidas em um quinto as fontes de água renováveis.

»AUMENTO DO NÍVEL DOS MARES
Se nada for feito, em 2100 "centenas de milhões" de habitantes das regiões costeiras serão levados a se deslocar. Os pequenos países insulares do leste, sudeste e sul da Ásia verão suas terras reduzidas.

»FOME
Os cultivos de trigo, arroz e milho perderão em média 2% por década, enquanto a demanda de cultivos aumentará 14% em 2050, devido ao aumento da população mundial. Os mais prejudicados serão os países tropicais mais pobres.

»DESAPARECIMENTO DAS ESPÉCIES
Grande parte das espécies terrestres e de água doce correrá risco de extinção, pois as mudanças climáticas destruirão seu hábitat.

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