sexta-feira, 25 de abril de 2014

Brasil lidera luta contra hegemonia dos EUA na rede

Brasil lidera luta contra hegemonia dos EUA na rede
Presidente Dilma Rousseff durante abertura da NETmundial em São Paulo.
 
Presidente Dilma Rousseff durante abertura da NETmundial em São Paulo.
RFI
Após descobrir no ano passado que a agência de inteligência norte-americana NSA havia interceptado suas comunicações, a presidente Dilma Rousseff acelerou a luta no combate à hegemonia contra monopólio dos Estados Unidos na web, colocando o Brasil na vanguarda do processo. Foi então que surgiu a ideia do NetMundial, encontro sobre a governança da Internet que termina nesta quinta-feira (24) em Sao Paulo.
Com a colaboração de Camila César
Diego Canabarro, pesquisador em Política na Era Digital e Governança da Internet, explica que mesmo que os Estados Unidos tenham manifestado uma abertura no sistema atual de gestão da rede, a maior parte das empresas de bens e serviços ligados à internet são americanas, o que mostra que o processo de reformulação da governança do ciberespaço ainda terá que enfrentar muitas etapas.
Para o pesquisador, a crítica do governo brasileiro para a questão concretiza uma vontade antiga do país na busca de alternativas para combater a dominancia dos EUA na rede.
"Desde o início do processo de institucionalização de governança da internet em 1998 e, mais especificamente, a partir das reuniões da Cúpula Mundial para as Sociedades de Informação de 2003 e 2005, o Brasil já vem tentando mostrar para o mundo que é necessário uma democratização do ciberespaço, que é necessário que países desenvolvidos e menos desenvolvidos sejam integrados no processo de determinar como vai se dar o avanço da tecnologia pelo planeta", afirma.
Vanguarda brasileira
O professor de design digital e pesquisador Gilberto Consoni também chama a atenção para a necessidade de criar condições estruturais viáveis nos países para que o projeto se concretize, mas aponta o lugar privilegiado que a internet ocupa na economia norte-americana. Segundo os dados divulgados pelo país, as perdas após o vazamento de informações do ano passado podem chegar a 35 bilhões de dólares em 2016.
Consoni também destaca o papel pioneiro do Brasil na luta pela democratização das comunicações e pela preocupação com a segurança na rede, que resultou no Marco Civil aprovado na última terça-feira (22) pelo Senado e sancionado ontem pela presidente Dilma durante a abertura do NetMundial, em São Paulo. "Há anos se discute a questão da liberdade de expressão na rede e o governo foi bastante cuidadoso nisso. Chamou tanto a sociedade civil, que é a principal interessada, as empresas e setor político para debater o tema", adiciona.
A atenção que o Brasil tem dado à necessidade de lançar um novo olhar sobre a atual situação do controle da Internet no mundo tem sido elogiada pela Organização das Nações Unidas desde os anos 2000. Para os pesquisadores, a visibilidade que o tema ganhou depois das denúncias do ano passado tem a importante tarefa de alertar o mundo para a maneira desequilibrada como o ciberespaço vinha sendo governado até então.

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