Brasil lidera luta contra hegemonia dos EUA na rede
Presidente Dilma Rousseff durante abertura da NETmundial em São Paulo.
Diego Canabarro, pesquisador em Política na Era Digital e Governança da Internet, explica que mesmo que os Estados Unidos tenham manifestado uma abertura no sistema atual de gestão da rede, a maior parte das empresas de bens e serviços ligados à internet são americanas, o que mostra que o processo de reformulação da governança do ciberespaço ainda terá que enfrentar muitas etapas.
Para o pesquisador, a crítica do governo brasileiro para a questão concretiza uma vontade antiga do país na busca de alternativas para combater a dominancia dos EUA na rede.
"Desde o início do processo de institucionalização de governança da internet em 1998 e, mais especificamente, a partir das reuniões da Cúpula Mundial para as Sociedades de Informação de 2003 e 2005, o Brasil já vem tentando mostrar para o mundo que é necessário uma democratização do ciberespaço, que é necessário que países desenvolvidos e menos desenvolvidos sejam integrados no processo de determinar como vai se dar o avanço da tecnologia pelo planeta", afirma.
Vanguarda brasileira
O professor de design digital e pesquisador Gilberto Consoni também chama a atenção para a necessidade de criar condições estruturais viáveis nos países para que o projeto se concretize, mas aponta o lugar privilegiado que a internet ocupa na economia norte-americana. Segundo os dados divulgados pelo país, as perdas após o vazamento de informações do ano passado podem chegar a 35 bilhões de dólares em 2016.
Consoni também destaca o papel pioneiro do Brasil na luta pela democratização das comunicações e pela preocupação com a segurança na rede, que resultou no Marco Civil aprovado na última terça-feira (22) pelo Senado e sancionado ontem pela presidente Dilma durante a abertura do NetMundial, em São Paulo. "Há anos se discute a questão da liberdade de expressão na rede e o governo foi bastante cuidadoso nisso. Chamou tanto a sociedade civil, que é a principal interessada, as empresas e setor político para debater o tema", adiciona.
A atenção que o Brasil tem dado à necessidade de lançar um novo olhar sobre a atual situação do controle da Internet no mundo tem sido elogiada pela Organização das Nações Unidas desde os anos 2000. Para os pesquisadores, a visibilidade que o tema ganhou depois das denúncias do ano passado tem a importante tarefa de alertar o mundo para a maneira desequilibrada como o ciberespaço vinha sendo governado até então.
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