terça-feira, 8 de abril de 2014

Forças Armadas assumem ocupação de 15 comunidades da Maré, Rio


Forças Armadas assumem ocupação de 15 comunidades da Maré, Rio
Ocupação militar terá 2,7 mil homens até o dia 31 de julho. Área vai receber a 39ª Unidade de Polícia Pacificadora (UPP).

Foto: g1.globo.com
 
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Tropas do Exército e da Marinha começam a substituir parte do efetivo da Polícia Militar no Conjunto de Favelas da Maré, na Zona Norte do Rio, a partir deste sábado (5). A operação batizada de "São Francisco" — coordenada pelo Comando Militar do Leste (CML) — tem 2.050 homens da Brigada de Infantaria Paraquedista do Exército, 450 da Marinha, 200 da Polícia Militar e uma equipe avançada da 21ª DP (Bonsucesso). A Aeronáutica poderá auxiliar as operações, caso seja necessário.

O deslocamento dos militares começou por volta das 5h. Para facilitar o deslocamento das
tropas e blindados, a pista lateral da Avenida Brasil, entre Manguinhos e Ramos, sentido Zona Oeste, chegou a ser interditada. O trânsito na Linha Vermelha não foi interrompido.

Homens do Exército faziam blitz em todos os acessos da comunidade desde o fim da madrugada. Três helicópteros reforçavam o patrulhamento no Conjunto de Favelas da Maré; um da Polícia Militar, um do Exército e outro da Marinha. O clima era de aparente tranquilidade por volta das 7h.

De acordo com o Ministério da Defesa, a Força de Pacificação atuará até o dia 31 de julho em uma área de aproximadamente dez quilômetros quadrados. A ação será comandada pelo general de brigada Roberto Escoto, comandante da Infantaria Paraquedista, uma unidade de emprego estratégico do Exército.

As forças de segurança do Rio de Janeiro ocuparam no domingo (30) 15 comunidades da Maré, onde vivem 130 mil pessoas. A área está sendo preparada para receber a 39ª Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). A entrada da polícia durou 15 minutos. Segundo a Secretaria de Segurança, a ocupação contou com 1.180 policiais militares.

Ao mesmo tempo, em diversos pontos da cidade, foram feitas operações da polícia para prender pessoas ligadas a crimes no Conjunto de Favelas da Maré.

A região, uma das violentas da capital, é considerada estratégica por estar localizada entre as Linhas Vermelha e Amarela, Avenida Brasil — principais vias expressas da cidade — e o Aeroporto Internacional Antonio Carlos Jobim (Galeão).

A operação "São Francisco", segundo o general Ronaldo Lundgren, chefe do Centro de Operações, prevê o emprego de blindados do Exército e da Marinha, além de carros para transporte e logística, motocicletas e aeronaves do Comando de Aviação do Exército.

O general acrescentou que é possível haver uma prorrogação no período da ocupação caso seja necessário.

"Depende do interesse do governador do estado. Dependendo da decisão da presidente, estamos prontos para prosseguir. Nossas tropas vão ocupar bases num terreno que ainda não foi definido. E estamos autorizados a realizar patrulhamento ostensivo, revista e prisão de flagrante delito", explicou Lundgren.

Para coibir possíveis excessos das tropas militares durante a operação, o general informou que será divulgado um telefone para denúncias. "Nossas tropas vão agir de acordo com as normas que são bem claras, daquilo que pode e não pode ser feito. Além disso, não teremos soldados atuando destacados. Não digo que não possam ocorrer falhas, mas estamos preparados para tomar as providências que são cabíveis”.

Segundo Lundgren, a operação foi batizada de "São Francisco", em homenagem ao Papa, pelo esforço para "levar a paz para a região". "Achamos que podemos melhorar a qualidade de vida para aquela população da região", explicou o general.
Ataques as UPPs

A ocupação do Conjunto de Favelas da Maré ocorreu após uma série de ataques as UPPs. No dia 20 de março, três unidades foram alvos de criminosos: Manguinhos, Camarista Méier e a do Conjunto de Favelas do Alemão, todas na Zona Norte do Rio.

Horas após a ocupação da comunidade, o ex-governador do Rio, Sérgio Cabral, disse que o trabalho foi uma resposta ao crime organizado. "Fomos provocados e intimidados nos últimos dois, três meses pelo poder paralelo em uma tentativa de enfraquecer uma política de segurança. É uma resposta que o povo do Rio de Janeiro e do Brasil reconhece", afirmou Cabral.

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