Bandidos atacam militares em cinco pontos do Complexo da Maré
Os militares do Exército e da Marinha patrulham 15 favelas da região desde sábado, quando substituíram a Polícia Militar
por Agência Estado
Tropas das Forças Armadas foram atacadas por criminosos em pelo menos
cinco pontos no Complexo da Maré, na zona norte do Rio, entre a noite de
segunda-feira, 7, e a madrugada de terça-feira, 8. Os militares do
Exército e da Marinha patrulham 15 favelas da região desde sábado,
quando substituíram a Polícia Militar.
Em três locais, os tiros foram disparados por ocupantes de um Corolla
preto em direção a pontos de mototaxistas nas imediações das favelas
Vila dos Pinheiros, Conjunto Esperança e Vila do João. As três
comunidades são dominadas por traficantes do Terceiro Comando Puro
(TCP). A poucos metros dos pontos dos mototáxis atacados, havia
barreiras montadas pelos militares, que não revidaram os tiros.
Também houve diversos disparos contra os militares nas favelas Baixa do
Sapateiro e Morro do Timbau, que também ficam na área de atuação do TCP.
Nestes casos, contudo, os tiros vieram das favelas Nova Holanda e
Parque Maré (controladas pelo Comando Vermelho), provavelmente
disparados por traficantes.
No ataque ao ponto localizado no acesso ao Conjunto Esperança, foram
disparados quatro tiros. Fabio da Silva Barros, de 28 anos, foi baleado
no braço direito. Os militares que estavam no ponto de bloqueio próximo
acionaram uma ambulância do Samu para levá-lo ao hospital. O caso foi
registrado na 21ª DP (Bonsucesso) como tentativa de homicídio. A vítima
já havia sido presa por estelionato pela Polícia Federal.
"Os eventos contra os pontos de mototáxi têm ligação entre si, que já
estão sendo investigados. Nos outros dois casos, foram tiros isolados,
que foram destinados à nossa tropa. O objetivo é causar inquietação. Mas
temos muitos militares experientes, com passagens pelo Haiti e pela
Força de Pacificação do Alemão", explicou o major Alberto Horita, da
Força de Pacificação da Maré
Ontem de manhã, mototaxistas que trabalham no local disseram que os
atiradores seriam do vizinho Complexo do Caju, ligados à facção Amigos
dos Amigos (ADA). As favelas do Caju possuem uma Unidade de Polícia
Pacificadora (UPP) desde abril de 2013. "Como pode sair um carro cheio
de homens armados de dentro de uma favela pacificada para atacar a
gente? Somos trabalhadores, não temos nada a ver com essa guerra de
facções rivais", disse um mototaxista ao Estado.
Tropas das Forças Armadas foram atacadas por criminosos no Complexo da Maré (Foto: Agência Brasil)
A hipótese, no entanto, é vista com desconfiança pelas agências de
inteligência. Isso porque durante as investigações da Polícia Federal
que levaram à prisão do traficante Marcelo Santos das Dores, o Menor P,
chefe do TCP, descobriu-se que ele estava tentando se unir à ADA para
resistir à política de pacificação de favelas. "Além disso, temos
informações de que Menor P deu ordens a seus subordinados para não
atacarem a Brigada Paraquedista do Exército", disse um militar.
Coincidência ou não, antes de entrar para o tráfico, Menor P foi
paraquedista do Exército.
Em nota, a Força de Pacificação informou que "embora tenha ocorrido a
pronta resposta pela tropa em todos os eventos citados, não foi possível
realizar a detenção de nenhum integrante das organizações criminosas,
tendo em vista que os mesmos realizavam os disparos e imediatamente se
evadiram do local".
Presos
A Polícia Civil do Rio prendeu ontem dois homens acusados de serem
grandes fornecedores de armas e drogas para o Comando Vermelho. Ricardo
dos Santos Silva, de 38 anos, conhecido como Tubarão, foi detido num
condomínio de luxo na zona oeste da cidade. Já havia sido preso em 2009,
no Paraguai. Já Sidnei da Silva Araújo, de 42 anos, conhecido como
Mangustão, foi preso na Favela do Jacarezinho. Ele transportava drogas
do Paraguai para as favelas da Maré controladas pelo CV.
Reconstituição
Também nesta terça-feira, a Polícia Civil iniciou a reconstituição da
operação do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da PM que resultou na
morte de um sargento e outras nove pessoas na Maré. As mortes ocorreram
em junho do ano passado. Trata-se da reconstituição com maior número de
vítimas já realizada pela Polícia Civil.
O delegado Rivaldo Barbosa, da Divisão de Homicídios da Capital (DH),
disse que os trabalhos deveriam ser concluídos apenas na manhã desta
quarta-feira. Se confirmada a previsão, esta será a reconstituição com
maior duração já realizada, superando a do ajudante de pedreiro Amarildo
de Souza, que demorou cerca de 18 horas.
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