quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Valor bloqueado na operação Lava Jato se aproxima de R$ 100 milhões


Valor bloqueado na operação Lava Jato se aproxima de R$ 100 milhões
Alberto Youssef prestou seu último depoimento da delação premiada.
Na Suíça, procuradores começam a analisar documentos sobre o esquema.

Os valores bloqueados pela Justiça em contas dos investigados na operação Lava Jato se aproxima de R$ 100 milhões. Nessa quarta-feira (26), não há nenhum depoimento marcado, mas os policiais continuam analisando documentos e computadores apreendidos na operação que investiga desvio de dinheiro da Petrobrás.
O único investigado libertado na semana passada que ainda não entregou o passaporte à Justiça deve fazer isso nessa quarta. Carlos Alberto da Costa e Silva, segundo as investigações, trabalhava para o doleiro Alberto Youssef.
Até agora, quatro pessoas já fizeram com a Justiça acordo de delação premiada e outras duas esperam que o acordo seja homologado. Uma delas é Alberto Youssef, um dos principais investigados no esquema. Na terça-feira (25), ele prestou o último depoimento da delação e terminou de contar o que sabe em troca de uma possível redução de pena.

O depoimento durou seis horas e agora cabe ao Supremo Tribunal Federal decidir se o acordo entre o doleiro e a Justiça tem validade. Por enquanto, as mais de 100 horas de depoimento estão sob segredo de Justiça. As gravações são mantidas em um cofre e foram codificadas.
“A nossa única função nesse momento é colaborar o máximo possível, da melhor forma, esclarecer todos os fatos, trazendo aqueles documentos que sejam necessários, a prova que seja necessária para que essa investigação continue cada vez mais forte e chegue a um bom tempo”, afirma Antonio Figueredo Basto, advogado de Alberto Youssef.

Bloqueios
O Banco do Brasil informou à Justiça Federal que bloqueou mais de R$ 18 milhões de dois executivos da empreiteira Queiroz Galvão. O dinheiro foi encontrado em investimentos de letras de crédito de agronegócios. Essa modalidade não é automaticamente bloqueada pelo Banco Central quando há ordem da Justiça. Por isso, o bloqueio foi feito de forma manual.
Também foram bloqueados R$ 677 mil em nome do ex-diretor de serviços da Petrobras, Renato Duque. A quantia estava aplicada em letras de crédito imobiliário.
Até agora, os documentos que os bancos entregaram à Justiça indicam que o total bloqueado dos investigados já passa de R$ 96 milhões. Os valores serão depositados em contas judiciais para garantir a devolução aos cofres públicos, caso fiquem comprovados os desvios.
Os advogados de defesa dos investigados querem que o caso vá para o Supremo Tribunal Federal. Eles entendem que as investigações atingem também políticos, que têm o chamado foro privilegiado e, por isso, só poderiam ser julgados pelo Supremo.
O juiz Sérgio Moro, que comanda as investigações da operação Lava Jato, tem orientado os investigados a não citarem nomes de políticos. Para os advogados, a atitude é uma manobra do juiz para se manter à frente do caso.
"Nós tivemos um episódio muito grave, em que a pessoa ia falar o nome de um político, no exercício do mandato, que teria recebido dinheiro de propina e o juiz diz: ‘não, aqui o senhor não pode falar nome de político’. Ou seja, uma coisa absolutamente artificial para impedir o deslocamento da investigação para o Supremo Tribunal Federal”, diz Alberto Toron, advogado de executivos da UTC.
Em despacho divulgado na terça-feira (25), o juiz Sérgio Moro reagiu e classificou como fantasiosa a argumentação de que estaria ocultando os nomes de políticos. O juiz lembra que o sigilo é uma decisão do STF e explica ainda que o processo da operação Lava Jato não tem como objetivo identificar crimes de corrupção de políticos e sim crimes cometidos em licitações, lavagem de dinheiro e corrupção de funcionários da Petrobras.
No Supremo Tribunal Federal, o ministro Teori Zavascki é quem vai decidir o que será julgado: se só políticos ou todos os investigados. O ex-diretor da Petrobras, Renato Duque, nega participação em crimes e o recebimento de vantagens indevidas. A Queiroz Galvão afirma que suas atividades estão de acordo com a lei e que continua colaborando com os esclarecimentos necessários.
Investigação na Suíça
Procuradores brasileiros do Ministério Público Federal estão na Suíça e começam a analisar os documentos sobre a corrupção na Petrobrás. Eles vão passar o dia inteiro reunidos com representantes do Ministério Público Suíço, que também investigam as suspeitas de corrupção.
A Justiça suíça já havia aberto uma ação penal contra o ex-diretor de abastecimento, Paulo Roberto Costa, por lavagem de dinheiro. Costa tem 12 contas pessoais na Suíça, com US$ 23 milhões que já foram bloqueados. Um dos objetivos dos procuradores brasileiros é acertar a devolução desse dinheiro ao Brasil.
O doleiro Alberto Youssef também tem dinheiro depositado no país. Os procuradores buscam registros de movimentações financeiras de outros envolvidos no caso. Eles disseram que as reuniões com os colegas suíços ao longo desta semana são apenas o começo do trabalho em conjunto para buscar o dinheiro desviado da Petrobras.

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