Motoristas param ônibus e terminais em protesto contra violência em SP
Paralisação começou às 10h e terminou por volta das 12h30 desta quarta.
29 terminais fecharam, prejudicando cerca de 1 milhão de passageiros.
Ônibus parados no Terminal D.Pedro II (Foto: Marcos Bezerra/Futura Press/Estadão Conteúdo)
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Motoristas de ônibus fecharam 29 terminais operados pela São Paulo
Transportes (SPTrans) na manhã desta quarta-feira (5) em protesto
contra a violência. A manifestação começou às 10h e terminou por volta
das 12h30. Mesmo fora do horário de pico, o ato prejudicou cerca de um
milhão de passageiros.O estopim do protesto foi a morte de um motorista que teve o corpo queimado durante um ataque em 18 de outubro. Segundo a São Paulo Transporte (SPTrans), desde o início deste ano foram incendiados 119 ônibus e outros 795 sofreram algum tipo de vandalismo. No ano passado, foram incendiados 65 coletivos e 1216 alvos de vandalismo.
Na noite anterior à manifestação, o governo do estado tentou negociar com a categoria, que cobra medidas contra os ataques. Após acordo, o grupo reduziu a duração da paralisação de quatro para duas horas. A SPTrans afirmou que vai multar as empresas pela paralisação. Não há novos protestos agendados.
Saídas bloqueadas
O protesto desta quarta começou às 10h desta quarta-feira, quando as saídas dos terminais começaram a ser bloqueadas. Em algumas regiões da cidade, os coletivos continuaram em circulação e os micro-ônibus operaram normalmente. Por volta das 12h45, todos os terminais já tinham sido liberados e os ônibus circulavam sem restrições.
Durante o protesto, a SPTrans tentou reduzir o impacto para os passageiros autorizando os permissionários (lotações e micro-ônibus) a estender os trajetos até as estações de trem e de Metrô. Na Zona Leste, os ônibus que chegavam ao terminal Tatuapé eram recolhidos, mas os micro-ônibus continuavam a circular normalmente.
Os terminais Jabaquara, na Zona Sul, e São Mateus, na Zona Leste, tiveram um bloqueio parcial. A circulação de ônibus municipais foi interrompida, mas as linhas intermunicipais funcionaram sem restrições, segundo a Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo (EMTU).
Trânsito acima da média
Ônibus foram estacionados do lado de fora de alguns terminais e chegaram prejudicar o tráfego nas imediações. O trânsito esteve próximo ou acima da máxima esperada pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) durante a manhã desta quarta-feira.
O pico foi registrado às 10h, quando a capital registrou 97 km de congestionamento. A média para o horário está entre 66 e 88 km. O trânsito passou a ficar acima da média por volta de 9h30 e voltou a ficar dentro do esperado por volta das 11h20.
Multa
O diretor de operações da São Paulo Transportes (SPTrans), Almir Chiarato, disse que vai multar as empresas que não cumprirem os horários e número de viagens previstos por causa da manifestação. Também será feito um boletim de ocorrência sobre a paralisação. "Não tenha dúvida que iremos multar. O usuário não tem culpa. Nós como gestores públicos temos que fiscalizar e intervir", disse.
Passageira se desespera ao saber da paralisação
(Foto: Tatiana Santiago/G1)
Passageiros(Foto: Tatiana Santiago/G1)
Moradora do Jardim São Luís, na Zona Sul, a aposentada Maria Pereira, que tem problemas de coração, ficou desesperada ao saber da paralisação ao chegar ao terminal D.Pedro, no Centro.
"Fiquei sabendo agora há pouco que não ia ter ônibus. Tentei vir correndo, mas não deu tempo, preciso tomar meu remédio", contou a idosa de 64 anos. Ela foi obrigada a andar até o Metrô.
Com o fechamento dos terminais, o movimento de ônibus diminuiu na Faria Lima, na Zona Oeste. "Eu estava esperando há 40 minutos e normalmente demora 15 minutos no máximo. Vou caminhando pro Metrô pra voltar pra casa, é melhor", afirmou o publicitário Bruno Melo. Ele aguardava o coletivo para Capão Redondo, na Zona Sul.
Já o aposentado Avelino Caetano, de 71 anos, também aguardou um ônibus para retornar para casa, no Jardim Ângela.
"Está demorando mais, normalmente o ônibus passa toda hora. Se não voltarem a passar, vou ter que me virar e dar um jeito para voltar para casa", reclamou.
Passageiros reclamaram de pagar passagem e não chegaram ao seu destino, como mostrou o SPTV. A SPTrans recomendou aos passageiros que se sentirem lesados entraram na Justiça contra o sindicato dos motoristas.
Sindicato ameaça com novos atos
O presidente do sindicato dos motoristas de São Paulo, Valdevan Noventa, disse na tarde desta quarta-feira que pode "radicalizar" o movimento de paralisação caso a violência contra a categoria continue ocorrendo.
"Se necessário for nós vamos mostrar a força que temos. Se preciso vamos radicalizar. Se os ataques continuarem essa cidade vai ficar um bom tempo sem transporte", afirmou Valdevan. De acordo com o presidente do sindicato, as paralisações poderão durar o dia inteiro.
Quanto à multa que a SPTrans promete aplicar às empresas por causa da paralisação, ele disse que não concorda. "Não entendo essa forma dela querer punir ou radicalizar nesse sentido porque o que estamos fazendo é para o bem de todos", disse. "Não foram as empresas que pararam, fomos nós os trabalhadores quem paramos", argumentou.
Motoristas e cobradores fazem protesto contra ataques a ônibus em SP. (Foto: Reprodução/GloboNews)
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