Após pouso turbulento, cientistas confirmam estabilidade de sonda em cometa
Dados iniciais mostraram que Philae não pousou como planejado e flutuou duas vezes antes de se prender a cometa.
O módulo Philae após se desprender da sonda Rosetta: cientistas
aguardam para determinar se veículo está estabilizado no cometa (Foto:
Agência Espacial Europeia)
Momentos turbulentos durante o pouso do módulo Philae em um cometa deixaram apreensivos os cientistas envolvidos na missão.Dados apontaram que o veículo - do tamanho de uma máquina de lavar roupa - teve de efetuar três tentativas de pouso até conseguir utilizar seus arpões para se ancorar com estabilidade. Houve falhas também no sistema de propulsão em direção à superfície do cometa.
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O intervalo entre o primeiro e o segundo pouso teria sido de cerca de duas horas; e o espaço entre o segundo e o terceiro, de menos de 10 minutos.
Segundo leituras iniciais, o módulo afundou cerca de 4cm na superfície do cometa, sugerindo uma camada exterior relativamente macia.
Apesar do sucesso, os cientistas estavam temerosos em relação à estabilidade do módulo - que foi confirmada por novos dados recebidos nesta quinta-feira.
'Grande passo'
O robô Philae conseguiu aterrissar no cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko às 14h05 (horário de Brasília) de quarta-feira após se desprender da sonda Rosetta.
"Pousamos o cometa naquele momento em que todos vocês nos viram celebrando", disse o coordenador do projeto, Stephan Ulamec, fazendo referência às imagens da comemoração da equipe científica divulgadas após o feito.
"Tivemos um sinal bem claro ali: recebemos dados do pouso. Esta é a boa notícia."
Mas em seguida veio a "má notícia" sobre o desprendimento do módulo e o que a Agência Espacial Alemã chamou de "segundo pouso" do Philae.
Um dos temores iniciais dos cientistas era de que a parte externa do cometa fosse revestida por gelo, o que poderia fazer o robô quicar na superfície e se afastar da rocha em vez de aterrissar - já que há pouca gravidade no local. O temor não se concretizou.
Esta imagem foi feita pelo robô Philae em sua aproximação do cometa (Foto: Agência Espacial Europeia)
O diretor-geral da Agência Espacial Europeia, Jean Jacques Dordain, disse que "este é um grande passo para a civilização"."Sabíamos que este tipo de feito não iria cair do céu, só com trabalho duro e muito conhecimento."
Agora, o módulo fará análises da composição da superfície do corpo celeste, o que pode oferecer novas pistas sobre a formação do Sistema Solar e da vida na Terra.
Os dados poderão ajudar a elucidar mistérios sobre cometas como esse - relíquias geladas dos tempos da formação do Sistema Solar.
US$ 1 bilhão
Uma das teorias sobre o início da vida na Terra postula que os primeiros ingredientes da chamada "sopa orgânica" vieram de um cometa, considerados alguns dos corpos celestes mais antigos do Sistema Solar.
A missão Rosetta, batizada em homenagem à pedra que possibilitou a tradução dos hieróglifos egípcios, foi planejada na década de 80 e custou ao menos US$ 1 bilhão.
A sonda foi lançada em março de 2004 e, desde então, já orbitou o sol cinco vezes, ganhando velocidade "surfando" a gravidade da Terra e de Marte.
Para atravessar a parte mais gelada de sua rota, a sonda foi desligada em 2012 e somente reativada em 1º de janeiro deste ano.
Por enquanto, ainda não há informações sobre a natureza dos materiais encontrados na superfície do cometa.
Se tudo correr conforme o planejado, novas fotos devem ser enviadas em breve. O robô também começará sua análise da composição química do corpo celeste.
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