TJ – Reportagem escancara porões da corrupção
Reportagem sobre a falcatrua na qual está envolvido Geraldo Neves Leite. |
Abaixo
a reprodução, na íntegra, da matéria da versão online do jornal A Crítica, do Amazonas, sobre o
escândalo no qual está envolvido Geraldo Neves
Leite, na época integrante do Corpo de Bombeiros amazonense e hoje juiz do TJ
Pará, o Tribunal de Justiça do Estado. Como um dos pressupostos, para ingresso
na magistratura, é reputação ilibada, soa surpreendente o ingresso de Geraldo
Neves Leite no TJ do Pará, diante de tão turbulentos antecedentes.
A reportagem também pode ser acessada pelo seguinte link:
MPE acusa oito
oficias por fraude no Corpo de Bombeiros
O grupo de
oficiais é suspeito de envolvimento em esquema de venda de autos de vistoria do
Corpo de Bombeiros para o funcionamento de estabelecimentos privados
01 de Março de 2014
JOANA QUEIROZ
O Ministério Público Estadual (MPE)
ofereceu denúncias, nesta sexta-feira (28), contra 11 pessoas, entre elas oito
oficiais do Corpo de Bombeiros. Segundo o promotor de Justiça Carlos Fábio
Monteiro, o grupo é suspeito de envolvimento em esquema de venda de autos de
vistoria do Corpo de Bombeiros para o funcionamento de estabelecimentos
privados.
Eles foram denunciados pelos crimes de
improbidade administrativa, corrupção, formação de quadrilha e advocacia
pública. Segundo o promotor, os crimes poderão somar uma pena de até 200 anos
de prisão para cada um.
Na denúncia, que está assinada pelos
promotores Carlos Fábio e Lauro Tavares, também consta o pedido de afastamento
do subcomandante do Corpo de Bombeiros, Carlos Bacelar Martins, do coronel Jair
Ruas, dos tenentes-coronéis Andrey Barbosa, Fernando Paiva, Geraldo Neves,
Josemar Souza e Mauro Marcelo Lima e do militar Paulo Tarso Martins.
As investigações tiveram início em
dezembro do ano passado, com a deflagração da operação “Agni”, quando foram
cumpridos mandados de busca e apreensão no Comando Geral do Corpo de Bombeiros,
nas empresas e residências dos envolvidos.
O promotor
informou que todo material apreendido foi submetido a exame pericial pelo
Instituto de Criminalística (IC) e o resultado, segundo Carlos Fábio, “foi
tenebroso e coloca em risco a vida da população”.
Chefe
De acordo com o promotor, as
investigações comprovaram que o subcomandante do Corpo de Bombeiros é o chefe
do bando. Os militares criaram empresas especializadas em elaborar projetos
para a obtenção do auto de vistoria. “A pessoa que fazia o projeto era a mesma
que assinava o auto de vistoria dos empreendimentos”, disse Carlos Fábio.
Os promotores visitaram mais de 20
empreendimentos e ficaram surpresos ao verificar que os projetos foram feitos
pelas empresas dos oficiais e assinado por eles mesmos. Segundo os promotores,
são empreendimentos onde circulam grande quantidade de pessoas. Entre eles, estão
três centros de compras da capital, além de escolas e outros estabelecimentos
comerciais.
O promotor informou que a denúncia foi
baseada nos laudos periciais, depoimentos de membros do Corpo de Bombeiros e do
presidente do sindicato da construção civil, além de donos de empreendimentos.
Os denunciados, segundo Carlos Fábio, criavam dificuldade para emitir o auto de
vistoria quando as empresas deles não eram contratas para elaborar o projeto.
Segundo os promotores, foram coletadas
“provas robustas” que comprovam o envolvimento do grupo com o esquema de vendas
dos autos de vistoria.
Fiscalizações
em escolas e prédios devem ser refeitas
Segundo as investigações feitas pelo
Ministério Público, a quadrilha vinha atuando desde 2003 e a preocupação dos promotores
é que a maioria dos grandes empreendimentos construídos nesses últimos anos
esteja funcionando fora das normas legais estruturais. “Não sabemos se as
portas dessas escolas onde nossas crianças estudam estão adequadas às
exigências de segurança”, disse.
Por conta dessa “incertezas” os
promotores vão solicitar aos governos municipais e estaduais que as secretarias
de infraestrutura façam novas análises dos empreendimentos cujos projetos foram
feitos por essas empresas pertencentes aos oficiais. “Nosso objetivo não é
causar terror, mas evitar que na nossa cidade aconteça uma tragédia como o que
ocorreu no ano passado, na boate Kiss, na cidade de Santa Maria (RS), que matou
242 pessoas e deixou mais de 600 feridos”, disse Lauro Tavares.
Para os promotores, a situação é
preocupante. Muitas empresas funcionavam na casa dos réus. Outros usavam a
estrutura do Comando Geral do Corpo de Bombeiros para fazer seus projetos. No
Comando Geral foram apreendidos computadores, onde constavam os projetos das empresas
particulares.
A empresa CBM Costa Júnior/Preven
Amazonas funciona na casa do coronel Barcelar, no Parque das Laranjeiras, está
registrada no nome do filho dele, Carlos Bacelar Martins Júnior, que é
dentista. A Magirus 77, outra empresa dos militares, está no nome da
companheira do tenente Andrey Barbosa, Valéria do Socorro Souza, e fica
localizada no bairro de Petrópolis. A Preven Fire é do oficial reformado Jair
Serafim, e também fica em Petrópolis. A Previncêndio Ltda. é de um grupo de
oficiais e funciona no Jardim de Versalhes. Já a Safety Consultoria e
Treinamento tem endereço na avenida São Jorge, bairro São Jorge.
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