Policial que matou jovem negro em Ferguson diz ter 'consciência limpa'
Cidade do Missouri tem nova onda de violência por morte de negro.
Protestos recomeçaram após policial que matou jovem não ser processado.
Darren Wilson afirmou que temia por sua vida quando disparou a arma - pela primeira vez em serviço em Ferguson - contra o jovem negro Michael Brown, morto por seis tiros.
"A razão para ter a consciência limpa é que sempre agi da maneira correta", disse Wilson à ABC News, em sua primeira entrevista sobre o incidente de 9 de agosto passado.
Perguntado se teria reagido da mesma forma caso Brown fosse um jovem branco, Wilson respondeu "sim, sem qualquer dúvida".
O policial destacou que Brown era "um homem forte, que poderia me matar".
A decisão de não indiciar o policial Darren Wilson detonou nova onda de distúrbios em Ferguson, nos Estados Unidos, nesta terça-feira (25). Manifestantes queimaram edifícios, saquearam lojas e atiraram contra a polícia. Tropas de choque, FBI, Swat e a Guarda Nacional foram para as ruas. Tumultos foram controlados com gás lacrimogêneo.
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Carros são incendiados durante protesto em Ferguson, nos Estados Unidos (Foto: AP Photo/Charlie Riedel)
Segundo o sargento Brian Schellman, da polícia de St. Louis, 61 pessoas
foram detidas. Os confrontos representaram a pior noite de distúrbios
na cidade desde agosto. Entre os presos estão pessoas com idades entre
17 e 66 anos.A polícia ainda não tem um balanço de estragos e prejuízos.
Pelo menos 150 tiros foram disparados na região durante os protestos, mas nenhuma pessoa com ferimento grave foi registrada. Pelo menos 12 imóveis foram incendiados pelos manifestantes dentro da cidade e nas proximidades – a maioria foi totalmente danificada.
Na
Times Square, em Nova York, policiais acompanham manifestação por
arquivamento de caso de policial que matou jovem em Ferguson. (Foto:
John Minchillo / AP Photo)
Protestos pacíficos se estendem por Nova York, Chicago, Los Angeles, Washington D.C., Oakland e outras grandes cidades do país.O Departamento de Polícia informou que o aeroporto de St. Louis foi fechado para pousos e decolagens, por determinação da Administração Federal de Aviação dos EUA.
Darren Wilson não será processado porque o júri de St. Louis concluiu que não há provas suficientes para processá-lo, anunciou o promotor da comarca, Robert (Bob) McCulloch. "Darren Wilson não será acusado em conexão à morte de Michael Brown ocorrida em 9 de agosto em Ferguson", afirmou McCulloch.
Segundo ele, o júri trabalhou "intensamente" durante os últimos meses e encontrou inconsistências no depoimento das testemunhas que incriminavam Wilson. "Não há dúvida de que Darren Wilson matou. Wilson foi o agressor inicial. Mas foi autorizado a usar força letal em autodefesa", disse o promotor.
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Em nota enviada à imprensa, a família de Brown afirmou que ficou
"desapontada". "Estamos profundamente decepcionados de que o assassino
do nosso filho não tenha que sofrer as consequências de seus atos",
informou a família de Brown, pedindo 'respeitosamente que qualquer
manifestação seja pacífica'. "Juntem-se a nós em nossa campanha para que
todo policial nas ruas desse país use uma câmera acoplada a seu corpo.
Nós respeitosamente pedimos que vocês protestem pacificamente. Responder
violência com violência não é a reação mais apropriada", diz o
comunicado.Composto por 12 pessoas, o júri manteve reuniões secretas por meses, uma vez por semana, ouvindo testemunhas e analisando evidências. Os integrantes eram seis homens brancos, três mulheres brancas, duas mulheres negras e um homem negro. Eles tinham a opção de não acusar Wilson por crime algum ou decidir que ele deveria ser processado por homicídio involuntário ou assassinato, com sua absolvição ou condenação (e pena) sendo decidida em novo julgamento. A decisão não precisava ser unânime, sendo validada caso fosse aprovada por ao menos nove dos 12 jurados.
Morte
A morte de Michael Brown, em 9 de agosto, gerou uma violenta onda de manifestações em Ferguson, especialmente por que Wilson, um policial branco, atirou ao menos seis vezes no jovem negro de 18 anos que, segundo testemunhas, estaria desarmado. Quase 70% da população de Ferguson é negra, mas as autoridades políticas e policiais são majoritariamente brancas.
De acordo com a polícia, Brown teria participado de um assalto a uma loja de bebidas pouco antes de ser baleado. Um vídeo do crime, em que o jovem supostamente aparece, chegou a ser divulgado.
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