domingo, 13 de novembro de 2011

Traficante Nem da Rocinha temia ser morto por policiais suspeitos


Informação foi passada reservadamente por uma autoridade da Polícia Civil. Para fonte, ideia de se entregar era plano B do bandido

Mario Hugo Monken, iG

Foto: Secretaria de Administração Penitenciária 
Traficante Nem já preso, de cabelo raspado e com uniforme da Secretaria de Administração Penitenciária
Preso na última quarta-feira (9), o chefe do tráfico na favela da Rocinha, na zona sul do Rio de Janeiro, Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, tinha receio de ser morto por policiais supostamente pagos por ele.
A revelação foi feita ao iG por um integrante da cúpula da Polícia Civil, que disse suspeitar que os agentes, cuja quantidade e nomes não revelou, poderiam matar o traficante para não serem denunciados por ele.
Leia também: Policiais que tentaram levar Nem para DP da Gávea negociavam rendição
Segundo a fonte, que foi preservada pela reportagem, devido a este temor, Nem estava mesmo decidido a fugir já que corria o risco de ser preso por alguém que poderia matá-lo.
Entre os possíveis destinos do traficante estariam favelas da capital paulista ou a Região dos Lagos, no litoral fluminense.
De acordo com o policial ouvido pelo iG, a possibilidade de se entregar era um plano B do traficante, que chegou a negociar sua rendição com ONGs, um grupo de funkeiros e até mesmo um inspetor de polícia que era conhecido de um advogado que foi preso com Nem.
Leia também: Traficante Nem pretendia fugir para a Região dos Lagos

Esse mesmo inspetor, que trabalha na 82ª DP (Maricá), esteve no local da prisão de Nem na quarta-feira juntamente com o titular da unidade, Roberto Gomes Nunes. Eles tentaram levar o carro onde o traficante estava para a delegacia da Gávea (15ª DP) onde ocorreria a rendição. Entetanto, PMs do Batalhão de Choque que abordaram o veiculo primeiro não permitiram.
Segundo o membro da cúpula da Polícia Civil, as supostas declarações dadas por Nem à Polícia Federal de que pagaria metade do que faturava com a venda de drogas (cerca de R$ 1 milhão, de acordo com ele) a policiais corruptos foram feitas para desviar o foco. De acordo com a fonte, o traficante ganha ao menos o dobro e não quer que a polícia investigue o seu patrimônio.
Sobre esse assunto, o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, disse durante a semana que espera que o traficante dê os nomes dos policiais supostamente pagos por ele.
Racha
Um integrante da cúpula da PM revelou ao iG que houve um racha na quadrilha de Nem dias antes da sua prisão.


A desavença de Nem ocorreu com os líderes do morro de São Carlos, no Estácio, na região central da cidade, Anderson Rosa Mendonça, o Coelho, e Sandro Luís de Paula Amorim, o Lindinho ou Peixe, que se esconderam na Rocinha após a comunidade ter sido ocupada por uma UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) em fevereiro deste ano.
De acordo com um oficial da corporação, esses traficantes estavam tratando mal a população da Rocinha, o que criou um mal estar com Nem. Tinham também dívidas com o chefão da Rocinha.
Segundo o policial, Lindinho e Coelho também não teriam concordado em resistir à ocupação policial na favela e, por isso, tentaram fugir da comunidade na tarde de quarta-feira uando acabaram presos juntamente com três policiais civis acusados de ajudar na fuga.
O oficial revelou ao iG que, um dia antes da prisão de Nem, a PM verificou na Rocinha uma contenção armada em que vários bandidos estavam com fuzis, o que reforça a tese de que a quadrilha inicialmente planejava resistir.
As favelas da Rocinha, do Vidigal e da Chácara do Céu foram ocupadas no último domingo (13) pelos batalhões de Operações Especiais (Bope) e Choque com o objetivo de implantar uma UPP (Unidade de Polícia Pacificadora).

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