domingo, 18 de setembro de 2011
Campanha quer chocar para reduzir acidentes
CAMILLA HADDAD
O dia 21 de junho deste ano ficou marcado como um recomeço na vida de Maurícia dos Santos, de 40 anos. Atingida por um caminhão em alta velocidade, teve seu carro, um Peugeot, completamente destruído. Pelo estado que o carro ficou, poucos acreditavam que a motorista sobreviveria. A seguradora deu perda total para o carro. Recuperada, Maurícia comprou outro veículo do mesmo modelo e retomou a rotina. O que sobrou do Peugeot agora será exposto na Marginal do Tietê com mais quatro carros no mesmo estado, que farão parte de uma campanha da Polícia Militar lançada neste domingo, 18, para prevenir acidentes de trânsito no Estado de São Paulo.
O cenário de tragédia terá como principal função sensibilizar os motoristas em todas as saídas da Marginal, nos acessos para estradas. Antes de serem expostos ao público, os veículos estavam com seguradoras e pertenciam a vítimas de colisões na capital e no interior. “Queremos diminuir em 10% o número de mortes no trânsito”, explica o capitão Emerson Massera, porta-voz da corporação.
A estratégia, segundo o capitão, está na conscientização pela educação ao dirigir. Além dos carros batidos, a PM vai investir em filmes curtos que serão passados nos intervalos das programações de TV. As cenas prometem ser de impacto. Uma das imagens mostrará o dia a dia de um motorista jovem até o momento em que ele, por um descuido, passa o sinal vermelho. Nessa hora, a tela ficará escura.
Um curso a distância está incluído na campanha. Qualquer a pessoa que acessar o site da PM vai poder participar de lições sobre direção defensiva, orientações de primeiros-socorros e dicas de trânsito. O capitão Massera lembra que as mortes no trânsito ultrapassam os homicídios no Estado desde 2010. De acordo com o policial, essa taxa foi uma das principais razões para o desenvolvimento da nova campanha, que deve ser permanente.
“Quando falamos em trânsito, devemos considerar três fatores principais: educação, fiscalização e engenharia de tráfego. A campanha é uma ação proativa da Polícia Militar, que aposta na educação para atingir resultados que levem à melhora das condições de segurança para todos os motoristas”, avaliou o coronel da PM, Álvaro Batista Camilo, idealizador do projeto.
Influência
O presidente da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), Mauro Augusto Ribeiro, diz que a iniciativa da PM de colocar carros para impressionar os motoristas é “pontual”. “Claro que tudo é válido. O acidente de trânsito é uma coisa tão grande que todas as contribuições são importantes, mas em relação aos carros, a influência é apenas nos primeiros quilômetros”, acredita. Para ele, carros danificados não chocam, mas trazem momentaneamente ao motorista o pensamento sobre a possibilidade de acontecer um acidente. “O condutor, depois que passa por uma situação de acidente ou algo chocante, fica um período se comportando melhor. Mas é um tempo muito curto, não é mudança de postura.”
Ribeiro acredita também que os vídeos podem levar à banalização da violência no trânsito. “Há quem defenda e quem critique porque também banaliza a violência usar cenas muito fortes.”
Para Maurícia, citada no começo da reportagem, campanhas sempre devem ser organizadas. “Eu tive de frequentar psicólogo depois do acidente. A gente fica pensando nas sequelas que poderiam ter ficado”, diz ela, que afirma ter superado a colisão. Maurícia explica que, na tarde da batida, o caminhão desgovernado desceu uma ladeira que dava acesso à Estrada de Poá.
“Foi tudo muito rápido. O carro rodopiou na pista, caiu em uma vala perto do muro da linha do trem, que só não me pegou porque esse buraco segurou o carro.” A motorista diz que, apesar de o carro ter sido totalmente destruído, ela sofreu apenas uma luxação no braço e com dor no corpo.
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