quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Argentina comovida com pior acidente em 50 anos (vídeo)



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Tripla colisão de um autocarro e dois comboios ocorreu no bairro de Flores, em Buenos Aires. Balanço aponta pelo menos 11 mortos e 212 feridos, 20 dos quais em estado grave.



Empresa de comboios e o Governo da Argentina atribuíram a culpa, em primeira instância, ao motorista do autocarro, morto no acidente, por não respeitar o sinal
Empresa de comboios e o Governo da Argentina atribuíram a culpa, em primeira instância, ao motorista do autocarro, morto no acidente, por não respeitar o sinal
Victor R. Caivano/AP















Confusão e pânico. Enquanto 50 ambulâncias e dois helicópteros levavam os feridos para 13 hospitais, familiares tentavam desesperadamente encontrar os seus entes queridos. Ao mesmo tempo, sobreviventes do terrível acidente deixavam as composições ainda desorientados.
"Vi crianças feridas, mulheres com braços e pernas partidos, pessoas banhadas em sangue. Foi terrível. E depois. todos desesperados por sair dali", contava Débora, uma das testemunhas. "Não vou nunca esquecer essas imagens. Gente com a cabeça aberta. Todos a gritar no chão e fumaça por todos os lados", descrevia emocionado Horácio.
"Houve o impacto. As luzes apagaram-se (ainda não havia amanhecido). Os assentos soltaram-se. Todos fomos parar ao chão e gritavam", relembra José, passageiro de um dos comboios, ainda em estado de choque.

Autocarro prensado na plataforma


Eram 6h23 da manhã. Os comboios estavam lotados de pessoas que seguiam para o trabalho e de crianças que rumavam à escola. Foi quando um dos comboios envolvidos embateu num autocarro que tentava atravessar os trilhos. O autocarro foi arrastado até a plataforma da estação onde ficou prensado.
Com o embate, o comboio descarrilou, avançou pela linha paralela e chocou contra outra composição que estava parada na mesma estação mas no sentido contrário.
Todos os 11 mortos eram passageiros do autocarro, inclusive um bebé. Mais de 24 horas depois do acidente, defesa civil e polícia ainda trabalham no local.
Buenos Aires tem uma particularidade. A cidade é toda recortada por ferrovias, mas não há túneis nem viadutos nos cruzamentos com as ruas. Apenas luzes, sinais sonoros e cancelas que sobem e descem à medida que um comboio passa. Com frequência, motoristas e pedestres impacientes desrespeitam as cancelas. E muitas vezes as cancelas não funcionam corretamente, o que leva os condutores a tentarem passar com a cancela baixa.
Neste caso, a empresa de comboios Trens de Buenos Aires (TBA) e o Governo dizem que a cancela funcionava bem e atribuíram a culpa, em primeira instância, ao motorista do autocarro, morto no acidente, por não respeitar o sinal.

Cancela estava a 45 graus


Imagens gravadas por câmaras de segurança da Polícia mostram o autocarro a avançar com a cancela semi-fechada (em ângulo de 45 graus), mas também mostram que a cancela não funcionava bem. Minutos antes, um funcionário da empresa indicava aos carros que passassem mesmo com a cancela baixa.
O porta-voz da TBA, Gustavo Gago, admite que nas horas de ponta passa "um comboio a cada oito minutos em cada sentido" e que isso representa "um comboio a cada quatro minutos", o que leva "as cancelas a ficarem mais tempo em baixo do que levantadas" e a permitir a livre circulação de motos, carros e pessoas.
"Mesmo com a cancela em posição de 45 graus, ninguém pode passar", afirmou Juan Pablo Schiavi, secretário de Estado dos Transportes.
Nos últimos nove meses, foram registados cinco acidentes graves com comboios em Buenos Aires. Só no ano passado, 440 pessoas e 165 veículos foram atingidos por comboios na região metropolitana de Buenos Aires, e registaram-se 269 pessoas morreram. Ou seja, em média uma morte a cada dois dias.
Em 2008, a Presidente Cristina Kirchner anunciou por duas vezes a construção de passagens subterrâneas na linha ferroviária (Sarmiento) onde ocorreu este grave acidente, mas três anos depois as obras ainda não saíram do papel.
Veja o acidente:



































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