Delcídio interrompeu depoimento à PF após saber de críticas de Lula
Segundo relato a que a GloboNews teve acesso, senador se descontrolou.
Delcídio deu depoimento à polícia na tarde da quinta-feira.
De acordo com os jornais "Folha de S. Paulo" e "Estado de S. Paulo", Lula havia afirmado, em almoço na sede da Central Única dos Trabalhadores (CUT), que o líder do governo fez uma "coisa de imbecil", em referências às acusações de que Delcídio estava atrapalhando os trabalhos da Operação Lava Jato.
Segundo os jornais, Lula se disse perplexo com a "grande burrada" cometida por Delcídio. O Instituto Lula negou via assessoria de imprensa que o ex-presidente tenha dado as declarações.
No relato passado à GloboNews, assim que mostraram as declarações de Lula, Delcídio se "descontrolou completamente" e o advogado do senador teve que interferir, o que suspendeu o depoimento.
De acordo com relatos, por esse motivo, Delcídio não chegou a ser questionado sobre o trecho da gravação telefônica em que sugere para o filho de Nestor Cerveró uma fuga do ex-diretor da Petrobras para a Espanha via Paraguai. A gravação serviu de base para a Procuradoria Geral da República pedir a prisão do senador.
Procurado pelo G1, o advogado de Delcídio do Amaral, Maurício Leite, disse que estava em uma reunião e que retornaria às ligações. O G1 aguardava resposta até a última atualização desta reportagem.
Em nota, a assessoria de Delcídio disse que ele tem o propósito de provar sua inocência. Segundo a assessoria, o parlamentar "encontra-se abatido, porém, sereno e concentrado", formulando sua defesa com os advogados.
No mesmo comunicado, a assessoria do parlamentar diz que o depoimento dado nesta quinta por ele à Polícia Federal "é apenas parte dos esclarecimentos a serem prestados" e que "quaisquer considerações sobre os mesmos também ocorrerão após sua conclusão".
Depoimento de Delcídio
Antes do depoimento ser interrompido, Delcídio disse aos policiais que queria a soltura do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró por "questões humanitárias".
A GloboNews teve acesso ao depoimento dado por Delcídio à PF. O senador também falou que tinha informações de que o vice-presidente Michel Temer tinha relações próximas com o ex-diretor da Petrobras Jorge Zelada, também preso pela Lava Jato.
Na gravação telefônica, o senador fala para o filho de Cerveró e para o advogado que o vice-presidente da República, Michel Temer, havia procurado o ministro do STF Gilmar Mendes para tratar sobre Zelada. Segundo diz Delcídio na conversa por telefone, Temer estaria "preocupado" com Zelada.
O senador explicou aos policiais que citou Temer porque, segundo "informações que se tinham à época", o vice-presidente mantinha relações próximas com Zelada. Questionado sobre o que seria essa proximidade, Delcídio disse que preferia não responder.
A assessoria de imprensa de Temer, que também é presidente do PMDB, divulgou nota nesta sexta sobre a declaração de Delcídio. O texto diz que "Jorge Zelada foi levado à presidência do PMDB por estar sendo indicado para cargo na Petrobras, ocasião em que foi apresentado a Michel Temer. O presidente do PMDB não o indicou nem trabalhou pela sua manutenção no cargo".
Na nota, a assessoria diz que repudia as declarações do senador. "Portanto, o presidente do PMDB nega qualquer relação de proximidade com Jorge Zelada e repudia veementemente as declarações do senador Delcídio do Amaral", completa o texto.
Prisão
Delcídio foi preso pela PF na última quarta-feira (25). Segundo as investigações, ele estava atrapalhando as investigações da Lava Jato.
Nas gravações telefônicas que embasaram o pedido de prisão feito pela PGR, Delcídio oferece para o filho de Cerveró, além da fuga para a Espanha, uma mesada de R$ 50 mil para o ex-diretor não citar o parlamentar em delação premiada. A gravação foi feita pelo filho de Cerveró, Bernardo Cerveró.
Para a polícia, Delcídio confirmou que é a voz dele que está na gravação. Ele alegou, no entanto, ser inocente e negou que tenha oferecido mesada de R$ 50 mil mensais para que Cerveró evitasse fazer acordo de delação premiada.
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