quinta-feira, 7 de junho de 2012

Após ouvir babá, delegado diz que caso Yoki está ‘praticamente encerrado’

Em conversa com o iG na manhã desta quinta-feira, diretor do DHPP conta o que ocorreu durante a madrugada com a presença de Elize no local do crime

Fábio Matos , iG São Paulo
O caso do assassinato e esquartejamento do empresário Marcos Kitano Matsunaga, ex-diretor da Yoki Alimentos, no último dia 19 de maio, em São Paulo, está praticamente solucionado. Na noite da última quarta-feira, depois de ouvir a autora confessa do crime, a bacharel em Direito Elize Kitano Matsunaga, mulher de Marcos, os investigadores do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) tomaram o depoimento de uma babás que trabalhavam no apartamento do casal.

De acordo com o diretor geral do órgão, delegado Jorge Carrasco, que falou ao iG na manhã desta quinta, a fala da funcionária não acrescentou muitas informações e apenaso confirmou o que já apontava a investigação. “O depoimento da babá não acrescentou praticamente nada. Ela não teve nenhum envolvimento com o ocorrido”, afirmou Carrasco em uma rápida conversa com a reportagem por telefone. Na última quarta, em entrevista coletiva na sede do DHPP, o delegado já havia dito que acreditava na versão de Elize de que matou e esquartejou Marcos sozinha, sem a participação ou ajuda de outra pessoa.
Segundo o depoimento da babá na última noite, ela chegou ao apartamento após Elize ter disparado o tiro à queima-roupa que atingiu o lado esquerdo da cabeça do empresário e o matou. A funcionária estava no apartamento no momento em que Elize esquartejou o marido em um dos banheiros da residência, mas disse que não ouviu nada, já que o apartamento, um triplex, é muito grande. Em princípio, nenhum vizinho ouviu o tiro, pois as janelas possuem sistema antirruído.
“Não há nenhuma novidade de ontem para hoje. A babá não tem nada a ver com o crime e a investigação está praticamente encerrada”, afirmou Carrasco ao iG.
Reprodução/Futurapress
Imagens do circuito interno mostram mulher de executivo da Yoki saindo com malas

Nesta quinta-feira, dia em que o DHPP funciona em esquema de plantão por conta do feriado de Corpus Christi, em princípio não há previsão de novos depoimentos, já que os delegados titulares não devem comparecer ao local. Mas os investigadores pretendem ainda ouvir pelo menos mais uma funcionária que trabalhava para o casal – ao todo, eram duas babás e uma empregada.
Primeira reconstituição
Ainda na noite de quarta-feira, peritos da polícia iniciaram por volta das 21h uma nova perícia, que funcionou como uma espécie de reconstituição do crime, no apartamento do casal, na zona oeste de São Paulo, com a presença de Elize. Ao todo, nove peritos participaram da ação, chefiados pelo delegado Mauro Dias, titular da equipe F-Sul do DHPP e responsável pelas investigações do caso.

Os trabalhos dos peritos varreram a madrugada e duraram cerca de sete horas, reforçando a versão de Elize de que teria atirado em Marcos, deixado o corpo em um dos quartos durante dez horas e depois o arrastado até um dos banheiros e o esquartejado. Os peritos chegaram a levar um boneco para simular o empresário na reconstituição. Também foi utilizado luminol, um reagente químico para localizar manchas de sangue no apartamento. Na primeira perícia, realizada pela polícia sem a presença de Elize, foi encontrado pouco sangue no local. Mas o delegado Carrasco, na coletiva de quarta-feira, disse o corpo de Marcos entrou em “rigidez cadavérica” após ficar dez horas em um dos quartos e, com isso, houve coagulação do sangue.
Durante a reconstituição, Elize confirmou que utilizou uma arma de calibre 380 – dada a ela, de presente, pelo próprio Marcos – para cometer o crime. Ao contrário do que chegou a ser dito anteriormente, essa arma não estava entre aquelas que foram entregues por Elize para a Guarda Civil Metropolitana (GCM), supostamente como doação para a campanha do desarmamento. A arma já foi apreendida.
Também na noite de quarta-feira, a Polícia Civil divulgou as imagens do circuito interno de segurança do apartamento do casal que mostram os últimos momentos de Marcos antes de ser assassinado. As imagens confirmam tudo o que os investigadores já haviam adiantado. O casal chega ao apartamento, com a filha de pouco mais de 1 ano e uma babá, por volta das 18h30 do dia 19 de maio – a babá é dispensada pouco depois. Marcos é visto pela última vez na noite do dia 19, descendo para pegar uma pizza. No dia seguinte, no início da manhã, uma babá chega ao apartamento. Por volta das 11h30, Elize deixa o apartamento com três malas de rodinhas e só volta 12 horas depois, sem as malas.
Crime passional
Na entrevista coletiva na sede do DHPP na última quarta-feira, o delegado Carrasco confirmou que o crime teve motivação passional - Elize descobriu que o marido havia tido um caso extraconjugal e os dois discutiram sobre o assunto momentos antes do tiro que o matou. “Não houve premeditação. (O que motivou o crime) foi mesmo a briga. Ela depôs com muita naturalidade nas declarações. Foi convincente", disse.
Segundo o diretor do DHPP, Elize utilizou uma faca de 30 centímetros para esquartejar o corpo de Marcos. De acordo com o depoimento, primeiro ela cortou nas cartilagens e tirou os membros inferiores e superiores. Depois, cortou a barriga. E, por último, a cabeça. Antes do esquartejamento, o tiro foi dado por volta das 20h do dia 19, disse Carrasco. Os policiais ainda procuram as três malas usadas para se desfazer dos pedaços do corpo do marido (levadas por Elize para a região de Cotia, com sacos plásticos contendo os pedaços) e também a faca com a qual ela esquartejou o empresário.
Elize Matsunaga, que teve a prisão temporária (válida por cinco dias) decretada na última segunda-feira, terá de ficar presa por mais tempo. Nesta quarta, foi concedida pela Justiça a prorrogação dessa prisão temporária por mais 15 dias. Elize será indiciada por homicídio qualificado (cuja pena pode variar de 12 a 30 anos), com uma série de agravantes, como ocultação de cadáver, motivo fútil e esquartejamento. Ela está detida no centro penitenciário feminino de Itapevi (SP).

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