quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Pai trabalha para dividir o Pará. Filha, para mantê-lo unido

Agenor Garcia e a filha, Júlia, estão em lados opostos no plebiscito no Pará. Os dois ilustram o que tem sido a campanha

Wilson Lima, enviado especial ao Pará
Durante a campanha do plebiscito, tanto os separatistas quanto os unionistas partiram da premissa de que o Pará é uma grande família. Para os favoráveis à criação de Carajás e Tapajós, com a separação os irmãos menores crescerão. Para as frentes unionistas, a manutenção do tamanho atual do Estado faz com que todos da família ganhem e sejam ainda mais fortes.
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Metáforas a parte, dois jornalistas vivem isso na pele: Agenor Garcia e Júlia Garcia. Ele trabalha na frente a favor da criação do Estado de Carajás e defende abertamente a divisão do Pará em três. Ela integra a frente contra a divisão do Estado e não concorda com a ideia de que é repartindo o Pará que todos serão felizes. Agenor mora em Marabá. Júlia, em Belém. Júlia é filha de Agenor.


Foto: Wilson Lima/iG Ampliar
Agenor Garcia, que trabalha na campanha separatista: "Sempre ensinei a minha filha a ter respeito pela opinião dos outros"
Agenor é paulista e mora no Pará há mais de 30 anos. Trabalhou em Belém e lá teve Júlia, nascida e criada em Belém. Júlia, hoje com 30 anos, orgulha-se de ser belenense da gema. Com o tempo, a distância separou os dois, mas o amor de pai e filha sempre foi o mesmo. Hoje, eles defendem posicionamentos contrários. Há uma ou outra tentativa de inversão de opinião (pai influenciando a filha ou filha influenciando pai). Todas em vão.
“Eu acho normal (pai e filha em locais opostos). Eu sempre tive liberdade de opinião. Nos já discutimos algumas vezes, mas nunca brigamos”, disse Júlia Garcia. “, brinca o pai. “Ela é uma grande profissional e vem fazendo um bom trabalho do lado do ‘Não’”, admite Agenor Garcia.
Os dois adotam basicamente a mesma argumentação já discutida nos programas eleitorais. Ele afirma que a separação do Estado vai trazer vários benefícios pelo aumento do Fundo de Participação dos Estados (FPE), o que terá como conseqüência a melhoria das estruturas de Tapajós e Carajás. Melhorando a estrutura de Tapajós e Carajás, haverá um possível desafogamento dos problemas urbanos de Belém, como na saúde, onde a capital paraense é responsável por boa parte dos atendimentos médicos.
Ela pontua que não é dividindo um Estado que esses problemas serão resolvidos. Na visão dela, apesar dos problemas que o Pará tem, com a união de todos e a interiorização das ações, muitos destes gargalos do Pará podem ser resolvidos.
Não se sabe ao certo em que família os marqueteiros do “Sim” e do “Não” se inspiraram para fazer as principais peças das campanhas publicitárias. Mas talvez o exemplo tenha vindo de casa.
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