Sabe-se agora, que o Pará não dispõe, por exemplo, de um Comitê de Bacia Hidrográfica, justamente o órgão ao qual incumbiria encaminhar a metodologia de cálculo e os valores da cobrança pelo uso de recursos hídricos em sua área de atuação.
Cliquem aqui. Vocês terão acesso à página do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam).
Agora, cliquem aqui. Vocês encontrarão informações sobre como como se processa a metodologia que permite ao governo mineiro cobrar pelo uso dos recursos hídricos em todo o Estado.
Há deliberações, metodologias e deliberações específicas para cada bacia hidográfica.
"As metodologias de cobrança definidas
pelos comitês mineiros apresentam diferenças em relação aos seus
critérios, normas, mecanismos e quantitativos adotados, haja vista as
particularidades de suas respectivas bacias hidrográficas. Todavia, de
uma forma geral, o valor anual a ser pago pelos usuários de recursos
hídricos é obtido por uma fórmula de cálculo composta, basicamente, por
três parcelas referentes à captação e ao consumo de água, e ao
lançamento de carga orgânica nos corpos d’água", ensina o Igam.
E por aqui?
O
Pará, cortado por algumas das maiores bacias hidrográficas do Brasil e
do planeta, não tem comitês, não tem metodologia, não tem estrutura e,
parece - o que é pior -, não tem vontade alguma de ter comitê, ter
metodologia e ter estrutura para fazer uso de um direito seu - e dos
paraenses, por extensão.
Aqui
pelo Pará, entidades representativas do setor extravasam, em português
cheio de vieses, explicações segundo as quais "a cobrança pelo uso de
recursos hídricos não deve ter natureza tributária e viés arrecadatório."
Sobre essas explicações, aliás, diz o engenheiro agrônomo e consultor ambiental Nelson Tembra, num e-mail endereçado ao advogado Ismael Moraes, comentando o artigo A compensação pelo uso das águas:
"Gostaria apenas de comentar os números de arrecadação
apresentados pelo presidente do Simineral na matéria paga nos jornais
deste último domingo, o qual, certamente está baseado nos números
irrisórios (ridículos mesmo) cobrados pelo Estado de Minas Gerais, o que
não quer dizer que o Pará também deva usar os mesmos critérios, pois,
em Minas Gerais, o valor anual da cobrança pelo uso de recursos hídricos
é calculado, para cada usuário, com base nos dados do Cadastro Nacional
de Usuários de Recursos Hídricos (CNARH) e de acordo com a metodologia
de cobrança aprovada pelo respectivo Comitê de Bacia Hidrográfica e pelo
Conselho Estadual de Recursos Hídricos (CERH-MG). Tenho certeza que,
com a sua [de Ismael Moraes] participação no Comitê a ser criado no
Pará, esses valores não serão tão ordinários e desprezíveis como os dos
mineiros, que cobram ridículos R$ 0,01 (um centavo) por cada metro
cúbico (ou 1.000 litros)."
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