quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Fotos mostram que pirotecnia na boate Kiss era comum

Portal Terra
Frequentadores que comemoravam aniversário na casa noturna ganhavam uma garrafa de espumante com um sinalizadorIntervenções com pirotecnia eram comuns dentro da Boate Kiss, onde um incêndio matou mais de 230 pessoas na madrugada do último domingo em Santa Maria (RS). Fotos de eventos na casa noturna mostram que sinalizadores eram usados por equipes de entretenimento e para homenagear frequentadores que  comemoravam aniversário no local.
Segundo o Corpo de Bombeiros, a boate não solicitou autorização para o uso de artefatos pirotécnicos. "Se tivesse havido solicitação para uso de fogos de artifício na boate Kiss, o Corpo de Bombeiros não teria autorizado. Os artefatos pirotécnicos utilizados na boate não têm amparo técnico para uso no local", informou a corporação em nota.
O estudante do curso de Sistemas de Informação da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) Guilherme Nascimento Monte, 20 anos, conta que o uso da pirotecnia era frequente na boate. Segundo ele, o artefato costumava ser preso em garrafas de bebidas alcoólicas. "Era bem comum. O pessoal que colocava lista de aniversário, se chegasse a 20 convidados, ganhava uma garrafa de espumante, e o sinalizador ia dentro. Depois, o pessoal saía caminhando com aquilo".
Frequentadores que comemoravam aniversário na casa noturna ganhavam uma garrafa de espumante com um sinalizador
Segundo Guilherme, que frequentava a casa noturna de duas a três vezes por mês, o aniversariante podia circular livremente pela boate com o artefato aceso. "Tu ficavas responsável por aqueles sinalizadores. Até quando fiquei sabendo do incêndio, pensei que tinha acontecido porque alguém havia derrubado uma dessas garrafas", diz.
"Quando eu via aquilo, eu saia de perto. Na festa de Ano-Novo, todo mundo que pedia espumante ganhava duas garrafas, ambas com sinalizador", conta ele, afirmando que amigos relataram que a prática também é comum em outras casas noturnas da cidade.
Guilherme perdeu oito amigos no incêndio da Boate Kiss. "E um deles, o Daniel Rosa, tinha um filhinho de três anos. Recém tinha se separado e saiu com um amigo de trabalho. Ele quase nunca saía", diz.
Para o estudante, os responsáveis pela tragédia estão tentando se esquivar da culpa. "Acho que está muito empurra-empurra, cada parte empurra para outra. Acho que não podiam ter usado fogos dentro da boate, acho que o dono da Kiss foi muito responsável, tem a prefeitura, dinheiro dos empresários para esconder essa questão do alvará, tem muito corrupção por trás disso."
Guilherme, no entanto, espera que a repercussão do caso aponte as causas e possíveis responsáveis pelo incêndio. "Também acredito muito em Justiça, porque está todo mundo mobilizado. Por mais que tentem esconder alguma coisa, não vão conseguir", diz.
Uso de fogos em apresentações
Uma das empresas de entretenimento que atuava na Boate Kiss com intervenções pirotécnicas comunicou nesta quarta-feira que não vai mais utilizar o artefato em suas apresentações. A Fuel Entretenimento disse que "repensou" o uso de fogos em lugares fechados. "Ainda que sempre tenha trabalhado com uma atenção especial à segurança, sentimos a necessidade de repensar as atividades realizadas", informou a empresa em nota.
"A Fuel, uma empresa nascida em Santa Maria, sente e lamenta a perda de diversos amigos, irmãos e de todos, muitos dos quais por vezes estiveram conosco, nos permitindo fazer parte de suas vidas.Apoiamos ainda às diversas empresas que estão tomando a correta atitude de por de lado estes materiais", disse a empresa no comunicado.

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