quinta-feira, 22 de março de 2012

Jornais discutem consequências do caso do matador de Toulouse na campanha eleitoral


Frame de vídeo que traz suposta imagem de Mohammed Merah, o assassino de Toulouse.
Frame de vídeo que traz suposta imagem de Mohammed Merah, o assassino de Toulouse.
REUTERS/France 2 Television/Handout

Lúcia Müzell
O cerco ao matador de Toulouse é o assunto unânime nas capas dos jornais franceses desta quinta-feira. A imprensa desvenda o perfil de Mohamed Merah, o suspeito de ter cometido sete mortes em menos de 10 dias na cidade francesa. O homem de 23 anos teria se autoradicalizado em ideologias extremistas do islamismo e se reivindica como membro da rede terrorista da Al Qaeda. Os jornais tentam antecipar as consequências que o caso terá na campanha para as eleições presidenciais francesas.

"Suposto assassino identificado, a campanha presidencial mexida", estampa o Les Echos. "Mohamed Merah, 23 anos: itinerário de um matador", ocupa toda a primeira página do Le Parisien, com uma grande foto em que o suspeito aparece sorridente. Também o Le Figaro destina toda a capa ao assunto, com a manchete "Mohamed Merah, 23 anos, terrorista islâmico, 7 mortos". Além da foto do suspeito, o jornal publica as imagens das sete vítimas do assassino, inclusive das três crianças judias. Já o Libération escolhe a manchete "Mohamed Merah, o percurso do ódio", e prefere ilustrar a capa com uma imagem do cerco policial ao imóvel onde o homem se mantém isolado.
Sob o ponto de vista eleitoral, os jornais também são unânimes a afirmar que o presidente Nicolas Sarkozy, candidato à reeleição, tenta tirar ao máximo proveito da situação e se colocar como "o guardião da República", conforme definição do Les Echos. No editorial, o diário afirma que é muito difícil para qualquer democracia afastar a ameaça terrorista, portanto neste momento de campanha eleitoral, os candidatos deveriam se concentrar em soluções para uma maior coesão nacional, a única chance de reduzir o ódio que provoca as ações extremistas.
Outra abordagem bem diferente apresenta o conservador Le Figaro. Em editorial de capa, o jornal afirma que "nenhum candidato tem o direito negar a realidade", sobre "o mal que ronda a República francesa". Atacando diretamente a esquerda por dizer que o governo Sarkozy "fantasia" sobre o extremismo, o Figaro diz que é preciso ser "intransigente" face à ameaça ao terrorismo, como defende o ministro do Interior, Claude Guéant.

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