segunda-feira, 19 de março de 2012

Faltam remédios, ambulatórios e médicos em aldeias do Pará

Comunidades indígenas sofrem com a falta de estrutura.
Sul e sudeste do Pará são as regiões mais afetadas.

Do Globo Rural
O cacique Pai Aré está preocupado, ele reza todos os dias para os índios não ficarem doentes.
A tribo Acancringategê fica no município de Marabá, no sudeste do Pará, onde moram 18 famílias. Em toda a aldeia, não há um medicamento sequer.
Há cerca de dois anos, os índios da aldeia Acancrincategê construíram uma oca de madeira e palha para funcionar como um posto de saúde, mas em todo este período, nenhuma pessoa foi tratada porque, segundo o próprio chefe da aldeia, nenhum profissional da área da saúde apareceu para trabalhar.
"Eles alegam que não tem um posto de saúde para as enfermeiras, elas teriam que ficar em uma estrutura boa, senão a Funasa poderia responder até um processo por conta da falta de estrutura da comunidade, mas se não temos como fazer essa estrutura, quem teria que fazer seria a própria Funasa, que tem recurso para isso", argumenta Ruivaldo Acancrincategê.

Na tribo dos Atikun, na região de Canaã dos Carajás, o posto de saúde funciona de forma improvisada há 10 anos em uma casa de madeira.
Os índios têm que procurar atendimento em cidades da região, a mais próxima fica a cerca de 100 quilômetros.
Na reserva dos Xikrins, em São Félix do Xingu, a água que os índios consomem é de péssima qualidade e as crianças sofrem.
O posto de saúde da aldeia foi construído há poucos meses, uma técnica de enfermagem fica de plantão. Os equipamentos são novos, os medicamentos existem, mas não ajudam muito.
Na tribo Catetê vivem aproximadamente 800 pessoas. É a maior aldeia da região sul do Pará e uma das mais estruturadas, no entanto, os índios também enfrentam graves problemas de saúde. Quase metade da população está doente, a maioria com tuberculose.
Todas as denúncias referentes às aldeias são feitas diretamente a Funai, a Fundação Nacional do Índio, e as visitas dos agentes federais são agendadas e realizadas pelo menos uma vez por semana. Em cada encontro são feitas várias reclamações, principalmente quanto à saúde.
No prédio da Funasa, a estrutura parece abandonada. Nos corredores da Fundação existem pneus, materiais de construção e caixas de isopor. No estacionamento, a quantidade de carros quebrados impressiona, mais parece um pátio de ferro velho.
A gerente responsável pela Funasa, em Marabá, Ana Luiza da Silva Rocha, não quis gravar entrevista.
O Ministério Público já foi notificado pela Funai e apresentou denúncia contra as precárias condições da saúde nas aldeias.

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