Catraca Livre
Os motoristas buzinam, gritam e gesticulam. Mas não é de
estresse, é de descontração e até alegria. Parece improvável, mas a cena
tem acontecido no trânsito de São Paulo. Os responsáveis por esse
“milagre” são os Psicólogos do Trânsito, uma trupe que, baseada nos
Doutores da Alegria, resolveu humanizar a rotina de quem dirige pelas
ruas da capital. Voluntários, eles são palhaços que fazem performances
no cruzamento das Ruas Henrique Schaumann e Teodoro Sampaio, em
Pinheiros, na zona oeste.
As pessoas não sorriem de imediato. Quando o semáforo fecha e os
palhaços começam a se posicionar na faixa de pedestre, boa parte dos
motoristas fecha as janelas. No fim da apresentação, que dura em média
um minuto, o comportamento dos condutores muda. Eles tocam a buzina,
abrem os vidros, acenam e gritam elogios.
De acordo com a trupe, desde que as apresentações começaram, em 2 de
agosto, eles nunca foram hostilizados. “Alguns são indiferentes, mas
nunca fomos maltratados”, diz Andréa Brandão, de 25 anos, a Dra.
Fofucha.
A trupe criou cinco esquetes para distrair os motoristas. No fim de
todas elas, o grupo levanta uma faixa com a frase “Um dia sem sorrir é
um dia desperdiçado”, de Charlie Chaplin.
Dos cinco integrantes do grupo, quatro são parentes. A família mora
em Taboão da Serra, na Grande São Paulo. Dois palhaços são irmãos e o
outro é sobrinho. O pai fica no apoio logístico e um amigo completa o
quadro.
Marici Capitelli – O Estado de S.Paulo
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