PMDB já negocia fim da aliança com PT no Rio, sem deixar o governo Dilma
Por Redação - de Brasília e do Rio de Janeiro
A presidenta Dilma Rousseff e seu antecessor, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, reunidos na Granja do Torto, neste sábado, começaram a desenhar o quadro de alianças para as eleições do ano que vem, nos Estados. Estiveram presentes ao encontro também o vice-presidente Michel Temer, que preside o PMDB, e o presidente do PT, Rui Falcão, cuja assessoria afirmou que os dois partidos tentam chegar a um acordo sobre as candidaturas nos governos estaduais.
Os Estados com maiores dificuldades para definir um acordo são o Rio de Janeiro e o Ceará. No Rio, o governador Sergio Cabral quer que o PT abra mão da candidatura própria, com o senador Lindbergh Farias, para apoiar o vice-governador Luiz Fernando Pezão, último colocado em recentes pesquisas de intenção de votos no Estado. Já há analistas que consideram certa a ruptura da aliança entre os partidos, no Rio. No Ceará, o senador Eunício Oliveira exige apoio do partido, mas petistas devem fechar aliança com candidato indicado pelos irmãos Gomes.
Pressão total
O PMDB não quer abrir mão de suas candidaturas majoritárias, nos Estados onde domina a política há décadas, mas o PT parece disposto a enfrentar o mau humor dos líderes aliados. Entre as primeiras definições do encontro deste sábado está o fato de que, até agora, o PT pretende apoiar apenas a tentativa de reeleição da governadora Roseana Sarney, no Maranhão. Segundo fonte próxima aos integrantes da reunião, ouvidas pelo Correio do Brasil, nesta tarde, o ponto mais dramático situa-se no Rio de Janeiro.
No Estado fluminense, o PMDB perdeu prestígio junto ao eleitorado e deixou espaço à esquerda, rapidamente ocupado pelas candidaturas de Lindbergh Farias e da deputada Jandira Feghali (PCdoB). Pesa também o fato de Dilma liderar, com tranquilidade, as pesquisas de opinião para a reeleição, no ano que vem, enquanto o governador Sergio Cabral amarga sua pior fase eleitoral.
Lula tem conseguido, até agora, adiar a saída do PT do governo fluminense, mas a tendência é que este fato ocorra nos primeiros dias do ano que vem, segundo observadores da cena política. As últimas pesquisas de opinião mostram que Pezão aparece em sétimo lugar nos mesmos patamares do ex-jogador de volei Bernardinho, do PSDB, sem qualquer experiência política.
Já o senador Lindbergh, na briga pela liderança das intenções de voto dos eleitores e com apoio cerrado na direção nacional do PT, aparece com chance de conseguir um segundo turno com entre os principais adversários: Anthony Garotinho (PR) e Marcelo Crivela (PRB). Cabral ainda nutre a esperança de ser eleito para o Senado, embora a tarefa seja mais difícil do que pareça, segundo os níveis de rejeição que apresentou nos últimos estudos quanto à opinião do eleitor.
– O que se negocia, agora, é um mínimo de estrago à aliança, em nível nacional, causado após o desembarque do PT no Rio. Mas este já é um sapo que Cabral precisará deglutir. E rápido, se quiser ainda ter uma chance de permanecer vivo no cenário político do Estado – afirmou a fonte.
Ciro ministro
No Ceará, o governador Cid Gomes e seu irmão, o ex-deputado Ciro Gomes, desembarcaram do PSB após cristalizar a dissidência com o governador e presidenciável Eduardo Campos. Dilma e Lula ganharam, com isso, uma dívida de gratidão difícil de pagar. Os Gomes querem o apoio do PT ao candidato do partido Pros. Embora não haja profundas diferenças pessoais com o peemedebista Eunício Oliveira, a legenda perdeu espaço junto ao eleitor cearense. Uma das alternativas possíveis será a presença de Ciro Gomes, novamente, em um ministério da Esplanada.
No Pará, o ex-governador Jader Barbalho tenta o apoio petista ao seu filho Helder e se transforma, agora, em importante moeda de troca no jogo pela manutenção da aliança entre os partidos. Calheiros conta, ainda, com o apoio do presidente do Senado, Renan Calheiros. O PT também tende a aceitar o convite para o palanque de Renan ao governador de Alagoas.
O ex-presidente Sarney, que mais uma vez conseguiu atrair o PT para a aliança com a filha, Roseana, admite que irá concorrer a mais um mandato pelo Amapá.
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